(At 13,44-52; Sl 97[98]; Jo 14,7-14)
4ª Semana da Páscoa.
“Jesus respondeu: ‘Há
tanto tempo estou convosco e não me conheces Filipe? Quem me viu, viu o Pai.
Como é que tu dizes:
‘Mostra-nos o Pai’?” Jo 14,9.
“A busca do ser
humano não é simplesmente por Deus. Mas pelo rosto de Deus, por sua proximidade
e presença concreta no mundo. Se Jesus fala do Pai, Abba, que significa
paizinho de ilimitada bondade, como devemos imaginá-lo? Esta é a questão que
Filipe coloca a Jesus. Jesus não faz uma catequese rudimentar nem uma teologia
sobre Deus-Pai. Apenas diz: quem me viu, viu o Pai. Aqui se trata de um
procedimento concreto de observação da prática do Jesus, de seu modo de ser e
de pensar. Se observarmos atentamente a vida de Jesus, notamos a sua
característica, certamente, mais fundamental: a pós-existência. Jesus não
existe para si, mas para os outros. Para o grande Outro, seu Pai com quem
entretém uma relação de absoluta confiança e entrega. Sente-se filho
deste Pai bondoso. Faz o que o Pai faz, trabalha na criação como Ele (Jo
5,17), ama irrestritamente e perdoa sem limites. Existe para os outros, os
pobres, as mulheres marginalizadas, os pecadores, enfim, para todos que pode
alcançar. Se Jesus é assim é porque está traduzindo para nós o que significa o
seu e o nosso Pai celeste. Deus, portanto, é uma realidade de amor, sempre
voltada para nós. Ele possui um rosto humano, o rosto de Jesus de Nazaré, filho
do Pai e nosso irmãos maior. – Senhor, continue a revelar-nos o Pai
celeste na medida em que Teu evangelho se fizer força de amor, em que Teus
seguidores se transformarem em instrumentos vivos de solidariedade, justiça,
perdão e paz. Dá-nos esta força para que possamos dizer ao fim de todos os
nossos empreendimentos: Amém” (Leonardo Boff – Graças a
Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite