(Eclo 3,19-21.30-31; Hb 12,18-19.22-24a; Lc 14,1.7-14)
1. Não é difícil perceber que a temática da
liturgia da Palavra gira em torno da humildade, da gratuidade e também do
sentimento de gratidão.
* Talvez, depois de tanta luta e esforço, podemos
nos orgulhar de ter chegado a esse momento de nossa vida. É verdade, é uma
conquista, mas nada do que temos e somos tem necessariamente a origem em nós
mesmos.
2. A humildade nos leva a reconhecer que outros
esforços estão por trás de nossas conquistas e que, em última instância, Deus é
a origem de tudo.
* O humilde reconhecimento deve nos levar à
gratidão e a capacidade de também colocarmos a serviço do outro ou das novas
gerações o que sou, o que aprendi.
3. A humildade constrói relações, acaba com o
egoísmo, com a competição e com a ostentação, palavra muito comum em nosso
tempo como sinônimo de poder. Como me vejo, a partir dessa consciência?
4. O autor da carta aos hebreus lembra a seus
leitores que houve um tempo em que as nossas relações com Deus eram
caracterizadas por fenômenos extraordinários.
* Deus era assustador. Agora, em Jesus Cristo, a
experiência é outra. Deus se tornou próximo, amigo e já não são necessárias
tantas mediações como no passado. Como é minha relação com Deus, como O vejo?
5. Essa nova compreensão de Deus aparece claramente
no agir de Jesus, mostrando a vontade de Deus a partir das realidades
cotidianas, como numa refeição, no evangelho de hoje.
* Todas as culturas têm suas regras com relação ao
colocar-se à mesa. Essa busca pelos primeiros lugares o fez recordar-se de um
ensinamento de seu povo.
6. Jesus cita um provérbio não como uma tática para
a autoafirmação, mas para que seus discípulos se recordem que essa busca pelos
primeiros lugares é uma doença que pode destruir a convivência ou a comunidade.
* Não façam propaganda de si. Deixe que Deus mesmo
reconheça sua importância. Jesus voltará outras vezes a esse assunto mostrando
que o real valor do indivíduo está na sua capacidade de servir, isso o faz
importante.
7. O que segue como sugestão de Jesus para quem o
fariseu deve convidar, não pode ser tomada ao pé da letra, pois três, da
categoria citadas eram justamente dos que estavam excluídos da vida religiosa,
do culto.
* O recado se dirige a comunidade cristã, que deve
ter como princípio trazer para o seu meio, sua convivência, os que foram
excluídos do banquete. Aqueles que de alguma forma se perderam no trajeto.
8. Algo que as comunidades cristãs sempre tiveram
dificuldade de compreender. Que o papa Francisco retoma como tema de reflexão;
que o nosso falecido Pe. Enaldo tomava ao pé da letra.
* Esses que não podem agradecer materialmente, mas
reconhecem no sorriso ou numa prece os que o ajudaram. Que nos livram de uma
caridade ou gentileza calculada.
* Quanto menos a mão esquerda souber o que faz a
direita, mais pareceremos com Jesus em sua forma de amar e consequentemente
seremos reconhecidos como filhos do Pai que está no céu.
Pe. João Bosco Vieira Leite