Sábado, 22 de novembro de 2025

(1Mc 6,1-13; Sl 9A[9]; Lc 20,27-40) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” Lc 20,38.

“A afirmação de Jesus, de que Deus é um Deus vivo e dos vivos, enche de júbilo nosso coração: ‘Não é Deus dos mortos, mas dos vivos, porque todos vivem para ele” (v. 38). A morte não atinge Deus, nem os filhos de Deus; os que estão mortos estão mortos para o mundo, que não pode transpor as barreiras da realidade transcendente; mas para Deus não existem nem a morte nem os mortos; somente são mortos aqueles que não gozam da vida da graça, ou da glória; a esses sim, ele condena à morte e uma morte eterna e irreversível. Porque existe a ressurreição dos mortos, foi possível a ressurreição de Jesus, sem a qual, como adverte o apóstolo Paulo, é vã e inútil a nossa fé. E porque Jesus ressuscitou dentre os mortos de uma maneira radicalmente nova, os mortos ressuscitarão também com um novo tipo de vida completa e definitiva” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 21 de novembro de 2025

(Zc 2,14-17; Sl Lc 1; Mt 12,46-50) Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria.

“Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho habitar no meio de ti, diz o Senhor” Zc 2,14.

“Com toda a existência de Maria, a partir da encarnação do Verbo, é iluminada por esse acontecimento (pensemos na Assunção), assim tudo o que em sua vida procedeu a encarnação foi em vista do cumprimento desse mistério (pensemos na Imaculada Conceição). A bem-aventurança da escuta, de fato, não se improvisa! A ela preparar-se ao longo do tempo, dia após dia. Devemos, pois, pensar que Maria tenha sido educada e educou-se, na sua infância e adolescência, segundo as tradições de Israel, ou seja, com o olhar e o coração fixos no lugar da presença de Deus, o templo precisamente. À consagração de Deus a Israel, pelo dom da sua Palavra-presença, deve corresponder a consagração, a doação de Israel a Deus, segundo o espírito e a vida da Aliança. E o templo, na sua acepção simbólica mais pura, é chamado a significar justamente este mútuo encontro nupcial. Eis por que em Jerusalém Israel saboreia a alegria de ser o povo consagrado ‘pelo’ e ‘ao’ Senhor e por que, após a tristeza do exílio, é em Sião (a rocha na qual se erguia o templo) que novamente explode o anúncio: ‘Alegra-te, exulta, Filha de Sião, porque eis que eu venho habitar no teu meio – oráculo do Senhor’ (cf. primeira leitura: Zc 2,14-17)” (Corrado Maggioni – Maria na Igreja em Oração – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 20 de novembro de 2025

(1Mc 2,15-29; Sl 49[50]; Lc 19,41-44) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!

Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos” Lc 19,42.

“Este breve trecho encerra dois momentos que parecem em contraste entre si: o choro de Jesus ao avistar Jerusalém, no final de uma longa viagem em direção à cidade (vv. 41-42); e, a dura sentença do Mestre sobre a ruína da cidade, que não soube reconhecer o tempo em que foi ‘visitada’ (vv. 43-44). É uma das páginas evangélicas em que aparece mais claramente a profunda humanidade de Jesus que, como qualquer pessoa, Se comove e chora diante de fatos que provocam sofrimento. [Compreender a Palavra:] O pranto de Jesus sobre a cidade é prelúdio do Seu anúncio profético. Jerusalém, etimologicamente ‘cidade de paz’, não compreendeu aquilo que lhe podia dar a paz (cf. v. 42), não soube reconhecer o dom que lhe será oferecido, mas soube reconhecer o tempo no qual fora ‘visitada’ (v. 44). Daqui a predição ameaçadora, introduzida pela linguagem própria do gênero profético e apocalíptico: ‘Dias virão’ (v. 43). Uma ruína total atingirá Jerusalém, na figura de uma mãe que tem por filhos os seus habitantes, nela não ficará pedra sobre pedra. A formulação bíblica da ‘visita’ evoca a vinda do Senhor, o tempo no qual JHWH se manifestou na terra de Jesus e viveu a hostilidade do seu povo. Falando do assédio que se abaterá sobre Jerusalém, Lucas parece aludir, retrospectivamente, a um acontecimento histórico: a destruição de Jerusalém acontecida no ano de 70 d. C., às mãos dos Romanos. Na tradição cristã primitiva, de fato, a ruína da cidade era interpretada como consequência da intervenção punitiva de Deus pela rejeição de Jesus por parte dos habitantes de Jerusalém” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 19 de novembro de 2025

(2Mc 7,1.20-31; Sl 16[17]; Lc 19,11-28) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata a cada um e disse:

‘Procurai negociar até que eu volte’” Lc 19,13.

“A parábola das minas é a mesma que a dos talentos, de São Mateus; a mina era uma unidade monetária grega; o talento era, precisamente, moeda hebraica; São Mateus emprega a moeda típica do Oriente: o denário. Com esta parábola, Jesus quer ensinar-nos que o tempo de sua ausência, até que volte na parusia, não é tempo de descanso ou de inatividade, mas é tempo de trabalho e de atividade no sentido de construir o Reino de Deus. O Senhor dota seus discípulos com tipos diferentes de qualidades e de talentos; coloca-os neles, para que se entreguem a um trabalho eficiente e duradouro, evitando o mal e praticando o bem em tudo. Os discípulos do Senhor, que utilizem os talentos recebidos e se dediquem à realização de boas obras, serão premiados pelo Senhor, cada um segundo seu trabalho; porém, os que não tenham empregado seu tempo e suas qualidades para o bem serão inexoravelmente castigados. A parábola toda tem sentido escatológico universal; há nela três ideias básicas:  Jesus deve partir por período indeterminado; entretanto, os discípulos ficam em estado de provação, de trabalho e de merecimento; Jesus vai voltar, para fazer justiça; a cada um se dará segundo os seus méritos” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 18 de novembro de 2025

(2Mc 6,18-31; Sl 03; Lc 19,1-10) 33ª Semana do Tempo Comum.   

“Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: ‘Zaqueu, desce depressa!

Hoje eu devo ficar na tua casa’” Lc 19,5.

“O encontro de Zaqueu com Jesus mostra como a conversão acontece em etapas. De certo modo, esta revela como a salvação acontece na vida de quem se torna discípulo do Reino. O primeiro passo consiste no desejo de ver Jesus. No caso de Zaqueu, o Evangelho não esclarece os motivos deste anseio. Sabemos, apenas, ter sido tão forte que nada deteve o homem até vê-lo realizado. O segundo passo exige a superação de todos os obstáculos. Para Zaqueu, um empecilho era sua baixa estatura. O problema foi resolvido: subiu numa árvore. O terceiro passo comporta deixar-se amar por Jesus, sem restrições nem desconfiança, abrindo-lhe as portas do coração. Zaqueu desceu depressa da árvore, para receber Jesus em sua casa, com alegria. O quarto passo é uma mudança radical de vida. Radical significa deixar de lado os esquemas e mentalidade antigos, para adequar-se às exigências do Reino. Isto não se faz com palavras e boas intenções, mas com gestos concretos. Zaqueu dispôs-se a dar metade de seus bens aos pobres e ressarcir, quatro vezes mais, aquilo que havia roubado. Desta forma, ele provou que, realmente, a salvação tinha entrado em sua casa. – Espírito que gera conversão, toca o meu coração, abrindo-o para acolher a salvação e manifestá-la com gestos concretos de amor” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas). 

Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 17 de novembro de 2025

(1Mc 1,10-15.41-43.54-57.62-64; Sl 118[119]; Lc 18,35-43) 33ª Semana do Tempo Comum.

“Uma cólera terrível se abateu sobre Israel” 1Mc 1,64.

“O texto descreve nitidamente a difusão do helenismo em Israel. A referência cronológica do versículo 10 indica o contexto histórico dos acontecimentos: em 137 (ano do calendário selêucida, correspondente a 175 a.C.) sobe ao trono, como rei dos Selêucidas, Antíoco IV Epifânio. Também os hebreus são seus súditos. Na perspectiva do Livro, a nomeação do rei coincide com a introdução em Israel de instituições, usos e cultos pagãos e, por conseguinte, com o abandono da religião dos antepassados por parte de muitos hebreus. [Compreender a Palavra:] Desde o princípio, Antíoco IV Epifânio é considerado o principal responsável pela ruína de Israel. É o ‘descendente perverso’ (v. 10), aquele que permite a introdução em Jerusalém de instituições gregas como o ‘gymnasion’ (espécie de escola onde se procedia à educação física e intelectual dos rapazes) e, através de um decreto, ordenou a todos os povos a ele submetidos que abandonassem a suas leis: para os hebreus, isto significou voltar as costas à Torá, a Lei de Deus. Além disso, fez erigir um ídolo sobre o altar do Templo de Jerusalém. Ao lado do rei aparecem, na página bíblica, duas categorias diversas de hebreus. Por um lado ‘homens’ ímpios (v. 11), julgados responsáveis por terem desejado romper com o isolamento social e político dos hebreus, tendo por parte do povo, a ruptura da santa Aliança e a apostasia. Por outro lado, os hebreus que pagaram com a morte a fidelidade à Aliança. No texto, o encontro entre judaísmo e helenismo torna-se uma oposição aberta, um conflito religioso” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite


33º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Ml 3,19-20; Sl 97[98]; 2Ts 3,7-12; Lc 21,5-19) *  

1. Caminhando para o final de mais um ciclo litúrgico, o Evangelho sempre traz algum discurso sobre o fim do mundo. Dentro dessa linha de reflexão, a 2ª leitura nos comunica um fato sobre a comunidade de Tessalônica. Alguns, tiravam do discurso de Jesus uma conclusão errada.

2. Consideravam inútil preocupar-se, trabalhar ou mesmo produzir, pois tudo estava por passar ou terminar; melhor viver dia após dia, sem assumir compromissos longos, quem sabe recorrer ao mínimo para sobreviver. É a esta classe de gente que Paulo escreve e daqui encaminhamos nossa reflexão.

3. Paulo inicia a sua exortação a partir do seu próprio exemplo, pois sempre trabalhou para seu próprio sustento, era fabricante de tendas, e com seu trabalho pôde ajudar outras pessoas necessitadas. Era uma novidade o seu estilo de vida para uma época que desprezava o trabalho manual (algo de escravos).

4. Mas Paulo traz consigo uma cultura bíblica, de um Deus que trabalha, descansa e estabelece assim a lei do trabalho, não como castigo, mas parte da natureza original do ser humano. O próprio Jesus dedicou parte de sua vida entre nós ao trabalho manual e depois ao trabalho que o próprio Deus lhe confiou.

5. Assim compreendemos que o trabalho de um modo geral e em seus aspectos particulares, não compreende só a sobrevivência do indivíduo ou mesmo a sustentação de um lar; ele vale como participação à obra criadora e redentora de Deus e como serviço aos irmãos. Nossas obras nos acompanham, quer as tenhamos feitas bem ou mal...

6. Uma vida de trabalho honesto e consciente é um bem precioso diante de Deus e dos demais. É o que confere a cada pessoa a sua dignidade. Não importa tanto em que área atua, o quanto ou como o faz. Isto restabelece uma certa paridade, aquém de todas as diferenças, muitas vezes injustas e escandalosas de categorias e remunerações.

7. Há outros aspectos que envolvem o trabalho: cansaço, esforço, conflitos, que nos ligam ao aspecto negativo e de castigo mencionado no Gênesis, consequência do pecado. Não só do pecado de Adão, mas o pecado em todas as suas formas, que deriva de uma única raiz: o egoísmo.

8. Dentre essas realidades negativas do trabalho, está a falta de trabalho, o desemprego, com todos os dramas que esse comporta. Ao avanço das tecnologias, novos desafios se apresentam, mesmo diminuindo o cansaço humano, novas realidades vão criando um problema enorme, cuja solução não vem na mesma velocidade.

9. Essa realidade diz respeito a todos e nos desafia na responsabilidade e solidariedade em apoiar reformas que diminuam o impacto das mudanças. Por outro lado, temos o excesso de trabalho por parte de alguns, que o transforma numa espécie de ídolo. Que ocupa todos os dias e espaços e que tem como objetivo único o dinheiro.

10. Há quem agindo assim subtraia a outros um espaço no mundo do trabalho. É do trabalho que deve depender a nossa vida e não de um golpe de sorte lotérico. Ainda que em sua maioria seja legítima forma de jogo, um modo de cultivar sonhos e emoções, essa pode tirar o esforço do trabalho legítimo e arruinar famílias, tornando-se uma obsessão ou vício.

11. Aqui na Eucaristia, o momento de máxima exaltação do trabalho é quando o sacerdote apresenta a Deus o pão e o vinho, chamados de “fruto da terra e do trabalho humano”. E assim oferecemos a Deus todas as formas de trabalho humano; não só do agricultor, mas também da dona de casa que prepara o alimento cotidiano, daquele que está na cadeia de montagem, num escritório, numa mesa de trabalho ou na estrada. Ou em home-office.

12. Cristo assume este nosso trabalho, o associa à oferta redentora e nos restitui pouco depois, na comunhão, transformado em “alimento da vida eterna”. Concluo com uma oração da nossa Liturgia das Horas: “Ó Deus que atribui a cada um o seu trabalho e a justa recompensa, abençoa o nosso trabalho cotidiano e faz com que sirva ao teu desígnio de salvação”. Amém.

* Com base em texto de Raniero Cantalamessa

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 15 de novembro de 2025

(Sb 18,14-16; 19,6-9; Sl 104[105]; Lc 18,1-8) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier,

será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Lc 18,8.

“Depois dos versículos introdutórios, que explicita o tom parenético da perícope, Lucas introduz uma parábola de Jesus. São três as personagens: um juiz, homem conotado negativamente como alguém que não tem escrúpulo nem para com Deus, nem para com o próximo; uma viúva, que reclama insistentemente justiça; Jesus, cujas parábolas oferecem interpretação escatológica da parábola, aplicada à situação da comunidade cristã. [Compreender a Palavra:] A atitude do juiz indica, quer a falta de fé, quer a ignorância da justiça social; a viúva representa, pelo contrário, a pessoa débil e indefesa. Durante muito tempo, sublinha o texto, o juiz não atende o pedido da viúva, depois atende-a para que, assim diz ele para consigo, ela não venha mais a importuná-lo (v. 5). Este comportamento é denunciado por Jesus como próprio de um ‘juiz iníquo’ (v. 6), que não respeita nem a Deus nem a justiça. As palavras do Senhor terminam com duas perguntas (v. 8), que conferem à parábola uma perspectiva de caráter escatológico: a primeira, com um raciocínio ‘a fortiriori’, sublinha a rapidez da justiça divina; a segunda, propõe uma interrogação que fica sem resposta (‘O Filho do Homem, quando voltar, encontrará fé sobre a terra?’ v. 8), mas que liga o regresso de Jesus ao tema da fé, e ainda ao versículo de abertura sobre a necessidade de oração” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite 

Sexta, 14 de novembro de 2025

(Sb 13,1-9; Sl 18A[19]; Lc 17,26-37) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Eles comiam, bebiam, casavam-se e se davam em casamento até o dia em que Noé entrou na arca.

Então chegou o dilúvio e fez morrer todos eles” Lc 17,27.

“Não se identificam a vida do mundo e a vida do Reino. O homem do mundo afana-se pelas coisas deste mundo, pelos bens materiais, gozos e prazeres, pela prosperidade; em seus cálculos, somente entra aquilo que pode servir de algum progresso no aspecto material ou temporal; o homem do mundo não se preocupa com a salvação, nem com o que possa levar à salvação, isto é, o homem do mundo tem um conceito muito material e muito temporal da salvação, que se reduz mais uma simples libertação no aspecto social. No entanto, o homem do Reino, sem descuidar-se do aspecto material, porque o homem é também corpo e é também mundo, coloca seus valores principais no espiritual, sem o qual o material não teria sentido, nem valor. A noção de salvação, para o cristão, é fundamental para todos os seus critérios e valores; nada existe nesse mundo que possa equiparar-se em importância e transcendência à realidade salvífica. Nenhuma coisa material e temporal pode equiparar-se à atração que, na vida do homem e na vida do além, tem realidade salvífica. Para isso veio o Salvador ao mundo, para isso se fez homem como nós, para salvar-nos a todos; é uma das afirmações mais repetidas na Sagrada Bíblia: ‘Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos’ (At 4,12). ‘Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro’ (1Timóteo 1,15). ‘Deus (...) deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade’ (1Timóteo 2,3-4). Porém, é indubitável que o homem será julgado por suas obras e que ninguém poderá escapar ao juízo sobre a conduta de sua vida. Você é livre; Deus o/a fez assim, mas o fez livre para salvá-lo(a) ou para condená-lo(a); mas a escolha depende de você, porque já lhe recordei no que diz respeito a Deus: ‘Deus deseja que todos os homens se salvem’ (1Timóteo 2,4)” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 


Quinta, 13 de novembro de 2025

(Sb 7,22—8,1; Sl 118[119]; Lc 17,20-25) 32ª Semana do Tempo Comum.

“... os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu:

‘O Reino de Deus não vem ostensivamente’” Lc 17,20.

“No tempo de Jesus, eram fortes as expectativas do fim do mundo e da manifestação de Deus na história humana. A dominação estrangeira já se tornara insuportável. A falta de liberdade, certas atitudes abusivas das autoridades romanas, e o cansaço pela espera do fim geravam uma febre escatológica. Acabava-se por ver o Messias, em toda parte. Certos grupos, de caráter apocalíptico, iam além. Chegavam a estabelecer calendários, calcular datas, determinar sinais indicativos da consumação dos tempos. É possível que suas descrições aterradoras de guerras, fome e pestes acabassem por gerar um clima de terror no coração das pessoas. Os fariseus, por sua vez, pregavam o caminho da estrita observância da Lei e a penitência como a forma de melhor preparar-se para a chegada do Messias. Os essênios segregaram-se no deserto, às margens do Mar Morto, formando uma comunidade continuamente voltada para as purificações rituais, à espera do Messias vindouro. Jesus procurou libertar os discípulos deste escatologismo inútil. Em primeiro lugar, porque o Reino de Deus já estava presente na história humana, na ação do Filho de Deus. Em tudo quanto fazia ou pregava, era o próprio Deus interpelando a humanidade. Em segundo lugar, porque, por ocasião da segunda vinda do Messias, todos haveriam de dar-se conta de sua chegada. Por seguinte, qualquer preocupação a este respeito seria desnecessária. – Espírito de serenidade, diante da expectativa do Senhor que vem, mantém-me sereno, empenhado em viver o amor (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 


Quarta, 12 de novembro de 2025

(Sb 6,1-11; Sl 81[82]; Lc 17,11-19) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro.

Pararam a distância e gritaram: ‘Jesus, mestre, tem compaixão de nós!’” Lc 17,12-13.

“No relato desse evangelho, assinalam-se as disposições que nos exige a oração, para que possamos conseguir o que pedimos: compunção, perseverança, gratidão: Compunção, ou dor pelo pecado cometido; mal pode alguém colocar-se em atitude de oração, se precisamente não se arrepender de ter ofendido e desgostado ao Senhor diante do qual se apresenta agora para pedir-lhe seus favores; perseverança, pois não basta pedir uma ou várias vezes; é preciso insistir na oração; a perseverança na oração é argumento claro que nos convence de que estamos sempre dependente de Deus; gratidão, já que a gratidão é a chave que abre o coração de Deus e o inclina à concessão de novas graças e favores. Saem-lhe ao encontro dez leprosos; os leprosos eram legalmente impuros e por isso excluídos do convívio com os outros homens. Tinham de viver afastado dos povoados, comumente às portas das cidades e fora das aldeias, em gruta, ou vivendas próprias dispostas no campo, ou nas encostas dos montes; tinham a obrigação de andar com as vestes rasgadas no peito para que a doença pudesse ser notada; se alguém se aproximava deles, deveriam clamar em voz alta, que eram impuros, para denunciarem-se como tais. Aquele grito angustioso, mas ao mesmo tempo confiante: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós’ (v. 13), deve ser repetido constantemente por você, nas variadas circunstâncias: nos momentos de tentação, ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de mim’; nas horas de tristeza e abatimento, ‘Jesus Mestre, tem compaixão de mim’; nos dias de solidão e incompreensão, ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de mim’; quando a dor aflige seu corpo ou remoer seu espírito, ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de mim’; e quando vir que já se aproxima seu fim, a melhor preparação será repetir do íntimo de seu coração e com maior frequência possível: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de mim’” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 


Terça, 11 de novembro de 2025

(Sb 2,23—3,9; Sl 33[34]; Lc 17,7-10) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; sua saída do mundo foi considerada uma desgraça,

e sua partida do meio de nós, uma destruição; mas eles estão em paz” Sb 3,2-3

“O texto deve situar-se no contexto precedente de Sb 2,1-12, onde o autor do livro refere o lamento dos ímpios sobre a tristeza e a brevidade da vida. Eles estão convencidos de que a morte representa o fim de tudo, que não existe uma vida no além e, portanto, é necessário gozar apenas os bens presentes. O sábio responde a estas afirmações e contrapõe a atitude dos justos à dos ímpios. [Compreender a Palavra:] Os ímpios e os justos correspondem a duas categorias diferentes de hebreus: os ímpios representam aqueles habitantes de Alexandria do Egito, lugar onde se presume que o livro tenha sido escrito, que em nome da cultura grega tinham abandonado a fé de seus pais; os justos são os que permanecem fiéis à tradição da Torá. Depois do discurso dos ímpios, o autor intervém para observar como os ímpios não possuem nem conheceram os ‘mistérios’ de Deus (Cf. Sb 2,22), nem compreenderam os seus desígnios. Excluindo a possibilidade de uma vida depois da morte, eles continuaram a obra do Demónio e agora sofrem uma experiência dolorosa. Pelo contrário, as almas dos justos estão ‘na mão de Deus’ (3,1). De fato, Deus criou-os para a ‘incorruptibilidade’. Na vida foram submetidos a provas difíceis, mas têm uma esperança ‘cheia de imortalidade’ (3,4): no dia do seu juízo receberão esplendor, glória e compreensão da verdade” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 


Segunda, 10 de novembro de 2025

(Sb 1,1-7; Sl 138[139]; Lc 17,1-6) 32ª Semana do Tempo Comum.

“Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’,

tu deves perdoá-lo’” Lc 17,4.

“A comunidade cristã não é feita de pessoas santas ou incapazes de pecar. Pelo contrário, comporta, entre seus membros, gente afetada pelo egoísmo e sempre disposta a romper os laços fraternos, que mantém a unidade entre os cristãos. Uma comunidade esfacelada é o pior contra testemunho do reino que possa existir. É uma declaração tácita de que o amor é impraticável, e a força do egoísmo, inexorável. Daí a exigência de o cristão se predispor, continuamente, a refazer os laços rompidos. Capitular seria um gesto anticristão, incompatível com as exigências do Reino. A reconstrução da comunidade cindida pela inimizade processa-se num duplo movimento: o reconhecimento do pecado, por parte de quem ofende o irmão, e a oferta de perdão, por parte de quem ofendido. É uma questão de boa vontade e de se deixar mover pela graça. Quem peca, deve ter consciência de suas faltas e das consequências negativas para a comunidade. O passo seguinte consiste em ser capaz de declarar-se arrependido e pedir perdão. É preciso ter a humildade de refazer este mesmo caminho, quantas vezes forem necessárias. Quem foi vítima da ofensa alheia, deve estar sempre pronto a perdoar, sem conservar ressentimento ou rancor no coração. Reconhecendo que o pecado resulta da fraqueza humana, terá para com o pecador arrependido a mesma paciência de Deus. – Espírito de reconciliação, que eu tenha o coração sempre aberto tanto para pedir perdão, quanto para oferecê-lo a quem tiver ofendido (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite 


Dedicação da Basílica de Latrão

(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; 1Cor 3,9-11.16-17; Jo 2,13-22)

1. Hoje celebramos a festa da dedicação da igreja-mãe de Roma, a basílica Lateranense, dedicada inicialmente ao divino Salvador e depois a são João Batista. Essa foi erguida no século IV ao lado do palácio Laterano que, depois da paz de Constantino, tornou-se habitação do papa.

2. Ela foi a primeira catedral de Roma; nela se deram numerosos e importantes concílios ecumênicos. A dedicação da mesma assinalou a passagem da saída das assembleias cristãs das catacumbas para o esplendor das basílicas romanas.

3. A nossa atenção, porém, não se detém em seus aspectos históricos. Nessa festa, cada comunidade cristã de rito latino, expressa sua comunhão com a sede de Pedro, recordando e celebrando a dedicação da própria igreja, seja ela pequena ou grande. Ao mesmo tempo refletimos sobre a importância da igreja enquanto edifício ou espaço sagrado.

4. Os judeus, no tempo de Jesus, tinham a convicção de que Deus havia feito a sua morada no templo de Jerusalém, lá habitava a sua glória. Daí ser o único local para oferecer sacrifícios e celebrar as festas, culminando nas peregrinações obrigatórias durante o ano.

5. Mas Jesus, em seu diálogo com a samaritana, desconstrói essa visão de um lugar único de culto, lembrando que Deus é espírito e os verdadeiros adoradores o adorarão em espírito e verdade. Jesus ensina que o templo de Deus é primeiramente o coração humano que acolheu a sua palavra. O que também nos lembra Paulo na 2ª leitura.

6. Onde dois ou mais estiverem reunidos em seu nome, aí Ele está. É por isso que o Vaticano II chega a chamar a família cristã de ‘igreja doméstica’, um pequeno templo de Deus, pela graça do sacramento do matrimônio, ela se torna lugar onde dois ou mais se reúnem em seu nome.

7. Se tudo isso é verdade, porque damos tanta importância ao templo material? Por que para ele peregrinamos a cada domingo? A resposta é que Cristo não nos salva separadamente uns dos outros; ele veio para formar um povo, uma comunidade de pessoas, em comunhão com Ele e entre si.

8. A morada de Deus entre os homens, que faz referência o Apocalipse (21,3) se chama ‘Igreja’. Lugar de Sua presença entre nós. Aqui não entendida como edifício, mas um povo de redimidos, unidos a Deus pela fé e pelos sacramentos. O edifício sacro é onde se reúne essa Igreja, sinal visível dessa realidade universal e invisível.  

9. A palavra Igreja em sua origem grega tem o sentido de convocar, assim a Igreja é o lugar onde se reúnem os ‘chamados, convocados’ por Deus em Jesus Cristo. O lugar do encontro privilegiado com Deus não por sua beleza, arquitetura, mas sobretudo por ser o lugar onde ressoa a sua palavra e onde se celebra o memorial da Eucaristia.

10. São Pedro em sua 1ª Carta nos lembra que somos pedras vivas na construção desse edifício espiritual, para um sacerdócio santo, a partir do nosso batismo. É a união pela caridade que nos faz casa de Deus. Se estas pedras não se unem, não cria essa ’liga’, ninguém entraria nessa casa, diz Santo Agostinho.

11. Lembrados dessa realidade material, desse espaço onde nos reunimos, pelo seu significado espiritual, se exige da nossa parte respeito, silêncio e veneração. É um lugar ao mesmo tempo, dentro e fora do mundo. Sabermos fazer essa ‘passagem’, do que é profano ao sagrado, que nasce de nossas atitudes.

12. Quantos, no passado, encontraram a Deus simplesmente entrando numa igreja. Por isso precisamos preservar, ou restituir, às nossas igrejas o clima de silêncio, de respeito e de compostura que ela exige. O que faz Jesus santamente se enfurecer em nosso Evangelho. Permitir que a casa de Deus seja de fato um lugar de oração.

13. Temos que estar atentos para não ‘profanar’ a igreja, não banalizá-la. Toda palavra inútil dita em voz alta, como se fosse numa praça, é uma ofensa a santidade do lugar, diminui a sua capacidade de favorecer o encontro com Deus. Amém.

Pe. João Bosco Vieira Leite 


Sábado, 08 de novembro de 2025

(Rm 16,3-9.16.22-27; Sl 144[145]; Lc 16,9-15) 31ª Semana do Tempo Comum.

“Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas

também é nas grandes” Lc 167,10.

“Lucas conhece ainda outra atitude diante dos bens deste mundo: a fidelidade na sua administração (Schnackenburg, p. 220). ‘Quem é confiável em coisas pequenas, o é também nas grandes’ (Lc 16,10). A confiabilidade e a fidelidade na administração dos bens terrestres faz supor que a pessoa sabe igualmente lidar bem com os dons espirituais de Deus. O verdadeiro dom de Deus é a salvação, é o próprio Deus que em Jesus se dá aos homens. ‘E se não fostes dignos de confiança quanto àquilo que vos é alheio, quem vos dará a vossa (verdadeira) propriedade?’ (Lc 16,12). Os bens que o homem possuir não lhe pertencem. Pertencem a Deus. Aquilo que realmente nos convém, que corresponde à nossa essência, é a salvação que Deus nos dá em Jesus. Lucas enxerga bem a realidade deste mundo. Para ele, propriedade e dinheiro não são coisas do demônio. Mas ele exorta a um procedimento social. Quem possui riqueza deve vender seus haveres e dar o resultado aos pobres. As exortações de Jesus são realizadas na primeira comunidade de discípulos em Jerusalém. Lá também não se prega simplesmente a pobreza, e sim a comunhão de bens. Os dons desta terra pertencem a todos: ‘Todos os que abraçaram a fé formaram uma só comunidade e partilhavam tudo. Vendiam os seus haveres e bens e repartiam tudo entre todos, segundo as necessidades de cada um’ (At 2,44s). Na sua descrição da comunhão de bens da Igreja primitiva, Lucas combina ‘ideais grego-helenísticos com promessas veterotestamentárias judaicas’ (Ernst, p. 101). Lucas não favorece ideais românticos de pobreza; trata-se antes, para ele, da responsabilidade social da propriedade e da partilha da riqueza, a fim de que todos tenham o suficiente. Com esse ideal, realizado na Igreja primitiva, o evangelista sonha também para seu próprio tempo. É um ideal que atrai também os gregos, transpondo-se as palavras de Jesus sobre a venda de todos os haveres para a situação dos comerciantes e negociantes gregos, e mostrando a eles um caminho para a verdadeira liberdade e a plenitude da vida. É com razão, pois, que a atual teologia da libertação se apoia em Lucas. Ela traduz a mensagem lucana para o nosso tempo. Futuramente, a paz num mundo dependerá sobretudo da possibilidade de a humanidade conseguir uma justa distribuição de bens. A tradução lucana da mensagem de Jesus, portanto, é hoje sumamente atual, não apenas para a ética individual, mas também para a política das nações” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).   

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 07 de novembro de 2025

 (Rm 15,14-21; Sl 97[98]; Lc 16,1-8) 31ª Semana do Tempo Comum.

“E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” Lc 16,8.

“O cristão é filho da luz; mas nem sempre se comporta como tal, ao passo que os filhos das trevas, que são os filhos deste mundo, sempre permanecem em sua atitude mergulhados na escuridão. Você é cristão e, consequentemente, é filho da luz, daquela luz de que falava Jesus Cristo, quando afirmou: ‘Eu sou a luz do mundo’ (João 8,12). Olhe o que fazem os filhos deste mundo para conseguirem seus fins e lograr suas ambições; a que males e dissabores não se expõe um político pelos ideais do seu partido; quanta  preocupação consome o industrial para conservar e aumentar seus bens; quantas privações tem de impor-se um desportista, para conservar o estado físico, ou uma mulher para ‘conservar sua beleza’; como um marxista se consome por seu ideal e sofre perseguição em razão dessas mesmas ideias, e tantos outros exemplos que poderíamos continuar citando. Os filhos deste mundo estão sempre se preocupando com suas coisas e perseguindo suas metas. Mas, e os filhos da luz? Observa-se nelas um fenômeno difícil de explicar: quando se trata de conservar ou aumentar seus capitais ou bens materiais, os filhos da luz transformam-se em astutos, como os filhos deste mundo; porém, quando nos referimos aos bens de ordem espiritual, ou às ações apostólicas, aos empreendimentos da fé e da transmissão do querigma, perdem toda aquela astúcia, todo aquele impulso, toda aquela vivacidade e entrega pessoal. Depois surgem inconvenientes, as dúvidas e hesitações, as covardias e egoísmos que arrasam os entusiasmos e condenam à esterilidade os mais ambiciosos projetos. De maneira que se você, filho da luz, fizesse por sua vida espiritual uma quarta parte do que faz por sua vida física e social, por sua situação econômica e civil, quão diferente você seria e quão mais adiantado estaria!” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite