Segunda, 16 de dezembro de 2024

(Nm 24,2-7.15-17; Sl 24[25]; Mt 21,23-27) 3ª Semana do Advento.

“Eu o vejo, mas não agora; e o contemplo, mas não de perto. Uma estrela sai de Jacó,

e um cetro se levanta de Israel” Nm 24,17.

“Numa cidade a Leste do rio Jordão, viveu no século VIII a.C. um célebre mago, Balaão, filho de Beor. Era consultado pelos amonitas e pelos galaaditas e a sua fama era tão grande que, quando a Bíblia foi escrita, o autor sagrado introduziu-o na sua narração e atribuiu-lhe quatro oráculos nos quais é anunciado o futuro radioso de Israel. No último oráculo, o mais importante, e que a leitura de hoje transcreve, Balaão profetiza que em Israel haveria de surgir uma estrela, um astro de estirpe real. No Médio Oriente antigo a estrela indicava um deus. Qual é o personagem que o ilustre vidente preanuncia? [Compreender a Palavra:] Quando o Evangelista São Mateus narra que alguns magos do Oriente viram uma estrela que nascia e vieram a Jerusalém para adorar o rei dos judeus que nascera, não pensa em nenhum corpo celeste. Refere-se, pelo contrário, ao astro da linhagem de Jacó anunciado no Antigo Testamento: declara aos seus leitores que a estrela esperada não é senão Jesus e convida a manter o olhar fixo n’Ele para orientarem as suas vidas segundo a vontade de Deus. Balaão, o mago pagão, avistou de longe o Messias: ‘Eu vejo-o – disse ele –, mas não é agora; eu contemplo-o mas não de perto’. Conseguiu avistar a estrela de Jacó porque cultivava a disposições interiores justas, disposições que hoje são pedidas a quem quer que deseje contemplar a Estrela, Cristo. Vejamo-las. Antes de cada oráculo, Balaão apresenta-se como homem de olhos penetrantes. Era, portanto, alguém que se detinha na superfície das coisas, mas apontava para além das aparências, perscrutava em profundidade, sabia ver o coração das pessoas. Depois afirma ser aquele que ouve a palavra de Deus e conhece a sabedoria do Altíssimo. Não se deixava distrair pelo palavreado, pelas conversas e espetáculos frívolos; vivia na escuta da Palavra de Deus e em todos os momentos sintonizava os seus pensamentos com a ciência do Senhor. Finalmente, declara que cai em êxtase e os seus olhos se abrem. Uma cortina espessa – constituída pelo orgulho, pelas paixões, pelos interesses, pelos preconceitos – não nos permite ver as pessoas e os acontecimentos com os olhos de Deus. Só quando deixamos cair esse véu poderemos avistar ‘a estrela de Jacó’, Cristo, a única estrela à qual vale a pena confiar a vida” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Advento - Natal] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite