(Nm 24,2-7.15-17; Sl 24[25]; Mt 21,23-27) 3ª Semana do Advento.
“Eu o vejo, mas não agora; e o
contemplo, mas não de perto. Uma estrela sai de Jacó,
e um cetro se levanta de Israel” Nm 24,17.
“Numa
cidade a Leste do rio Jordão, viveu no século VIII a.C. um célebre mago,
Balaão, filho de Beor. Era consultado pelos amonitas e pelos galaaditas e a sua
fama era tão grande que, quando a Bíblia foi escrita, o autor sagrado
introduziu-o na sua narração e atribuiu-lhe quatro oráculos nos quais é
anunciado o futuro radioso de Israel. No último oráculo, o mais importante, e
que a leitura de hoje transcreve, Balaão profetiza que em Israel haveria de
surgir uma estrela, um astro de estirpe real. No Médio Oriente antigo a estrela
indicava um deus. Qual é o personagem que o ilustre vidente preanuncia?
[Compreender a Palavra:] Quando o Evangelista São Mateus narra que alguns magos
do Oriente viram uma estrela que nascia e vieram a Jerusalém para adorar o rei dos
judeus que nascera, não pensa em nenhum corpo celeste. Refere-se, pelo
contrário, ao astro da linhagem de Jacó anunciado no Antigo Testamento: declara
aos seus leitores que a estrela esperada não é senão Jesus e convida a manter o
olhar fixo n’Ele para orientarem as suas vidas segundo a vontade de Deus.
Balaão, o mago pagão, avistou de longe o Messias: ‘Eu vejo-o – disse ele –, mas
não é agora; eu contemplo-o mas não de perto’. Conseguiu avistar a estrela de
Jacó porque cultivava a disposições interiores justas, disposições que hoje são
pedidas a quem quer que deseje contemplar a Estrela, Cristo. Vejamo-las. Antes
de cada oráculo, Balaão apresenta-se como homem de olhos penetrantes. Era,
portanto, alguém que se detinha na superfície das coisas, mas apontava para
além das aparências, perscrutava em profundidade, sabia ver o coração das
pessoas. Depois afirma ser aquele que ouve a palavra de Deus e conhece a
sabedoria do Altíssimo. Não se deixava distrair pelo palavreado, pelas
conversas e espetáculos frívolos; vivia na escuta da Palavra de Deus e em todos
os momentos sintonizava os seus pensamentos com a ciência do Senhor.
Finalmente, declara que cai em êxtase e os seus olhos se abrem. Uma cortina
espessa – constituída pelo orgulho, pelas paixões, pelos interesses, pelos
preconceitos – não nos permite ver as pessoas e os acontecimentos com os olhos
de Deus. Só quando deixamos cair esse véu poderemos avistar ‘a estrela de
Jacó’, Cristo, a única estrela à qual vale a pena confiar a vida” (Giuseppe Casarin – Lecionário
Comentado [Advento - Natal] – Paulus).
Pe.
João Bosco Vieira Leite