4º Domingo do Advento – Ano C

(Mq 5,1-4; Sl 79[80]; Hb 10,5-10; Lc 1,39-45)*

1. Neste 4º domingo de Advento, que precede de pouco o Natal do Senhor, o Evangelho narra a visita de Maria à sua prima Isabel. Este episódio não é um simples gesto de gentileza, mas representa com grande simplicidade o encontro do Antigo Testamento com o Novo. Podemos dizer que Lucas ‘trabalha’ a sua narrativa, como quem revisita a história da salvação.

2. As duas mulheres, ambas grávidas, encarnam de fato a expectativa e o Esperado. A idosa Isabel simboliza Israel que espera o Messias, enquanto que a jovem Maria traz em si o cumprimento desta expectativa, em benefício de toda a humanidade.

3. Nas duas mulheres encontram-se e reconhecem-se antes de tudo os frutos do seio de ambas, João e Cristo. Comenta o poeta cristão Prudêncio: “O menino contido no seio senil, saúda, pelos lábios de sua mãe, o Senhor filho da Virgem”. A exultação de João no seio de Isabel é o sinal do cumprimento da expectativa: Deus está para visitar o seu povo.

4. Isabel, acolhendo Maria, reconhece que está a se realizar a Promessa de Deus à humanidade e exclama: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?”

5. A expressão “bendita entre as mulheres” refere-se no Antigo Testamento a Jael (Jz 5,24) e a Judite (Jd 13,18), duas mulheres guerreiras que se preocupam por salvar Israel. Agora, ao contrário, dirige-se a Maria, jovenzinha pacífica, mas também corajosa, que está para gerar o Salvador do mundo.

6. Assim também o salto de alegria de João evoca a dança que o rei Davi fez quando acompanhou a entrada em Jerusalém da Arca da Aliança (1Cr 15,29). A Arca, que continha as tábuas da Lei, o maná e o cetro de Aarão (cf. Hb 9,4) era o sinal da presença de Deus no meio de seu povo.

7. O nascituro João exulta de alegria diante de Maria, Arca da nova Aliança, que traz no seio Jesus, o Filho de Deus feito homem.

8. A cena da Visitação expressa também a beleza do acolhimento: onde há acolhimento recíproco e escuta, onde se dá espaço ao outro, ali estão Deus e a alegria que vem d’Ele.

9. Imitemos Maria no tempo do Natal, visitando quantos vivem em dificuldade, em particular os doentes, os presos, os idosos e as crianças. E imitemos também Isabel que acolhe o hóspede como o próprio Deus.

10. Sem o desejar nunca conheceremos o Senhor, sem o esperar não o encontraremos, sem o procurar nunca o descobriremos. Com a mesma alegria de Maria que vai apressadamente ter com Isabel, vamos também nós ao encontro do Senhor que vem.

11. Rezemos para que todos os seres humanos procurem Deus, descobrindo que é o próprio Deus que nos vem visitar primeiro. É d’Ele sempre a iniciativa. A Maria, Arca da Nova e Eterna Aliança, confiemos o nosso coração, para que o torne digno de acolher a visita de Deus no Mistério do seu Natal.    

* Com base em texto de Bento XVI 

Pe. João Bosco Viera Leite