(Sf 3,14-18; Sl Is 12; Fl 4,4-7; Lc 3,10-18) *
1.
Neste 3º domingo de Advento a liturgia nos convida à alegria do espírito, seja
no convite de Sofonias à cidade de Jerusalém e à sua população, seja nas
palavras de Paulo a nós cristãos de todos os tempos, na 2ª leitura. O próprio
Deus é representado com sentimentos análogos. É Deus mesmo que experimenta essa
alegria, nos diz Sofonias.
2.
Esta promessa realizou-se plenamente no Mistério do Natal que em breve
celebraremos, e que pede para ser renovado no ‘hoje’ da nossa vida e da nossa
história.
3.
A alegria que a liturgia desperta nos corações dos cristãos, não está reservada
só a nós; é um anúncio profético destinado à humanidade inteira, de modo
particular aos pobres, neste caso aos mais pobres de alegria!
4.
Pensemos nos nossos irmãos e irmãs que em algumas regiões do mundo vivem o
drama da guerra: que alegria podem viver? Como será o Natal deles?
5.
Pensemos em tantos doentes e pessoas sozinhas que, além de serem provadas no
físico, também o são no ânimo, porque com frequência se sentem abandonadas:
como partilhar com eles a alegria sem faltar com respeito ao seu sofrimento?
6.
Mas pensemos também especialmente nos jovens que perderam o sentido da
verdadeira alegria, e a procuram em vão onde é impossível encontrá-la: na
corrida exasperada pela autoafirmação e o sucesso, nos falsos divertimentos, no
consumismo, nos momentos de êxtase, nos paraísos artificiais da droga e de
qualquer forma de alienação.
7.
Não podemos não confrontar a liturgia de hoje e o seu ‘Alegrai-vos!’ com estas
dramáticas realidades. Como nos tempos do profeta Sofonias, é precisamente a
quem está na prova, aos ‘feridos da vida e órfãos da alegria’ que dirige de
modo privilegiado a Palavra do Senhor.
8.
O convite à alegria não é uma mensagem alienante, nem um paliativo estéril,
mas, ao contrário, é profecia de salvação, apelo a um resgate que parte da
renovação interior. Por isso a voz do Batista ressoa aos nossos ouvidos.
9.
Há uma alegria que nasce também de um esforço de corrigirmos o que em nós não
vai de acordo com a vontade de Deus, e de olharmos as realidades que nos
cercam, ainda que não possamos dar solução a tudo.
10.
Para transformar o mundo, Deus escolheu uma humilde jovem de uma aldeia da
Galileia, Maria de Nazaré. A ela o anjo comunica: alegra-te, o Senhor está
contigo! Nessas palavras encontram-se o segredo autêntico do Natal: Deus está
conosco, é Ele a fonte da verdadeira alegria.
* Inspirado em texto de Bento
XVI
Pe.
João Bosco Vieira Leite