(Nm 6,22-27; 66[67]; Gl 4,4-7; Lc 2,16-21)
1. Completando essa parte mais festiva
do tempo do Natal, voltamos nosso olhar para a Virgem Maria nesse 1º dia do
novo ano que se inicia. O título com que a invocamos nesse dia é o mais alto:
Mãe de Deus. Desde 431, no Concílio de Éfeso, trazemos esse mistério em nossos
lábios em cada Ave-maria que rezamos.
2. Paulo é muito sóbrio ao tratar dessa
realidade materna de Maria quando se refere a Jesus em nossa 2ª leitura. Mas
aqui se trata do mistério da Encarnação que não deixa de fora a figura de
Maria. Sim, a iniciativa é divina, pois parte de uma humana criatura elevada
pelas mãos de Deus a grandiosidade de Mãe do Filho de Deus, nos ultrapassando
por sua Imaculada Conceição, a cheia de graça. Toda sua grandeza vem de Deus.
3. O Evangelho também pontifica de
maneira rápida a sua atitude diante do mistério: enquanto todos estão admirados,
maravilhados, ela simplesmente guardava e meditava sobre esses fatos em seu
coração. Assim podemos compreender que existe um maravilhar-se que vem
acompanhado de canto e palavras, mas há um outro que se expressa no silêncio e
na escuta.
4. Ela vai guardando as palavras, os
fatos como algo precioso, atenta a tudo, numa atitude que percebemos se
prolongar por toda a sua vida. Assim, compreendemos que meditar, refletir é pôr
em ordem, organizar para entender. Como um poema, e uma música nascem de frases
soltas que se complementam e procuram se harmonizar.
5. Dessa atitude mariana vem a
inspiração de Paulo VI para celebrar esse dia como Dia Mundial da Paz. Esse ano
o papa volta seu pensamento para os “Migrantes e Refugiados, homens e mulheres
em busca de paz”. Muitos padecem de sua falta e particularmente esse 250
milhões de migrantes e dentre eles 22 milhões de refugiados, resultado de
guerras infidas, conflitos, genocídios.
6. O Papa nos lembra que devemos ter
esse olhar contemplativo da Virgem que intui que somos uma só família e
precisamos partilhar e incentivar políticas públicas que os alcancem. A paz é
dom de Deus, que nos olha como filhos e filhas e deseja que compreendamos a
nossa irmandade universal. Que esse admirável mundo novo em que vivemos não nos
cegue.
7. Pedimos a Ele novamente a bênção que
nos faz seguir adiante, a avançar, de acordo com texto da 1ª leitura, conhecida
como bênção de São Francisco, o santo da paz.
8. Á Virgem dirigimos uma vez mais o
nosso olhar, às vezes cansados, mas desejosos de renovada esperança. Toma a
oração de um autor português: “Mãe de Deus, Senhora da Alegria, Mãe Igual ao
Dia, Maria. A primeira página do ano é tua, Mulher do sol, das estrelas e da
lua, Rainha da Paz, Aurora da Luz, Estrela matutina, Mãe de Jesus e também
minha, Senhora de janeiro, do Dia Primeiro e do Ano inteiro. Abençoa, Mãe, os
nossos breves dias. Ensina-nos a vive-los todos como os teus, sempre sob o
olhar de Deus. [...] Acaricia-nos. Senta-nos em casa ao redor do amor, do
coração. Somos tão modernos e tão cheios de coisas estes teus filhos de hoje!
Tão cheios de coisas e tão vazios de nós mesmos e de humanidade e divindade!
Temos tudo. Mas falta-nos, se calhar, o essencial: a tua simplicidade e
alegria. Faz-nos sentir, Mãe, o calor de tua mão no nosso rosto frio,
insensível, enrugado, e faz-nos correr, com alegria, ao encontro dos pobres e
necessitados. Que seja, e pode ser, Deus o quer, e nós também podemos querer,
um Ano Bom, cheio de Paz, Pão, amor, para todos os irmãos que Deus nos deu! E
que Santa Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe nos abençoe também. Amém” D. António
Couto.
Pe. João Bosco Vieira Leite