4º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Dt 18,15-20; Sl 94[95]; 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28)

1. A liturgia da Palavra desse domingo parece não se harmonizar muito bem, com temáticas diferentes em cada texto proclamado.

2. Na primeira leitura temos a questão da ação profética instituída desde o tempo de Moisés, como uma espécie de mediação nas relações de Deus com o seu povo. Temos alguns elementos claros de sua missão e de sua responsabilidade de transmitir a mensagem divina. O texto não diz como saber se ele fala em nome de Deus ou não, talvez o evangelho possa ser a chave de compreensão de uma palavra que não só tem autoridade, mas que liberta, que faz o bem. Onde está o nosso profetismo, nós que comungamos dessa Palavra?

3. Na esteira do pensamento iniciado no domingo anterior, Paulo exalta a virgindade e o celibato numa sociedade onde estes não eram bem vistos. Ele não tenciona dizer qual a condição melhor, mas lembra que a realidade matrimonial é passageira e que aqueles que se dedicam ao serviço do Senhor têm que estar mais livres.

4. É provável que ele esteja justificando a sua opção pela vida celibatária. Mas esta nunca será um afastamento da realidade comum dos casados.

5. O mesmo Jesus que mal proclamara o advento do Reino de Deus, já começa a agir com claros indícios do que seria essa presença do Reino entre nós. Marcos, muito sucinto, não nos diz sobre que texto Jesus iniciou o seu ensinamento, nem o conteúdo do mesmo, mas salienta o modo novo com que fala ou interpreta a Palavra.

6. Essa novidade que Jesus traz consigo, desestabiliza a aparente tranquilidade daquela assembleia. Alguém, possuído por um espírito mal, sente-se incomodado. Marcos dá a entender que este já conhece a Jesus e sabe de sua autoridade. Nessa luta travada por eles, deve recuar, deixar o homem.

7. Para Marcos a ação demoníaca é tudo aquilo que desfigura o ser humano e o afasta de Deus e dos outros. Assim poderíamos identificar uma série de condições em que muitos se encontram. A Palavra forte que Jesus traz consigo e em si, é aquela capaz de desestabilizar e provocar uma saída. Se nos sentimos perturbados, incomodados com ela, algo em nós deve sair ou mudar.

8. Assim Marcos deixa claro o itinerário desenvolvido por Jesus ao longo do seu evangelho: uma luta contínua contra tudo aquilo que diminui a nossa condição filial ou que nos afasta de Deus. É comum nos admirarmos com casos de exorcismos praticados por alguns sacerdotes, mas esquecemos que a Palavra de Deus tem a força em si mesma de nos revelar o que não vai bem em nossa vida.


Pe. João Bosco Vieira Leite