Epifania do Senhor – 2018

(Is 60,1-6; Sl 71[72]; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12)

1. O nosso evangelho se abre com a chegada desses magos do Oriente a Jerusalém. Estão em busca do Menino cuja estrela serviu de sinal. Lá no livro dos Números, um outro personagem chamado Balaão, que não pertencia ao povo de Israel, também profetizou o surgimento de uma estrela, como uma força que se levanta para conduzir a Israel.

2. Esses personagens estrangeiros representam a humanidade, esse mundo plural em que vivemos, mas que ao mesmo tempo tem dentro de si a capacidade de ler os sinais de Deus. Essa estrela é o próprio Jesus, só ele pode orientar a nossa humanidade perdida no meio da confusão plural em que vivemos.

3. Adorar é o orientar toda a vida para Deus. O melhor presente que oferecemos ao Menino é a nossa adoração ‘pessoal’. Só os magos veem a estrela, porque não se trata tanto de um fenômeno científico que até hoje continuamos a pesquisar, mas de descobrir esse fio de ouro que perpassa as Escrituras e que nos coloca diante do Menino. 

4. A narrativa de Mateus mistura o presente e o futuro no simbolismo dos presentes que trazem consigo de ouro, incenso e mirra: a realeza, a divindade, o sofrimento. Da pessoa e do mistério de Jesus há muito ainda por descobrir e acolher. E quando a nós se manifestar esse significado, também faremos um outro caminho. Conhecer verdadeiramente a Jesus nos convida ao novo.

5. Como a Jerusalém da 1ª leitura, também nos veremos inundados de Luz, com a capacidade de juntar todos os pontos distintos de nossa história. Paulo partilha dessa espantosa descoberta de um Deus que quer salvar a todos. E nos oferece uma luz, em Jesus, dessa grande família que é o povo de Deus.

6. Continuamos a sonhar com um mundo sem fronteiras e sem preconceitos, capaz de unir-se em torno dessa consciência de uma só filiação.
“Os Magos entraram no mistério. Passaram dos cálculos humanos ao mistério: essa foi a sua conversão. E a nossa? Peçamos ao Senhor que nos conceda fazer o mesmo caminho de conversão vivido pelos Magos. Que nos defenda e livre das tentações que escondem a estrela. Que sintamos sempre a inquietação de nos perguntarmos onde está a estrela quando – em meio aos enganos mundanos – nós a tivermos perdido de vista. Que aprendamos a conhecer, de modo sempre novo, o mistério de Deus, que não fiquemos escandalizados pelo ‘sinal’, aquele sinal referido pelos Anjos, que aponta para ‘[...] um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura’ (Lc 2,12) e que tenhamos a humildade de pedir à Mãe, à nossa Mãe, que ela O mostre para nós. Que encontremos a coragem de nos libertar das nossas ilusões, das nossas presunções, das nossas ‘luzes’ e que busquemos essa coragem na humildade da fé e possamos encontrar a Luz, Lumen, como fizeram os santos Magos. Que possamos entrar no mistério. Assim seja”. (Papa Francisco, Homilia, 6 de janeiro de 2015).   

 Pe. João Bosco Vieira Leite