(Is 60,1-6; Sl 71[72]; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12)
1. O nosso evangelho se abre com a
chegada desses magos do Oriente a Jerusalém. Estão em busca do Menino cuja
estrela serviu de sinal. Lá no livro dos Números, um outro personagem chamado
Balaão, que não pertencia ao povo de Israel, também profetizou o surgimento de
uma estrela, como uma força que se levanta para conduzir a Israel.
2. Esses personagens estrangeiros
representam a humanidade, esse mundo plural em que vivemos, mas que ao mesmo
tempo tem dentro de si a capacidade de ler os sinais de Deus. Essa estrela é o
próprio Jesus, só ele pode orientar a nossa humanidade perdida no meio da
confusão plural em que vivemos.
3. Adorar é o orientar toda a vida para
Deus. O melhor presente que oferecemos ao Menino é a nossa adoração ‘pessoal’.
Só os magos veem a estrela, porque não se trata tanto de um fenômeno científico
que até hoje continuamos a pesquisar, mas de descobrir esse fio de ouro que
perpassa as Escrituras e que nos coloca diante do Menino.
4. A narrativa de Mateus mistura o
presente e o futuro no simbolismo dos presentes que trazem consigo de ouro,
incenso e mirra: a realeza, a divindade, o sofrimento. Da pessoa e do mistério
de Jesus há muito ainda por descobrir e acolher. E quando a nós se manifestar
esse significado, também faremos um outro caminho. Conhecer verdadeiramente a
Jesus nos convida ao novo.
5. Como a Jerusalém da 1ª leitura,
também nos veremos inundados de Luz, com a capacidade de juntar todos os pontos
distintos de nossa história. Paulo partilha dessa espantosa descoberta de um
Deus que quer salvar a todos. E nos oferece uma luz, em Jesus, dessa grande
família que é o povo de Deus.
6. Continuamos a sonhar com um mundo
sem fronteiras e sem preconceitos, capaz de unir-se em torno dessa consciência
de uma só filiação.
- “Os Magos entraram no
mistério. Passaram dos cálculos humanos ao mistério: essa foi a sua conversão.
E a nossa? Peçamos ao Senhor que nos conceda fazer o mesmo caminho de conversão
vivido pelos Magos. Que nos defenda e livre das tentações que escondem a
estrela. Que sintamos sempre a inquietação de nos perguntarmos onde está a
estrela quando – em meio aos enganos mundanos – nós a tivermos perdido de
vista. Que aprendamos a conhecer, de modo sempre novo, o mistério de Deus, que
não fiquemos escandalizados pelo ‘sinal’, aquele sinal referido pelos Anjos,
que aponta para ‘[...] um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa
manjedoura’ (Lc 2,12) e que tenhamos a humildade de pedir à Mãe, à nossa Mãe,
que ela O mostre para nós. Que encontremos a coragem de nos libertar das nossas
ilusões, das nossas presunções, das nossas ‘luzes’ e que busquemos essa coragem
na humildade da fé e possamos encontrar a Luz, Lumen, como fizeram os santos
Magos. Que possamos entrar no mistério. Assim seja”. (Papa Francisco,
Homilia, 6 de janeiro de 2015).
Pe. João Bosco Vieira Leite