2º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(1Sm 3,3b-10.19; Sl 39[40]; 1Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42)

1. Com exceção da 2ª leitura, os demais textos já foram proclamados no período do Natal. Aqui eles ilustram os dois domingos vocacionais com que abrimos o tempo comum nesse ciclo litúrgico.

2. Antes de possuir um rei, Israel era conduzido por algumas figuras carismáticas que não só transmitiam a Palavra divina, mas também ajudavam a resolver problemas entre as tribos. Assim podemos apresentar Samuel, de um modo geral, personagem da nossa 1ª leitura em seu chamado ainda menino, no Templo, onde vivia sob os cuidados do sacerdote Eli.

3. Por isso pode nos causar estranheza que este ainda não conhecesse a Deus. Na realidade a linguagem usada pelo autor fala dessa experiência particular que, dentro do religioso ou não, muda de maneira particular nossa maneira de viver a relação com Deus. De outro modo o texto nos alerta do risco de vivermos religiosamente sem uma experiência significativa da presença de Deus entre nós.

4. É noite. Tudo é silêncio, quando Deus chama Samuel. Outra indicação do texto de como necessitamos buscar essa experiência a partir da própria solidão que provocamos para ouvir a Deus, aprofundar sua Palavra. É assim que Deus nos fala. E fala de modo pessoal. Como cada chamado é pessoal e específico.

5. Por que estamos aqui e nesse momento particular de nossa história? O que Deus espera de mim? Como perceber que Ele me fala? Não são respostas fáceis de se encontrar. Partilhar o caminho, as dúvidas com o outro que faz o mesmo caminho de fé pode nos ajudar a discernir a vontade de Deus.

6. No meio de uma sociedade um tanto libertina, os habitantes de Corinto estão buscando discernir a vontade de Deus para eles. O homem é espírito e matéria e em tudo é necessário a busca do equilíbrio. Se você busca uma comunhão sincera com Deus, é preciso compreender o corpo como expressão desse todo. Para todos os tempos uma chamada de atenção: a demasiada busca de prazer na matéria impede o espírito de voos mais significativos.

7. Voltando ao discernimento do chamado de Deus, encontramos com João Batista que ajuda alguns discípulos a compreenderem quem é Jesus, Aquele a quem devem seguir a partir de agora e sempre. O cuidado que devemos ter de apresentar Jesus e não a nós mesmos no ideal cristão. No ‘Cordeiro’ se esconde uma gama de significados, mas acima de tudo a sua entrega de vida, o primeiro elemento do seguimento.

8. Nesse breve trecho vemos passar os diversos títulos com os quais buscam identificar Jesus: Mestre, Messias, mas nada substitui essa busca de estar, de permanecer com Ele. É contemplando essa cena que nos perguntaríamos sobre quem é Jesus para mim, com todo esse tempo de caminhada que venho fazendo?

9. Jesus, que até aqui, no evangelho de João, não havia pronunciado uma palavra, inaugura esse tempo novo com essa pergunta: “A quem procurais?”. Às vezes nos falta um pouco de clareza de quem é Jesus e do que de fato Ele pode nos oferecer com relação as nossas buscas pessoais...

10. Chegamos a Ele através de outros que nos conduziram os passos na fé, ao mesmo tempo Ele espera que depois de nossa experiência possamos também transmitir a outros sua pessoa. Se não for por Palavras, que seja ao menos pelo testemunho de vida, de quem procura transformar em atos aquilo que acredita.


 Pe. João Bosco Vieira Leite