4º Domingo do Advento – Ano B

(2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16; Rm 16,25-27; Lc 1,26-38)

1. Ao entardecer da sua existência, Davi sabe que tudo quanto foi conquistado de bom em seu reinado veio acompanhado de muitas guerras... Apesar de tudo ele sabe que Deus esteve ao seu lado. Num gesto de gratidão e peso de consciência, ele resolve construir um templo para Deus.

2. Tudo parecia se conduzir aos desejos do monarca até Natã intervir com uma mensagem divina. Deus está dispensando tais homenagens e preocupação. Preferirá o reconhecimento que virá das mãos de Salomão e garante a Davi, que apesar de tudo, manterá a sua descendência.

3. Tudo isso aparece no texto num jogo de palavras até perceberemos que casa é sinônimo de dinastia. Deus nunca falha em sua palavra, apesar dos altos e baixos da história do seu povo. A esperança do Messias começa a ganhar corpo quando os grandes reinados desapareceram para dar espaço a um outro rei, com propostas novas que transcendem os reinados desse mundo.

4. É a revelação desse mistério divino que Paulo faz menção em sua carta: Deus envia o seu Filho, para a construção de um novo reinado, de uma nova humanidade reconciliada com Deus. Eis o sentido de sua gratidão.

5. Às portas da celebração do nascimento de Jesus, voltamos um pouco no tempo para imaginar como se deu essa entrada de Deus em nossa história. A intenção de Lucas é afirmar a divindade deste que vem até nós, servindo-se da normalidade da vida, e do ventre de uma mulher para se encarnar, apesar de interferir um pouco na natureza das coisas.  

6. Na narrativa de Lucas tudo ‘cheira’ à tradição bíblica, pois se serviu de várias narrativas para compor essa cena. Não nos assustemos se um dia encontrarmos com a Virgem e ela nos disser: ‘Não foi bem assim’... Lucas quer nos falar do dom que é Jesus, da sua particular missão, do modo simples como Deus age, transformando pequenos eventos em algo surpreendente. Nele se realiza todas as profecias.

7. Maria estará automaticamente envolvida com essa história nova que Deus está escrevendo, particularmente no que fez de sua pequenez, como fez a Davi, e no reconhecimento que a faz elevar-se num louvor sem fim, e acima das demais criaturas. Ela só precisará ter uma certeza, para tudo que virá pela frente: ‘o Senhor está contigo’.

8. Para todos os tempos, Deus estará conosco, pois reinados passam, apesar dos sofrimentos. Como a Maria, Deus nos propõe confiar-nos a Ele, escutar sua proposta e perceber nosso próprio papel, pequeno e humilde, mas em comunhão com o próprio Deus, o que parece insignificante esconde verdades essenciais sobre a felicidade que buscamos.


 Pe. João Bosco Vieira Leite