(Is 61,1-2a.10-11; Sl [Lc 1]; 1Ts 5,16-24; Jo 1,6-8.19-28)
1. Ainda caminhando pelas páginas do
Livro de Isaias, a liturgia nos oferece esse belo texto, recitado também por
Jesus ao se apresentar na sinagoga de Nazaré e que encontra também resquícios
no Magnificat. O texto quer inaugurar um novo tempo para aqueles que voltando
do exílio babilônico vivem uma série de dificuldades para se reencontrarem com
o país que deixaram.
2. O profeta entra nessa situação como
um sinal de esperança, cuja realização, de fato, só se dará com a vinda de
Jesus. Enquanto isso não acontece, ele entoa um cântico de louvor a Deus, um
convite a alegria pela presença amorosa de Deus que no seu tempo realizará suas
promessas.
3. De certo modo também transitamos
entre este tempo de realização e de esperança contínua. As coisas não são
exatamente como esperávamos. A existência humana ainda carece de formas mais
concretas de libertação, de justiça e de paz. Eu mesmo ainda estou nesse
processo de uma conversão já iniciada, mas nunca concluída. O profeta nos
convida a levantar a cabeça e seguir adiante.
4. Assim podemos tomar como conselho e
incentivo o que escreve Paulo na 2ª leitura com relação ao modo como devemos
aguardar a vinda definitiva de Cristo. Também nos convida a uma atitude de
gratidão, própria de quem, caminhando, conclui mais uma etapa de sua
existência.
5. A alegria que emana dos textos
anteriores parece se diluir no texto do evangelho ao trazer de volta figura do
Batista pela ótica de João. Acostumemo-nos à presença desse evangelista nesse
ano B. A alegria velada está em sua missão de testemunhar a luz que virá,
Jesus, para iluminar verdadeiramente o sentido dos passos que estamos dando em
todos os setores da vida, às vezes envoltos em trevas.
6. A alegria está na humilde atitude de
João que não permite que o confundam com aquilo que ele não é. Em nossa sociedade
de aparências no mundo real e virtual, ele é um farol. Como voz, é apenas um
instrumento da mensagem, que permanece, enquanto ela desaparece. O importante é
o que foi dito, isso permanece. Esse é grande drama e a dificuldade dos
midiáticos que tentam anunciar Jesus e vendem mais a sua pessoa do que o
‘produto’ de fato. É notável a confusão.
7. À sua voz que anuncia se acrescenta
um gesto: o batismo. A mensagem se faz acompanhar de um gesto que também fala
por si só. Para se chegar ao novo ou permitir que Ele entre em nossa vida, é
necessário um processo de passagem, de purificação que talvez leve toda uma
vida. O importante é começar, deixar-se envolver por essa dinâmica que reclama
constantemente a nossa conversão.
8. Aqueles que entraram nessa dinâmica
são convidados a serem vozes capazes de reproduzir a mensagem em meio a tantas
vozes que embaraçam o meio campo da existência, mas sempre na dinâmica do
Batista: indicando o caminho onde cada um fará a sua própria experiência
d’Aquele que disse ‘Vinde e Vede’.
Pe. João Bosco Vieira Leite