1º Domingo do Advento – Ano B

(Is 63,16-17.19; 64,1-7; Sl 79[80; 1Cor 1,3-9; Mc 13,33-37).

1. O tema da vigilância se encontra ao início e fim do ano litúrgico, fechando um ciclo e abrindo outro. O evangelho de Marcos nos acompanhará ao longo do caminho e teremos a oportunidade de nos aprofundarmos em alguns aspectos desse primeiro evangelho escrito e que serviu de base para os demais.

2. Nossa liturgia se abre com uma oração dos exilados depois da destruição de Jerusalém, uma espécie de revisão na recordação dos fatos ocorridos e de quem é Deus. Um texto propício também para nós que muitas vezes sofremos fatos inesperados e nos damos conta de quanto nos temos afastado de Deus.

3. A prece começa com os atributos divinos: pai, redentor, eterno. Para além de qualquer semelhança com figuras terrestres, só em Deus podem confiar e esperar. Há uma pequena queixa por não ter intervindo no afastamento que se acentuava. Há uma memória do que Deus é e fez. Um reconhecimento de culpa e uma atitude confiante de entrega. E por fim uma espera.

4. Apesar do entusiasmo com que inicia a sua carta, Paulo sabe que seus leitores têm vacilado nessa fidelidade ao evangelho que receberam. Paulo lhes confia aos cuidados de Deus, pois apesar das suas limitações, nessa espera em que vivem, é suficiente abrir o coração para os seus dons.

5. Tudo isso requer uma atitude de vigilância contínua, para isso aponta o evangelho de uma maneira bastante insistente. A curta parábola acentua a partida de Cristo e a vivência do seu retorno no compromisso do que nos foi confiado. Há uma pequena relação com a parábola dos talentos.

6. A vigília trás uma ideia de noite com toda força de seu simbolismo, pois quando é escuro, o esforço para enxergar é redobrado. Mas o Senhor pode vir a qualquer hora, assim a vigilância é uma atitude contínua. A figura do porteiro parece fazer uma alusão à própria Igreja no seu velar por todos que estão na casa.

7. Essa vigilância, que se estende a todos, é sempre ativa. É preciso prestar atenção ao que acontece ao nosso redor, se de fato correspondem ao projeto de Deus.

8. Também nós somos convidados a vigiar, não só porque é advento, mas porque também vivemos um momento de mudanças significativas e comprometedoras do nosso futuro. Com Maria, a Virgem que sabe ouvir, que nos acompanha nesse período, permitamo-nos alguma forma de recolhimento que nos ajude a tomar pé dos nossos passos e do mundo ao nosso redor. E como o nosso orante da 1ª leitura, reconhecemos quem é Deus, reconhecemos nossas culpas. Deixemo-nos remodelar pela sua Palavra. Para retornarmos ao começo. Lá está o impulso primeiro para avançar.


 Pe. João Bosco Vieira Leite