(Is 40,1-5.9-11; Sl 84[85]; 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8).
1. Isaias é um dos profetas do Advento,
juntamente com João Batista, que aparece no cenário do nosso evangelho. Coube a
esse profeta anunciar ao povo no exílio da Babilônia que a hora do retorno se
aproximava.
Atento às mudanças políticas ao seu
redor e usando uma linguagem que só seu povo podia entender, falando de uma
saída ainda mais gloriosa do que aquela que aconteceu no Egito.
2. É claro que a vida no exílio
acomodou a muitos e é preciso despertar esse desejo de liberdade. Na
espiritualidade desse tempo somos convidados também a perceber os apelos que o
próprio Deus nos faz. Desinstalar e avançar no caminho da fé e do mundo que nos
é proposto. São muitas as situações e paixões que nos escravizam e nos
acomodam. Nesse trânsito que fazemos entre o velho e novo ano, o advento nos
faz pensar.
3. A segunda leitura, na voz de Pedro,
retoma o assunto da vinda de Cristo, que se pensava ser imediata. Pedro faz ver
que tal demora se dá pelo fato de que o tempo de Deus é outro, e se tarda,
dá-nos mais tempo de revermos nossa resposta, já que seu desejo é salvar a
todos. Não perder a perspectiva de Sua vinda, mantendo a esperança e uma vida
sempre mais condizente com Sua proposta.
4. Estamos no início do evangelho
Marcos. A boa nova por ele proclamada inicia com a presença de João Batista
ligando-o à promessa de Isaias. A Boa notícia trazida por ele dista daquelas
promessas proclamadas por reis e imperadores, pois é o Filho de Deus que nos
vai falar.
5. Mas era preciso preparar o terreno:
eis a missão de João que através de um batismo de conversão introduzia seu povo
numa nova dinâmica. A disposição do coração apressa a vinda da salvação. Se as
pessoas estão insatisfeitas com a situação, como nós em nosso tempo, que temos
feito para modificar a situação ao nosso redor? E o que de fato muda, se eu não
mudo?
6. A discrição desse novo profeta tem a
intenção de situá-lo no campo das grandes vozes anteriores, particularmente de
Elias, com quem intencionalmente ele o compara. Seu estilo vai na contramão do
seu tempo para retomar o caminho do deserto, onde Deus forjou o seu povo. Um
convite de ontem e de sempre, para sermos críticos do estilo de vida que
adotamos.
7. A promessa do Espírito salienta um
tempo novo, que vem da ação de Deus em nós, capaz de renovar todas as coisas.
Assim, Marcos inicia o seu evangelho pensando num recomeço, do ‘início’, como
no Gênesis, onde o Espírito pairava sobre as águas.
8. Tudo inicia com a pregação do
Batista, sua apresentação de Jesus, seu Batismo. Sob o olhar de Marcos vamos
redescobrir como responder ao convite que ele nos faz. Hoje, prestemos atenção
ao caminho que estamos fazendo.
Pe. João Bosco Vieira Leite