(Ez 37,12-14; Sl 129[130]; Rm 8,8-11; Jo 11,1-45).
1. O profeta Ezequiel que nos aparece
na 1ª leitura acompanhou um dos momentos mais difíceis da história de Israel: o
Exílio. Que ele mesmo já havia advertido. Sua linguagem muda de acusador para
consolador. A experiência de Israel foi sentida como uma morte, daí a promessa
que ele dirige ao povo de renascimento.
2. Aproximando-nos da Páscoa, a imagem
soa forte, não só pela ressurreição de Cristo, mas pelo renascimento dos que
vão receber o batismo e dos que farão a experiência da misericórdia de Deus
pelo sacramento da penitência. A vida é sempre possível, permanece como última
palavra de Deus para as situações de morte que vivenciamos.
3. Paulo recorda que a vida recebida no
Batismo é segundo o Espírito de Deus. Este exige de nós não só um novo modo de
viver, mas de crer. O mesmo Espírito que ressuscitou Jesus também nos
ressuscitará, pois compartilhando de nossa vida mortal, Ele resgata nossa
frágil humanidade para uma vida mais plena.
4. Dentro desse espírito podemos ler o
episódio da reanimação de Lázaro. O autor nos faz caminhar numa espécie de
catequese sobre o mistério do próprio Jesus e nosso destino último. Portanto,
não nos deixemos levar por certos detalhes que exigiriam uma lógica maior.
Somos levados a perceber que Jesus não veio para interromper a normalidade da
existência humana, tanto que Ele próprio experimentará a morte.
5. A vida que Jesus veio nos oferecer
trata da dignidade do ser humano em sua existência comum, mas se eleva a algo
maior se reconhecemos nossa dignidade de filhos de Deus. Assim, no diálogo
travado com Marta, que crê numa ressurreição no fim do mundo, Jesus fala da
morte como passagem para o mundo de Deus, desde já, pela fé, não somente no fim
da história.
6. Jesus não entra em detalhes, mas nos
convida a reafirmar, com Marta, que Ele é o caminho, a verdade e a vida. A
pedra que separava o mundo dos vivos e dos mortos é retirada. Há lágrimas que
são caracterizadas pelo desespero de que tudo se tenha acabado; há outras que
só lamentam a ausência, pois creem que a vida segue sob uma outra forma.
7. Aos que vão receber o Batismo se
fala da vida nova e plena que receberão; aos cristãos de todos os tempos a
Igreja quer recordar sobre essa vida plena que nos espera, não permitindo que
as lágrimas da vida ofusquem o sentido último do nosso caminhar, que cada
renascimento na vida é um ensaio para a plenitude de nossa existência.
Pe. João Bosco Vieira
Leite