(Ml 3,19-20a;Sl 97[98]; 2Tm 3,7-12; Lc 21,5-19)
1. A liturgia da palavra deste domingo
se apresenta carregada de cores fortes. Para ilustrar a profecia de Jesus sobre
o templo de Jerusalém, e caminhada dos cristãos ao longo da história, nos é
oferecido esse breve texto do profeta Malaquias.
2. Lido fora do seu contexto parece
algo apocalíptico, mas na realidade é a resposta de Deus ao povo que havia
voltado do exílio e se lamentava da situação de pobreza e opressão em que se
encontravam. Parecia que Deus não se importa a com a sua sorte. Na realidade
o texto é um convite à perseverança e a não perder a confiança em Deus, próprio
da liturgia ao final não de mais um ano litúrgico.
3. Paulo também está às voltas com essa
história do fim do mundo. Na comunidade de Tessalônica começa a circular um
boato sobre a volta imediata de Cristo; Alguns resolvem então parar de
trabalhar e esperar ver o fim acontecer. Como cabeça vazia é oficina do diabo,
eles começam a gerar problemas na comunidade.
4. É dentro desse quadro que podemos
situar e entender as palavras de Paulo. Ele entende que a presença do reino se
constrói a partir do compromisso com a vida, independente de quando será o fim.
5. Quando Lucas escreveu o seu
evangelho, muitos fatos perturbadores já haviam acontecido e alguns pareciam
trazer o selo do fim do mundo e da volta do Filho do homem; Um deles,
claramente citado, foi a destruição do templo de Jerusalém. Jesus já havia
previsto tal fato. O problema é que o mundo sempre foi marcado por situações de
guerras, crises e conflitos; por bem ou por mal, a humanidade foi passando por
um processo de purificação e reaprendizado.
6. A preocupação do autor sagrado é
chamar a atenção dos seus leitores para que estejam atentos e vigilantes para
acolher a vinda do seu Senhor a qualquer hora. Certas situações comportam um
aprendizado. Essa temática serve de gonzo para o fim e o início do novo ano
litúrgico sobre o mesmo assunto, a vinda de Cristo na história e no hoje de
nossa existência.
7. Ao mesmo tempo Lucas quer chamar a
atenção da comunidade com o cuidado que devem ter com os fanáticos de plantão
ou falsos profetas, que anunciam a vinda de Cristo ‘a tortos e a direitos’. O
receio é o desperdício do precioso tempo em que se pode ocupar-se com a
vivência do Reino, na preocupação do quando será o fim desse mundo.
8. Jesus se utiliza da linguagem
apocalíptica para dizer que o tempo de espera será marcado ainda por muitos
eventos que evidenciarão essas passagens da humanidade de um período a outro. Jesus
convida a não adotar um comportamento alarmista. Em meio a todos esses eventos
o Reino continua acontecendo, mesmo em meio às dificuldades. Tanto que serão
até perseguidos por causa da fé.
9. Não desanimar, é a palavra de ordem,
mesmo que tudo pareça o contrário. É Deus que conduz o rumo dessa história.
Agindo de acordo com os princípios da fé, eles experimentarão a condução do
próprio Deus nas situações difíceis a serem enfrentadas.
10. A Palavra se volta aos cristãos de
todos os tempos, com todas as transições históricas que enfrentamos. Não
sabemos como nem quando, apenas seguimos em frente. A celebração de todos os
santos no domingo anterior nos atesta o testemunho de homens e mulheres que
vieram caminhando ao longo do tempo, respondendo de forma singular a cada
tempo. Também nós somos convidados a seguir adiante, confiando em Deus,
reconhecendo e respondendo com a vida aos seus apelos em nossa
história.
Pe. João Bosco Vieira Leite