(Gl 2,1-2.7-14; Sl 116[117]; Lc 11,1-4)
27ª Semana do Tempo Comum.
Essa unidade de Paulo com a Igreja
primitiva não foi algo muito fácil, até pela visão que o mesmo tinha do
evangelho, como vemos nesse caso dos pagãos, de quem Pedro se afasta,
aparentemente temendo ser julgado pelos outros judeus, e faz por merecer uma
censura de Paulo; não se pode deixar de perceber o modo como ser franco faz
toda a diferença numa comunidade de fé. Era preciso que a comunidade de
Jerusalém também reconhecesse a legitimidade desse trabalho junto aos mesmos,
como havia sido determinado desde o início.
Estamos de volta ao texto em que Jesus
ensina seus discípulos a rezarem, mas a pedido dos mesmos. Esse pedido traz em
si o desejo de rezar a partir dessa novidade anunciada por Jesus, que os una e
ao mesmo tempo os distinga dos outros na sua expressão da fé. “Esta oração de
Jesus, chamada popularmente de ´Pai-nosso’, sempre foi considerada pelas
primeiras gerações cristãs a oração por excelência, a única ensinada por Jesus
para alimentar a vida de seus seguidores. A maneira de orar própria de um grupo
expressa uma determinada relação com Deus e constitui uma experiência que
vincula todos os seus membros na mesma fé. Assim entendem o ‘Pai-nosso’ também
os primeiros cristãos: é seu melhor sinal de identidade como seguidores de
Jesus. Os discípulos do Batista tinham seu próprio modo de orar. Não o
conhecemos, mas, se correspondia à sua mensagem, era a oração de um grupo em
atitude penitencial diante da chegada iminente do juízo, suplicando a Deus
ver-se livres de sua ‘ira vindoura’. A oração de Jesus, pelo contrário, é uma
súplica cheia de confiança ao Pai querido, que contém dois grandes anseios
centrados em Deus e três clamores de petição centrados nas necessidades
urgentes e básicas do ser humano. Jesus expõe ao Pai os dois desejos que traz
em seu coração: ‘Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino’. Depois
profere os três pedidos: ‘Dá-nos pão’, ‘perdoa nossas dívidas’, ‘não nos
submetas à prova’” (José Antonio Pagola – Jesus – Aproximação Histórica –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite