(Hab
1,2-3; 2,2-4; Sl 94[95]; 2Tm 1,6-8.13-14; Lc 17,5-10).
1. Um momento difícil enfrentado por Israel com os
desmandos do rei Joaquim, fez com que o povo fosse até o profeta Habacuc e lhe
pedisse para saber de Deus, se ele não via tal situação. Com uma certa ousadia
ele dirige as indagações do povo a Deus. Deus responderá pedindo que tenha
paciência, que persevere, que ele agirá no tempo devido.
2. A leitura reflete também nossos questionamentos
diante das situações que vivemos. Não dá para entender a ação de Deus. A oração
nos ajuda a colocar-nos numa atitude de humildade e ao mesmo tempo de
fidelidade a Deus não nos deixando levar pelo desespero, mas saber que ele está
agindo e agirá.
3. A leitura quer nos introduzir no tema da fé
apresentado no evangelho, convidando-nos a uma escuta contínua de Deus,
conforme reza o nosso salmo.
4. Escrevendo a Timóteo, e a todos os cristãos que
tem a função de liderança, Paulo exorta ao reavivamento da fé, que como uma
chama tende a diminuir a sua força e precisa ser alimentado. Paulo é consciente
das dificuldades enfrentadas, por isso a necessidade de renovar os compromissos
e relembrar as escolhas que determinaram o nosso caminho.
5. Um outro texto um tanto difícil nos é
apresentado esse fim de semana no evangelho, pois reúne coisas diferentes numa
mesma narrativa. É possível aumentar a fé? Como se mede a mesma? A fé não é
grande nem é pequena, ou ela existe ou não existe. Mas se tratando de Jesus, a
coisa muda de figura.
6. Seus discípulos se veem diante das decisões que
devem tomar no seguimento a Ele e nesse sentido precisam de um ‘reforço’ para
continuar seguindo o Mestre e suas exigências de mudança de vida. Lucas
fala de uma árvore transplantada, diferente da montanha de Marcos e Mateus, para
enfatizar a mesma mensagem: a fé consegue realizar aquilo que aos olhos dos
homens parece impossível.
7. Ela pode ser pequena, como um grão de mostarda,
mas à medida que tomo consciência dessa força de Deus que há em mim, encontro
forças para avançar em meio a todas as situações da vida. Uma fé assim não muda
só minha relação com Deus e com o mundo, mas com as pessoas e as situações.
Talvez a questão esteja em como e onde alimentamos essa fé.
8. A estranha parábola inserida no texto de hoje,
talvez tenha o reflexo da sociedade escravagista do tempo de Jesus, mas ele se
serve dessa imagem para tirar de nossa mente uma religião baseada no
merecimento. Eu seria completamente egoísta se minha relação com Deus fosse
medida no ‘toma lá da cá’. Fiz isso, mereço isso. Deus sempre agiu na
gratuidade e espera que façamos o mesmo.
9. Não é um desprezo das boas obras praticadas ou
até da transformação da própria vida em vista do bem que tal mudança gera em mim
e nos outros. Mas perceber que a escuta da Palavra não só alimenta a minha fé,
mas ilumina o meu caminhar, de forma que meu agir é puro resultado da alegria
que encontro em caminhar com Deus.
Pe. João Bosco Vieira Leite