Terça – 29 de dezembro de 2015


(1Jo 2,3-11; Sl 95[96]; Lc 2,22-35) 
Oitava de Natal

Para João o nosso amor a Deus se traduz no conservar o seus mandamentos, mais que um conjunto de regras, o nosso referencial é Jesus, o seu modo de ser. Um proceder como Jesus particularmente no amor que devemos ter ao próximo para que todo nosso ser seja iluminado. Um programa de vida inspirado na purificação do olhar e dos desejos e julgamentos do coração.
O evangelho nos adianta hoje a festa da apresentação do Senhor, que se dará no dia 2 de fevereiro, oficialmente encerrando o ciclo natalino, mesmo já distante no tempo. É interessante perceber como Lucas vai desenvolvendo vários encontros em seu evangelho e nestes se dão alguma experiência de Deus. “Maria e José, levando o menino a Jerusalém para consagrá-lo ao Senhor, cumprem a Lei de Moisés. [...]No meio do rito prescrito acontece o surpreendente: o encontro com Simeão e Ana. [...]Lucas não apenas nos conta sobre o mistério de Jesus cantado por Simeão no seu hino. Ele nos apresenta Simeão também como exemplo. Simeão é o modelo da pessoa que, ao ver-se perto da morte, pode se lembrar da sua vida com gratidão. Sim, ao morrermos como cristãos podermos confessar: ‘Agora, Senhor, podeis deixar teu servo ir em paz, segundo a tua palavra, pois meus olhos viram atua salvação que preparaste em face de todos os povos’ (Lc 2,29s). após o hino, Lucas descreve o contraste no coração de Simeão, mas também no coração de todos nós. Jesus é para nós a paz e a luz, mas também uma espada, um sofrimento. Uma espada há de traspassar Maria. Ela participará do sofrimento de Jesus. Jesus traz a salvação, mas também julgamento. Por ele revelam-se os pensamentos humanos. Ficará visível como os homens tentam se fechar diante de Deus. Nessa tensão entre luz e sofrimento, Lucas deixa claro que ele não escreve simplesmente uma narração, e sim uma tragédia, no sentido da tragédia grega, que também ela, graças a contrastes emocionais, pretendia atingir e purificar os sentimentos humanos.” (Anselm Grun – “Jesus, modelo de ser humano” – Loyola).


Pe. João Bosco Vieira Leite