3º Domingo do Advento – Ano C


(Sf 3,14-18a; Fl 4,4-7; Lc 3,10-18)

1. A 1ª leitura e a 2ª são convites a alegria. A liturgia nos convida a alegrar-nos porque a festa do Natal já está próxima, mas a verdadeira alegria é saber que Deus caminha conosco e manifesta a sua misericórdia. Nesse sentido podemos ler o texto de Sofonias, que tem ao início do seu livro uma ameaça divina aos desmandos de Israel.
2. Não que Israel tenha mudado significativamente de atitude, mas porque o amor de Deus tem a vitória sobre o mal que se tinha instalado. Assim o texto se coloca no contexto da vinda de Cristo como um ato de amor do próprio Deus que em todas circunstâncias só deseja uma coisa: salvar o homem. Como não alegrar-se?
3. A carta aos filipenses é conhecida como um hino a alegria, tanto é o convite a alegrar-se que se espalha pela carta. O motivo é obvio: a proximidade de Deus.   O texto é dúbio, pois originalmente ele se remete à vinda última de Cristo, enquanto a liturgia se utiliza do mesmo pela proximidade do Natal e ao mesmo tempo de uma real e contínua presença ao nosso lado.
4. A alegria cristã não significa que tudo vá bem, que a saúde está perfeita, que nada nos falta, que não temos preocupações... nada disso. Paulo quer que tenhamos a certeza de que Deus caminha conosco, que não nos deixemos tomar pelo desespero, pela ansiedade ou angústia, mas aprendamos a partilhá-las com o próprio Senhor, que está perto.
5. Se a pregação de Sofonias comportava ameaças, a pregação de João Batista não era diferente, preparando a chegada do Messias. Mas ameaças em si não mudam as pessoas pela simples dinâmica do medo. São as atitudes os grandes indicadores de mudanças.
6. Para isso as pessoas buscam em João conselhos práticos para viver esse tempo de espera. O texto identifica três categorias que o buscam. Ao povo, de um modo geral, ensina que a partilha é o melhor caminho para acolher a mensagem de Jesus, e muitos o fazem de maneiras bem diversas e criativas a partir da própria realidade.
7. Os cobradores de impostos sabem bem aonde devem mudar em suas atitudes, pois sempre tiram mais que o necessário do povo. Essas categorias nunca deixaram de existir, a esperteza, a vantagem, são atitudes que não só nos afastam de Deus por explorar e enganar o outro, mas que levam um país a falência.
8. Por último aparecem os soldados, um mal necessário para manter a ordem, já que Jesus é contra toda forma de violência. Tudo indica que os maus salários os conduziam a certas atitudes ilícitas. Eles representam toda forma de abuso pela posição ocupada. João convida a rever tal atitude.
9. Todas as indicações tocam o âmago das nossas relações com Deus e com o próximo. João não fala de sacrifícios no templo ou severas penitências. O caminho da verdadeira conversão passa pelas mudanças significativas. Passado o momento dos conselhos, João retoma o tom severo de sua pregação, a qual Lucas chama de boa nova.
10. Lucas não vê castigos no que diz João, mas uma renovação pelo Espírito, na vida daqueles que verdadeiramente acolheram o Messias. A verdadeira alegria brota de um coração que sabe ter feito o que deveria fazer, criando um caminho sempre mais amplo para sua comunhão com Deus. Preparemo-nos também para acolher o Senhor.



Pe. João Bosco Vieira Leite