Quarta, 30 de dezembro de 2015


(1Jo 2,12-17; Sl 95[96]; Lc 2,36-40) 
Oitava de Natal

Na esteira dos encontros que nos trazem a liturgia desses dias, João nos lembra que encontrar o Salvador traz como primeiro dom o perdão dos pecados, aquilo que em nós é eliminado por sua misericórdia é também o que fez com que  Ele nos encontrasse: “Ó feliz culpa que nos fez merecer tão grande redentor...”, cantaremos na Páscoa celebrando a vitória de Cristo. Mas o Seu objetivo não é tanto os pecados em si, mas restabelecer nossa comunhão com o Pai, revelando quem é Deus em sua origem. Ele não é indiferente, nem um Deus dominador: ele é a origem da vida, a fonte do amor. Para ser também nosso Pai nos enviou o seu Filho. É pelo Pai que recebemos a força de superar todos os obstáculos, para que em nós a vida se transforme e nos permita vencer todo mal.

Na continuidade do evangelho de ontem, “ao lado de Simeão aparece Ana. Enquanto Simeão é descrito como homem piedoso e justo, Ana é chamada de profetisa. A  fé, como Lucas entende, nunca é representada somente pelo homem. Ao lado do homem precisa ser colocada uma mulher, para expressar um outro aspecto da aceitação de Jesus pela fé. Lucas tinha descrito o homem como justo e piedoso. O caráter da mulher, Lucas o esclarece descrevendo a história de sua vida e o que ela fazia na época. É a arte do escritor, revezando descrição com narração. Ana passara por todas as fases da vida feminina: virgindade, vida de esposa e de viúva. É uma mulher orante. Ela fica constantemente no templo. E é uma profetisa. Enxerga profundamente. Ela percebe aquilo que Deus está fazendo em Jesus. Em Jesus, a salvação que todos os piedosos israelitas ansiavam tornou-se realidade para todo o gênero humano. Todos serão libertados do seu cativeiro, libertados da sua alienação. E hão de tornar-se seres livres, assim como Deus os tinha idealizado ao criá-los” (Anselm Grun – “Jesus, modelo de ser humano” – Loyola).


Lucas conclui esses episódios da infância salientado o crescimento de Jesus em sabedoria e graça diante de Deus, apoiado em Maria e José e sua experiência de fé e de vida. Alguns elementos da vida comum com que Jesus ilustrará suas parábolas nascem daí. Rezemos hoje para que nossas famílias tenham também a estabilidade necessária, o amor e o cultivo da fé para que possam ajudar os mais jovens nesse processo de crescimento humano e divino.

Pe. João Bosco Vieira Leite