Quarta, 22 de outubro de 2025

(Rm 6,12-18; Sl 123[124]; Lc 12,39-48) 29ª Semana do Tempo Comum.

“A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!” Lc 12,48b.

“Com as primeiras palavras deste evangelho, volta-se a repetir-nos a lição dada no evangelho anterior, que se pode resumir na seguinte afirmação do divino Mestre: ‘Estais, pois, preparados, porque, à hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem’ (v. 40). A preparação que se recomenda não consiste somente na vigilância, mas no cumprimento constantes do dever; porque Jesus fala do ‘administrador fiel e prudente’, imagem nova que inculca a fidelidade mais que a vigilância no serviço. Com estas últimas palavras, o Senhor pretende chamar a atenção de todos, mas de um modo todo particular dos que, por terem recebido graças e dons espirituais, devem recordar continuamente que tudo quanto receberam não receberam para que o considerem como próprio, mas como algo que devem administrar em proveito da comunidade. A ideia dessa passagem evangélica tem muito a ver com os dirigentes da comunidade cristã, sobre os quais pesa grande responsabilidade. Os próprios representantes de Deus, que são por ele mais amados, sofrerão mais, se não corresponderem às graças que lhe são outorgadas para o cumprimento de sua missão apostólica. Por isso, Jesus acrescenta: ‘A quem muito se deu, muito se exigirá’ (v. 48). O que Deus deu a você não lhe deu como elemento decorativo de sua personalidade; deu-lhe como elemento ou ferramenta de trabalho, como fator de aperfeiçoamento, como meio para melhor exercer o apostolado. Deus colocou em suas mãos a tocha de suas qualidades e talentos, não para que os exiba nas alturas, a fim de que os outros possam admirar o pedestal que sustenta essa tocha, mas para que, caminhando sempre em frente e levando no alto a tocha, possa iluminar o caminho daqueles que vão atrás de você. Que fez você, até o presente, com essa tocha e com a luz de seus talentos? Enterrou-a sob as cinzas? Entregou-se ao repouso, admirando afrodisiacamente sua própria luz? Sua vontade permaneceu inativa, sem colocá-la a serviço da luz da fé? É muito conveniente que aplique este evangelho a você mesmo(a). Diz o Senhor: ‘A quem muito se deu, muito se exigirá’ (v. 48). O Senhor distinguiu-o(a) dentre o comum dos homens, dando-lhe a vocação para a fé, e dentre o comum dos cristãos, dando-lhe a vocação para esse ou aquele apostolado de maneira concreta. Deus realmente deu-lhe muito. Portanto, você não pode contentar-se com uma vida vulgar, com uma virtude e sem relevância; não pode levar avante uma vida cristã na qual unicamente se evita o pecado mortal, considerando o pecado venial como delicadezas reservadas. Você deve aspirar uma perfeição incomum, uma vez que as graças recebidas não foram comuns” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 21 de outubro de 2025

(Rm 5,12.15.17-21; Sl 39[40]; Lc 12,35-38) 29ª Semana do Tempo Comum.

“Porém, onde se multiplicou o pecado, aí superabundou a graça” Rm 5,20.

“Atualmente, o conceito do ‘politicamente correto’ impera. Assim, vários pressupostos são descaracterizados e repensados. Nessa perspectiva, falar sobre pecado talvez seja um problema. Muitas vezes, inclusive, são usados outros termos, tais como falhas, erros, escolhas ruins etc. porém, quando olhamos para as Escrituras Sagradas, não há como esconder a verdade sobre o pecado. É sobre essa realidade que Paulo está escrevendo aos romanos, especialmente no cap. 5, afirmando que todos pecaram e que somente por meio de Cristo somos aceitos por Deus (cf. Rm 5,12.15b.17-19.20b-21). Paulo coloca dois conceitos em oposição: o pecado, que se multiplica, e a graça, que o supera. Uma ação afetou a todos, trazendo consequências para a humanidade: Adão pecou, condenando todos os seres humanos (v. 18). De fato, o pecado é real hoje, pois todos pecam (v. 12). Portanto, não há como fingir que o pecado não existe. Ele está bem presente em nosso cotidiano, afastando-nos de Deus. Paulo ressalta a força do pecado a ponto de caracterizá-lo como um ‘amo’ que escraviza suas vítimas (v. 21). De fato, o pecado se multiplica porque reina absoluto em nossa realidade. O que fazer, então? A resposta está no mesmo versículo. Ele não apresenta somente a desgraça ocasionada pelo pecado. Outra ação também atinge a humanidade: por meio de Cristo, somos aceitos por Deus e temos nossos pecados perdoados. Paulo define essa obra de amor como uma graça que se torna abundante, pois, onde ‘aumentou o pecado, a graça de Deus aumentou muito mais’ (v. 20b). A graça, portanto, possui uma força maior e supera o pecado. Há esperança para todos na graça de Jesus Cristo que, como um favor imerecido, leva Deus a aceitar as pessoas. O mal iniciado em Adão é superado pela graça de Cristo. Aleluia! – Senhor, ajuda-nos a reconhecer e confessar nossos pecados para que possamos ser alvo de tua graça, que nos perdoa e nos reconcilia contigo. Amém (Acyr de Gerone Junior – Meditações para o dia a dia 2017 – Vozes)

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 20 de outubro de 2025

 (Rm 4,20-25; Sl Lc 1; Lc 12,13-21) 29º Semana do Tempo Comum.

“E disse-lhes: ‘Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de muitos bens’” Lc 12,15.

“Jesus deve ter percebido a mentalidade de muitas pessoas exageradamente preocupadas em adquirir e acumular bens. Se os discípulos desejassem ser fiéis ao Reino, deveriam precaver-se contra atitudes deste gênero. Daí a preocupação do Mestre em alertá-los. Tudo, na vida do rico, gira em torno do próprio eu: ‘meus celeiros’, ‘meu trigo’, ‘meus bens’. Em sua vida, não existe espaço para Deus e para o próximo. Tudo é pensado em função de sua satisfação pessoal: ‘Ó minha alma, descansa, come, bebe, regala-te, pois tens bens acumulados para muitos anos’. Solidariedade, partilha, misericórdia são palavras banidas de seu vocabulário. Sua avareza impede-o de sensibilizar-se diante das necessidades do próximo. Todavia, como não somos feitos só para esta vida, a morte confronta-nos com outra realidade: a vida eterna. Aqui, só têm valor os gestos de fraternidade, a bondade para com os excluídos e carentes, a capacidade de fazer-se próximo de quem sofre. Este é o verdadeiro tesouro a ser acumulado durante a vida terrena. Os bens materiais, quando partilhados, podem ser instrumentos para adquirir este tesouro eterno. Acumulá-los significa torna-lo infrutíferos, ou seja, inúteis. O discípulo do Reino, por ter seu coração centrado em Deus e no próximo, sabe ser generosos com quem necessita de ajuda fraterna. – Espírito de partilha fraterna, afasta para longe de mim toda avareza, porque ela me impede de manifestar meu amor ao próximo, partilhando com ele os meus bens (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite