Sexta, 26 de dezembro de 2025

(At 6,8-10; 7,54-59; Sl 30[31]; Mt 10,17-22) Santo Estevão, diácono e mártir.

“Vós sereis levados diante de governadores e reis por minha causa, para dar testemunho diante deles

e das nações” Lc 10,18.

“Jesus Cristo deseja prevenir seus apóstolos: no exercício do apostolado, nem tudo serão alegrias, nem tudo será agradável, nem todos estarão de acordo com as palavras e os testemunhos dos apóstolos. Ver-se-ão rodeados de inimigos que, por sua vez, são inimigos da palavra e do evangelho que eles pregam. Pois bem; mesmo nestas circunstâncias adversas, o apóstolo deve permanecer fiel à sua missão e ao evangelho que tem de pregar. Essa fidelidade deverá ser mantida a qualquer custo. Não podemos fazer concessões sacrificando a fidelidade à doutrina. O apóstolo é, além disso, um emissário da paz, e o será, mesmo que no exercício de seu apostolado profético deve suportar as contradições e perseguições. O martírio de Santo Estevão, que hoje a liturgia recorda, deve ser estímulo para todo apóstolo que deseje ser verdadeiramente testemunha que atesta a fé que prega, e prega o que vive, e vive o que sente. Jesus Cristo profetiza aos apóstolos as perseguições que hão de ter pela frente. A história da Igreja confirmou plenamente a veracidade das palavras de Jesus Cristo. O patrimônio do apóstolo é a perseguição, o sacrifício” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 25 de dezembro de 2025

(Is 52,7-10; Sl 97[98]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-18) Natal do Senhor.

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus” Jo 1,1.

“O prólogo é, provavelmente, o mais belo hino cristão da encarnação que conhecemos. Ele se compõe de quatro estrofes que descrevem o mistério da humanização. O Verbo se fez carne – é esse o ponto alto da declaração. Os exegetas procuram saber se a palavra grega Logos foi adotada de Fílon. Pode até ser que existam semelhanças, mas muito maior é a afinidade com a especulação sapiencial judaica. No Livro da Sabedoria descreve-se a sabedoria como se fosse uma pessoa que mora entre nós. Da mesma maneira, o Verbo quer habitar entre nós, quer montar a sua tenda entre nós. A sabedoria e o Verbo querem mostrar a maneira pela qual Deus se manifesta a nós. Ambos são vistos, por assim dizer, como pessoas próprias pelas quais o Deus longínquo se comunica, uma espécie de mediadores entre Deus e os homens. Pode ser que o pano de fundo desse hino maravilhoso seja também a gnose para qual o Logos era o mediador importante entre Deus e o homem. ‘No início era o Verbo’ (Jo 1,1). Com esse versículo, João persegue a origem de Jesus até as profundezas da divindade. Ressoa nessa afirmação o ‘no início’ do relato da criação (cf. BEUTLER, 1998, p. 34). Se no início era o Verbo, então, pode-se dizer também que toda a criação é verbal, perpassada que está pelo Verbo de Deus, e assim é inteligível também para nós. A própria criação já é revelação da glória de Deus. Nela, Deus se exprime para mostrar-nos a sua glória. A criação é a primeira palavra de Deus. Nela se exprime o Logos que se tornou homem em Jesus. Não podemos olhar para Jesus sem ver também a criação” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 24 de dezembro de 2025

(2Sm 7,1-5.8-12.14.16; Sl 88[89]; Lc 1,67-79) 4ª Semana do Advento.

“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque a seu povo visitou e libertou” Lc 1,68.

“No seu evangelho, Lucas deixou para a Igreja três salmos de oração, que são cantados diariamente na liturgia: o Benedictus como hino matinal, o Magnificat como hino vespertino e o Nunc Dimittis como hino noturno. Nestes três salmos de louvor exprime-se, ao meu ver, a arte lucana de ligar o passado ao presente e ao futuro. Nesses hinos louvamos a Deus por tudo o que já fez por nós no passado e por tudo o que hoje ainda faz. Usamos essas palavras todos os dias e nas mais diversas festas. Não descrevem apenas que aconteceu no nascimento de João Batista ou no Natal. São palavras abertas, podendo descrever o mistério de qualquer festa, seja Páscoa ou Pentecostes, Ascensão de Cristo ou uma festa de Maria ou de qualquer santo. O hino de Zacarias, propriamente uma poesia de felicitações pelo nascimento de João Batista, Lucas o colocou conscientemente antes do nascimento de Jesus. Assim, Lucas vê nestas palavras uma expressão do mistério da Encarnação, que comemoramos diariamente de manhã cedo. Em Jesus, Deus visitou a nós, seres humanos. Deus torna-se o nosso hóspede. E como presente de hóspede ele traz a redenção. Essa redenção é descrita como salvação das mãos dos inimigos, como misericórdia para conosco, possibilitando-nos uma vida sem medo, ‘em santidade e justiça, ao longo dos nossos dias’ (Lc 1,75). E o nascimento de Jesus é cantado como a visita do sol nascente, vindo do alto. Em Cristo aparece-nos o sol da salvação. ‘Ilumina-nos, a nós que nos encontrávamos na escuridão, na sombra da morte, a fim de guiar os nossos passos no caminho da paz’ (Lc 1,79). A imagem do astro que aparece no céu, nos iluminando, era conhecida tanto entre os judeus como entre os gregos. Cristo é essa figura luminosa celestial. Ele é a verdadeira estrela da manhã, que surge nos nossos corações. A Igreja canta esse hino toda manhã, para confessar que o sol nascente nos lembra o Cristo. O que observamos na natureza é imagem do Cristo, o sol verdadeiro. Cristo nos traz hoje a luz que expulsa as nossas trevas e nos possibilita prosseguir no caminho da paz” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite