Segunda, 25 de agosto de 2025

(1Ts 1,1-5.8-10; Sl 149; Mt 23,13-22) 21ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo templo, não vale; mas se alguém jura pelo ouro do templo, então vale!’” Mt 23,16.

“No intuito de precaver os seus discípulos, Jesus alertava-os quanto ao modo de viver incoerente dos mestres da Lei e dos fariseus. Estes, na ilusão de estarem vivendo uma vida modelar, comportavam-se como cegos que querem ser guias dos outros cegos. A incompatibilidade da pretensão deles manifesta-se de muitas maneiras. Pensando ser os autênticos intérpretes da Palavra de Deus, acabavam por desencaminhar as pessoas, impedindo-as de entrar no Reino dos Céus. Insistiam nos detalhes da Lei, mas descuravam o fundamental. Preocupados com a exterioridade, não permitiam que a vontade de Deus penetrasse, realmente, em seus corações. Resultado: ao invés de serem portadores de salvação, acabavam sendo motivo de condenação tanto para os judeus quanto aos pagãos, convertidos ao judaísmo por sua ação proselitista. O fanatismo dos convertidos tornava-os merecedores de duplo castigo. Outra atitude equivocada dos mestres da Lei e dos fariseus consistia em confundir as pessoas, por meio de uma casuística estéril, levando-as a se afastarem da vontade de Deus. É pura perda de tempo fazer distinções capciosas em torno do mandamento divino se, no fundo do coração, a pessoa não tem a intenção de pautar sua vida por ele. Este tipo de casuísmo é resultado de uma cegueira insensata – Espírito de clarividência, sê meu guia seguro no caminho da fidelidade ao Reino, precavendo-me contra quem, indevidamente, quer arvorar-se em líder” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


21º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Is 66,18-21; Sl 116[117]; Hb 12,5-7.11-13; Lc 13,22-30) *

1. A pergunta sobre o número dos que se salvam, em certas épocas, gerou em muitos uma angústia terrível. O humilde e doce São Francisco de Sales, por exemplo, viveu essa situação em um período de sua juventude, com uma certeza de que estava excluído do número dos que se salvariam.

2. Mais uma vez a resposta de Jesus não se dá em números, mas em atitude. O que não é uma resposta estranha ou evasiva, mas a atitude de quem busca educar os discípulos a passar do plano da curiosidade para o da sabedoria; das questões ociosas que apaixonam a tantos, para os verdadeiros problemas que dizem respeito à vida.  

3. Assim já percebemos quão absurda é a posição dos que tentam estabelecer um número preciso. Sobre o ‘modo’ de salvar-se Jesus nos diz duas coisas substancialmente: uma negativa e outra positiva; primeiro aquilo que não serve, depois o que serve à salvação.

4. Não serve, ou talvez não baste, o fato de pertencer a determinado povo, a uma determinada raça, tradição ou instituição, ou mesmo ao povo eleito de onde veio o próprio Jesus, que aqui reivindicam privilégios: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti...’.

5. Na versão de Mateus esse contexto se aplica à própria Igreja: não basta o simples fato de ter conhecido Jesus ou de pertencer a Igreja; é preciso mais que isso. É isso que Jesus entende revelar com a imagem da porta estreita. E assim entramos na resposta positiva.

6. Quem se coloca na estrada da salvação não é alguém que traz um título de posse, mas uma decisão pessoal acompanhada de uma coerente conduta de vida. Mateus deixa isso muito claro ao falar de dois caminhos ou de duas portas, uma estreita e outra larga.

7. Essa imagem dos dois caminhos, para os primeiros cristãos, era uma espécie de código moral fundamental. Algo como vida e morte. Conforme um escrito da época, “ao caminho da vida pertenciam o amor a Deus e ao próximo, bendizer que nos amaldiçoa, manter-se distante dos desejos da carne, perdoar a quem te ofendeu, ser sincero, pobre. Ao caminho da morte, de modo contrário, a violência, a hipocrisia, a opressão do pobre, a mentira”.  

8. O caminho do justo é estreito, ao início, mas depois se torna uma via larga, porque nessa se encontra a esperança, a alegria e a paz do coração. O contrário da alegria terrena que tem como característica ir diminuindo, até gerar náusea e tristeza como se pode comprovar em certo tipo de embriaguez gerada pela droga, álcool, sexo. É preciso uma dose ou um estímulo sempre maior para produzir prazer na mesma intensidade; até que o organismo não responda mais e esfacele também o físico.

9. A porta estreita aqui mencionada não é necessariamente aquela que nos levará um dia definitivamente ao paraíso, mas aquela que permite entrar, já nesta vida, no reino pregado por Jesus e de viver as suas exigências. E se quisermos falar em números, como Mateus, são poucos aqueles que aceitam, nesta vida, de tomar com seriedade as exigências do Evangelho, e isto basta olhar ao nosso redor.

10. Não devemos esquecer que o desejo de Deus é salvar a todos (cf. 1Tm 2,4) e, para nossa sorte, Ele é poderoso o bastante para realizar o que quer. Deus tem modos extraordinários de salvar que desconhecemos, e mesmo assim não podemos deixar de observar os modos ordinários de salvação.

11. Essa conclusão pode ser tranquilizante, mas cabe ao próprio evangelho alertar-nos contra uma falsa tranquilidade e colocar um pouco de inquietação em nosso coração. Há casos em que assustar alguém é um ato de caridade. Assim como faz um bom médico, quando não há outro meio de fazer entender a um doente que ele deve parar de fumar, ou de fazer outras coisas perigosas à sua saúde.  

12. A salvação é uma coisa importante para ser deixada ao acaso, ou ao cálculo de probabilidades. O treinador do time de futebol de Liverpool, na iminência de uma partida, declarou certa vez: “Vencer esta partida não é uma questão de vida e morte... É muito mais!”.

13. Não creio que isso se possa dizer de uma partida de futebol, mas se deve dizer de nossa salvação. É uma questão de vida eterna e de morte eterna.

* Com base em texto de Raniero Cantalamessa

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 23 de agosto de 2025

(2Cor 10,17—11,2; Sl 148; Mt 13,44-46) Santa Rosa de Lima.

“O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” Mt 134,45-46.

“No mundo antigo as pérolas ocupavam um lugar muito especial no coração dos seres humanos. As pessoas desejavam possuir boas pérolas. Elas precisavam ser bonitas e raras. Não consideravam apenas o valor monetário. Elas causavam prazer pela beleza e destacavam o comprador que as possuía e contemplava. Um amante de pérolas estaria disposto a procurar nos mercados do mundo inteiro até encontrar uma pérola de rara beleza. Achando-a, desfazia de tudo com o objetivo de adquiri-la. Era uma vida dedicada e centrada neste objetivo. Assim, nas palavras de Jesus, é o Reino dos Céus. Bonito, valoroso. Quem dele participa faz de tudo para permanecer nele. Se preciso for, deixa para trás todos os empecilhos, ‘vende tudo que tem’ e compra aquela pérola. Em outras palavras, se esforça e valoriza o Reino de Deus. Toma posse como participante ativo deste Reino precioso. Servir a Deus não é uma tarefa fácil, porém prazerosa, alegre, verdadeira. As igrejas da Macedônia, em meio às múltiplas tribulações, que as puseram à prova, transbordaram em tesouros de liberdade [...] espontaneidade e, com insistência, nos rogaram a graça de tomar parte nesse serviço [...]. Ultrapassando nossas esperanças, deram-se primeiramente ao Senhor’ (2Cor 8,2-5). As expressões ‘boas pérolas’ e ‘uma preciosa’ indicam o quanto é preciosa a salvação conquistada por Cristo. É possível admitir que existem muitas outras pérolas a serem consideradas bonitas e valorosas, porém o destaque aponta para aquela que é a melhor e a mais bonita de todas. Costumamos chamar de ‘pérolas’ coisas que nos agradam, textos bens escritos, situações ou pessoas especiais e até gracejos. Onde se encontram nossas avaliações sobre o Reino de Deus? Ele não está distante como pensam alguns. Ele está dentro de nós. – Preciosas são as horas na presença de Jesus. Amém (Arnaldo Hoffman Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).    

Pe. João Bosco Vieira Leite