(Is 52,7-10; Sl 97[98]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-18) Natal do Senhor.
“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus” Jo 1,1.
“O prólogo é, provavelmente, o mais belo hino cristão da encarnação que conhecemos. Ele se compõe de quatro estrofes que descrevem o mistério da humanização. O Verbo se fez carne – é esse o ponto alto da declaração. Os exegetas procuram saber se a palavra grega Logos foi adotada de Fílon. Pode até ser que existam semelhanças, mas muito maior é a afinidade com a especulação sapiencial judaica. No Livro da Sabedoria descreve-se a sabedoria como se fosse uma pessoa que mora entre nós. Da mesma maneira, o Verbo quer habitar entre nós, quer montar a sua tenda entre nós. A sabedoria e o Verbo querem mostrar a maneira pela qual Deus se manifesta a nós. Ambos são vistos, por assim dizer, como pessoas próprias pelas quais o Deus longínquo se comunica, uma espécie de mediadores entre Deus e os homens. Pode ser que o pano de fundo desse hino maravilhoso seja também a gnose para qual o Logos era o mediador importante entre Deus e o homem. ‘No início era o Verbo’ (Jo 1,1). Com esse versículo, João persegue a origem de Jesus até as profundezas da divindade. Ressoa nessa afirmação o ‘no início’ do relato da criação (cf. BEUTLER, 1998, p. 34). Se no início era o Verbo, então, pode-se dizer também que toda a criação é verbal, perpassada que está pelo Verbo de Deus, e assim é inteligível também para nós. A própria criação já é revelação da glória de Deus. Nela, Deus se exprime para mostrar-nos a sua glória. A criação é a primeira palavra de Deus. Nela se exprime o Logos que se tornou homem em Jesus. Não podemos olhar para Jesus sem ver também a criação” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite