(Gn 49,2.8-10; Sl 71[72]; Mt 1,1-17) 3ª Semana do Advento.
“Judá gerou Farés e Zara, cuja mãe era Tamar...” Mt 1,3.
“Os exegetas sempre se perguntaram o que quer dizer a menção expressa de quatro mulheres na árvore genealógica de Jesus. São elas: Tamar, Raab, Rute e Batsheba, mulher de Uriá. Tamar era nora de Judá; como se sentisse injustiçada por Judá, ofereceu-se a ele como meretriz, para engravidar dele. Raab foi a meretriz que possibilitou aos israelitas a conquista de Jericó. Na exegese antiga, as quatro mulheres eram vistas como pecadoras, mas esses preconceitos dos exegetas não correspondem à visão do evangelista. Sendo as quatro mulheres estrangeiras, Mateus mostra, logo no início do seu evangelho, na genealogia de Jesus, que este assumiu a humanidade inteira, oferecendo a salvação também aos pagãos. As quatro mulheres remetem a Maria, a quinta mulher. Como as outras quatro mulheres, também ela não se encaixa na genealogia, porque esta visa José, e não Maria. Mas é de Maria que se afirma que dela nasceu Jesus, ‘a quem chamam de Cristo’ (1,16). Maria é a quinta mulher. Nela se cumpre o que nas outras quatro fora prenunciado. É nas mulheres que Deus atravessa a sequência genealógica com elementos irregulares. A intervenção de Deus surpreende, porque não se ajusta aos paradigmas humanos; fica claro que Cristo assumiu e redimiu a história de graças e desgraças, Deus planta um recomeço. Podemos tentar uma interpretação simbólica: Maria é a quinta mulher. Aos cinco livros de Moisés correspondem as cinco mulheres. Cinco é o número de Vênus, deusa do amor. O amor completa a lei. Quatro são os passos que, na evolução, levam do mundo mineral, passando pelo reino vegetal e animal, ao ser humano. O quinto passo é o salto para o mundo divino. Em Maria, a humanidade ultrapassa a si mesma e desemboca em Deus quando o próprio Deus torna-se homem” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite