(Is 25,6-10; Sl 22[23]; Mt 15,29-37) 1ª Semana do Advento.
“Jesus chamou seus discípulos e disse: ‘Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo,
e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho’”
Mt 15,32.
“Entre todos os sinais feitos por Jesus, nenhum é narrado tantas vezes no Evangelho como o da multiplicação dos pães. Todos os evangelistas o relatam pelo menos uma vez. São Mateus e são Marcos fazem-nos duas vezes. Jesus fez milagres muito mais extraordinários e são narrados uma vez só. Como é que, na Igreja primitiva, foi dada tanta importância à multiplicação dos pães? [Compreender a Palavra:] O termo com que as nossas Bíblias intitulam este texto não nos ajuda a compreender a sua mensagem. Normalmente utilizam ‘multiplicação’ dos pães, ao passo que o Evangelho fala só de pães e de peixes postos em comum, da ‘distribuição’ dos mesmos, do resultado – todos comeram e ficaram saciados – e da ‘recolha’, sete cestas cheias, dos pães que sobraram, sinal de um alimento que nunca iria esgotar-se. Só isto. A mensagem central da narração, portanto, não devemos procurá-la na ‘multiplicação’, mas no convite à ‘distribuição’ do pão oferecido por Jesus. Quem conhece as Escrituras não se detém no gesto material, mas compreende o sinal realizado por Jesus. Recorda as palavras de Moisés: ‘O homem não vive só de pão, mas de tudo aquilo que sai da boca de Deus’ (Dt 8,3), e dos convites que a Sabedoria de Deus dirige aos ingênuos: ‘Vinde, comei do meu pão’ (Pr 9,5). É este o pão que dá vida: ‘a Palavra do Senhor’ que nos é enviada do Céu, Palavra que se tornou um de nós em Jesus de Nazaré. Quem tem a Ele e ao seu Evangelho, não precisa de mais nenhum pão nem de outras revelações. Na noite em que foi entregue às mãos de quem O iria matar, para tornar receptível a sua opção enquanto alimento de vida, Jesus quis deixar-nos um sinal. Enquanto ceava com os discípulos, ‘tomou o pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos seus discípulos e disse: ‘Tomai e comei, isto é o meu corpo’ (Mt 26,26)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Advento - Natal] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite