(Is 11,1-10; Sl 71[72]; Rm 15,4-9; Mt 3,1-12)*
1. O 2º domingo do Advento é sempre marcado pela figura austera do Precursor. Mateus o introduz no deserto da Judeia com seu convite à conversão. Sobre ele repousa o “Espírito do Senhor”, como nos indica a profecia de Isaías na 1ª leitura.
2. A sua missão foi a de preparar e aplanar o caminho diante do Messias, chamando o povo de Israel a arrepender-se dos próprios pecados e a corrigir toda a iniquidade. Com palavras exigentes, João Batista anunciava o juízo iminente: “Toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo.
3. São Gregório Magno comenta que João Batista “prega a fé reta e as boas obras... para que a força da graça penetre, a luz da verdade resplandeça, os caminhos para Deus se endireitem e surjam no ânimo pensamentos honestos depois da escuta da Palavra que guia para o bem”.
4. O Evangelho salienta a hipocrisia de quem se julgava preservado unicamente pelo fato de pertencer ao povo eleito: diante de Deus, dizia, ninguém tem títulos dos quais se orgulhar, mas deve levar “frutos que provem a conversão”.
5. Enquanto procede o caminho do Advento, enquanto nos preparamos para celebrar o Natal de Cristo, ressoa nas nossas comunidades esta chamada de João Batista à conversão. É um convite urgente a abrir o coração e acolher o Filho de Deus que vem entre nós para manifestar o juízo divino.
6. O Pai, escreve o evangelista João, não julga ninguém, mas confiou ao Filho o poder de julgar, porque é Filho do homem (cf. Jo 5,22.27). E é hoje, no presente, que se decide o nosso destino futuro; é com o comportamento concreto que temos nesta vida que decidimos o nosso destino eterno.
7. No findar dos nossos dias na Terra, no momento da morte, seremos avaliados com base na nossa semelhança ou não com o Menino que está para nascer na pobre gruta de Belém, porque é Ele o critério de medida que Deus deu a humanidade.
8. O Pai celeste, que no nascimento do seu Filho Unigênito nos manifestou o seu amor misericordioso, chama-nos a seguir os seus passos fazendo, como Ele, das nossas existências um dom de amor.
9. E os frutos do amor são os que “provam a nossa conversão”, como diz João Batista, dirigindo-se aos fariseus e saduceus que acorreram, entre a multidão, ao seu batismo.
10. Mediante o Evangelho, João Batista continua a falar através dos séculos, a cada geração no deserto do mundo. As suas palavras claras e duras ressoam saudáveis como nunca para nós, homens e mulheres do nosso tempo, no qual também o modo de viver e compreender o Natal ressente, infelizmente, com muita frequência, de uma mentalidade materialista.
11. A ‘voz’ do grande profeta pede que preparemos o caminho ao Senhor que vem, nos desertos de hoje, desertos exteriores e interiores, sequiosos da água viva que é Cristo. Escreve Romano Guardini: “O Redentor vem junto de cada homem: nas suas alegrias e angústias, nos seus conhecimentos claros, nas suas perplexidades e tentações, em tudo o que constitui a sua natureza e a sua vida”.
12. Guie-nos a Virgem Maria a uma verdadeira conversão do coração, para que possamos fazer as opções necessárias para sintonizar as nossas mentalidades com o Evangelho. Pedimos também que nos ampare neste caminho espiritual para acolher o Salvador.
* Com base em texto de Bento XVI
Pe. João Bosco Vieira Leite