Quarta, 24 de dezembro de 2025

(2Sm 7,1-5.8-12.14.16; Sl 88[89]; Lc 1,67-79) 4ª Semana do Advento.

“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque a seu povo visitou e libertou” Lc 1,68.

“No seu evangelho, Lucas deixou para a Igreja três salmos de oração, que são cantados diariamente na liturgia: o Benedictus como hino matinal, o Magnificat como hino vespertino e o Nunc Dimittis como hino noturno. Nestes três salmos de louvor exprime-se, ao meu ver, a arte lucana de ligar o passado ao presente e ao futuro. Nesses hinos louvamos a Deus por tudo o que já fez por nós no passado e por tudo o que hoje ainda faz. Usamos essas palavras todos os dias e nas mais diversas festas. Não descrevem apenas que aconteceu no nascimento de João Batista ou no Natal. São palavras abertas, podendo descrever o mistério de qualquer festa, seja Páscoa ou Pentecostes, Ascensão de Cristo ou uma festa de Maria ou de qualquer santo. O hino de Zacarias, propriamente uma poesia de felicitações pelo nascimento de João Batista, Lucas o colocou conscientemente antes do nascimento de Jesus. Assim, Lucas vê nestas palavras uma expressão do mistério da Encarnação, que comemoramos diariamente de manhã cedo. Em Jesus, Deus visitou a nós, seres humanos. Deus torna-se o nosso hóspede. E como presente de hóspede ele traz a redenção. Essa redenção é descrita como salvação das mãos dos inimigos, como misericórdia para conosco, possibilitando-nos uma vida sem medo, ‘em santidade e justiça, ao longo dos nossos dias’ (Lc 1,75). E o nascimento de Jesus é cantado como a visita do sol nascente, vindo do alto. Em Cristo aparece-nos o sol da salvação. ‘Ilumina-nos, a nós que nos encontrávamos na escuridão, na sombra da morte, a fim de guiar os nossos passos no caminho da paz’ (Lc 1,79). A imagem do astro que aparece no céu, nos iluminando, era conhecida tanto entre os judeus como entre os gregos. Cristo é essa figura luminosa celestial. Ele é a verdadeira estrela da manhã, que surge nos nossos corações. A Igreja canta esse hino toda manhã, para confessar que o sol nascente nos lembra o Cristo. O que observamos na natureza é imagem do Cristo, o sol verdadeiro. Cristo nos traz hoje a luz que expulsa as nossas trevas e nos possibilita prosseguir no caminho da paz” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite