(2Cor 9,6-10; Sl 11[112]; Jo 12,24-26) São Lourenço, diácono e mártir.
“Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de
trigo que cai na terra não morre,
ele continua só um grão de trigo; mas, se morre,
então produz muito fruto” Jo
12,24.
“Seu martírio, diz o poeta Prudêncio, assinalou o
declínio dos deuses de Roma. Sinal, portanto, de que a morte do jovem diácono
Lourenço provocara na cidade uma grande impressão, a ponto de os pagãos – vendo
tão sereno coragem contra a tortura – começaram a se interrogar sobre a
religião professada pelo heroico mártir. Sua imagem, cingida de lenda (a
‘Paixão’ de são Lourenço, de um século posterior a sua morte, é pouco
confiável) já nos escritores próximos de sua época, como Prudêncio, Dâmaso e
Ambrósio, está ligada a sua tortura. O mártir, posto em uma grelha colocada
sobre carvões ardentes, encontra um modo de gracejar: ‘Vede, deste lado já
estou bem cozido; virai-me do outro’. Mas a maioria dos escritores modernos
julga que Lourenço tenha sido decapitado como o papa Sisto II – do qual era
diácono e o havia precedido por três dias no martírio. O papa Dâmaso, por outro
lado, parece convalidar a tradição dos carvões ardentes e recorda o heroico
testemunho de fé com eficaz síntese: ‘Verbera, carnífices, flamas, tormenta,
catenas...’ – açoites, carrascos, chamas, tormentos, cadeias, nada prevaleceu
contra sua fidelidade a Cristo. Mas ao lado dessa imagem de sofrimento aceito,
há outra, de modo algum lendária, referente ao diácono encarregado de
distribuir aos pobres a coleta dos cristãos de Roma. Ele fora, de fato,
encarregado de dirigir outros diáconos de Roma. Pode-se, pois, julgar que, na
iminência da prisão, o papa o tenha encarregado de distribuir aos pobres o
pouco que a Igreja possuía. Quando o imperador Valeriano – lê na ‘Paixão’ –
impôs-lhe a entrega do tesouro do qual ouvira falar, Lourenço teria reunido
diante dele um grupo de mendigos: ‘Eis o nosso tesouro’, disse-lhe, ‘podeis
encontra-lo por toda a parte’. Foi sepultado na via Tiburtina, no Campus
Veranus – Verano –, e sobre seu sepulcro foi erigida a basílica que leva seu
nome, a primeira das 34 igrejas que Roma dedicou ao seu popular mártir” (Mario Sgarbosa – Os santos e os
beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).
Pe.
João Bosco Vieira Leite