Quinta, 10 de agosto de 2023

(2Cor 9,6-10; Sl 11[112]; Jo 12,24-26) São Lourenço, diácono e mártir.

“Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre,

ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” Jo 12,24.

“Seu martírio, diz o poeta Prudêncio, assinalou o declínio dos deuses de Roma. Sinal, portanto, de que a morte do jovem diácono Lourenço provocara na cidade uma grande impressão, a ponto de os pagãos – vendo tão sereno coragem contra a tortura – começaram a se interrogar sobre a religião professada pelo heroico mártir. Sua imagem, cingida de lenda (a ‘Paixão’ de são Lourenço, de um século posterior a sua morte, é pouco confiável) já nos escritores próximos de sua época, como Prudêncio, Dâmaso e Ambrósio, está ligada a sua tortura. O mártir, posto em uma grelha colocada sobre carvões ardentes, encontra um modo de gracejar: ‘Vede, deste lado já estou bem cozido; virai-me do outro’. Mas a maioria dos escritores modernos julga que Lourenço tenha sido decapitado como o papa Sisto II – do qual era diácono e o havia precedido por três dias no martírio. O papa Dâmaso, por outro lado, parece convalidar a tradição dos carvões ardentes e recorda o heroico testemunho de fé com eficaz síntese: ‘Verbera, carnífices, flamas, tormenta, catenas...’ – açoites, carrascos, chamas, tormentos, cadeias, nada prevaleceu contra sua fidelidade a Cristo. Mas ao lado dessa imagem de sofrimento aceito, há outra, de modo algum lendária, referente ao diácono encarregado de distribuir aos pobres a coleta dos cristãos de Roma. Ele fora, de fato, encarregado de dirigir outros diáconos de Roma. Pode-se, pois, julgar que, na iminência da prisão, o papa o tenha encarregado de distribuir aos pobres o pouco que a Igreja possuía. Quando o imperador Valeriano – lê na ‘Paixão’ – impôs-lhe a entrega do tesouro do qual ouvira falar, Lourenço teria reunido diante dele um grupo de mendigos: ‘Eis o nosso tesouro’, disse-lhe, ‘podeis encontra-lo por toda a parte’. Foi sepultado na via Tiburtina, no Campus Veranus – Verano –, e sobre seu sepulcro foi erigida a basílica que leva seu nome, a primeira das 34 igrejas que Roma dedicou ao seu popular mártir” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite