Quarta, 09 de agosto de 2023

(Nm 13,1-2.25—14,1.26-30.34-35; Sl 105[106]; Mt 15,21-28) 18ª Semana do Tempo Comum.

“Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: ‘Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio! Mas Jesus não lhe respondeu coisa alguma” Mt 15,22-23a.

“Existe uma negativa aparente de Jesus a socorrer a mulher cananeia; com efeito Jesus aduz que foi enviado para os filhos de Israel; porém, para mostrar que foi enviado para salvar todos os homens de todos os tempos e de todos os povos, concede à cananeia o que ela lhe pede. Estava nos planos de Deus que a evangelização dos filhos de Israel fosse feita pessoalmente pelo próprio Jesus Cristo; para isso tinha sido enviado; depois os apóstolos levariam a evangelização até os últimos confins da terra. Jesus não podia abandonar o plano de Deus. Por outro lado, o messianismo universal já tinha sido anunciado por todos os profetas. Contudo, a resposta de Jesus, aparentemente não negativa e desesperadora, deixa um traio de esperança e, assim, quando pela segunda vez, a cananeia suplica-lhe: ‘Senhor, ajuda-me’ (v. 25) apesar de tudo que disseste, apesar de reconhecer que deve ser assim como disseste, Senhor, socorre-me! Jesus responde-lhe: ‘Mulher, grande é a tua fé! Seja-te feito como desejas’ (v. 28). À pouca fé dos judeus, o evangelho contrapõe a fé desta mulher que a expressa naquele grito emocionado: ‘Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim’ (v. 22), grito que, por um lado, é a confissão da necessidade que oprimia a mulher e, por outro lado, a clara e nítida confissão do poder do Mestre a quem se acorre, dando por implícitos seu poder e sua bondade. Jesus se calava, enquanto aquela mulher pedia-lhe auxílio; é que Jesus buscava outra coisa: calava-se para que transbordasse a fé daquela mulher e poder, assim, derramar sua misericórdia. Dessa maneira, a mulher insiste e grita e acompanha Jesus e seus apóstolos, a tal ponto que eles se sentem incomodados e pedem a Jesus que a atenda, a fim de que se vá e os deixe em paz; talvez os apóstolos nesta ocasião não estivessem movidos pela caridade, e assim agiram por comodidade. Isso deve levar você a, com frequência, analisar os motivos de suas boas ações; porque, sendo boa a ação, pode não ser boa a motivação que o impulsiona para essa obra” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite