Sexta, 04 de julho de 2025

(Gn 23,1-4.19; 24,1-8.62-67; Sl 105[106]; Mt 9,9-13) 13ª Semana do Tempo Comum.

“Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato,

eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” Mt 9,13.

“Deus prefere a misericórdia ao sacrifício; este texto é tomado do profeta Oséias: ‘Porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos’ (Oséias 6,6). O texto de Oséias vem a ser uma repreensão tácita do espírito farisaico, que colocava a santidade nas aparências e nos ritos externos, descuidando da caridade interior, que deve animar toda a vida do justo. O sacrifício é o ato externo de maior valor cultual; no entanto, mais agradável a Deus é o que se lhe dedica autenticamente pela prática de seus preceitos, e não pelo rito externo, a simples observância mecânica de alguns sacrifícios, regras ou costumes, se não forem verdadeira expressão da plena dedicação de nossa vida inteira a Deus. E isto é o que o Senhor quer, ao falar da misericórdia e dos sacrifícios; assim, curar os enfermos era a misericórdia dedicada à caridade; por isso, diz o Senhor que prefere a misericórdia. A misericórdia para com o próximo, isto é, o amor, a caridade, a compreensão para com cada um, sem as quais os próprios sacrifícios oferecidos a Deus, como expressão do culto devido a ele, não serão aceitos perante sua divina presença” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 03 de julho de 2025

(Ef 2,19-22; Sl 116[117]; Jo 20,24-29) São Tomé, apóstolo.

“Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio” Jo 20,24.

“Conhecidíssima e até proverbial é a cena de Tomé incrédulo, realizada oito dias depois da Páscoa. Num primeiro momento, não acreditou que Jesus tivesse aparecido em sua ausência e disse: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão na ferida dele, eu não acreditarei” (jo,25). Do fundo destas palavras emerge a convicção de que Jesus agora são, antes de tudo, suas feridas, nas quais se revela até que ponto ele nos amou. Nisso o apóstolo não se equivoca. Como sabemos, oito dias depois Jesus volta a aparecer entre os seus discípulos, e desta vez, Tomé está presente. E Jesus o interpela: “Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque a minha ferida. Não seja incrédulo, mas tenha fé” (Jo 20,27). Santo Agostinho comenta a este propósito: Tomé ‘via e tocava ao homem, mas confessava a sua fé em Deus, que não via e nem tocava. Mas aquilo que via e tocava o induzia a crer naquilo de que até aquele momento duvidava” (In Iohann, 121,5). O evangelista continua com uma última palavra de Jesus a Tomé: ‘Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ser visto!’ (Jo,29). Esta frase também pode ser transportada para o presente. Aqui Jesus enuncia um princípio fundamental para os cristãos que viram depois de Tomé, quer dizer, para todos nós. É interessante observar como outro Tomás, o grande teólogo medieval de Aquino, compara esta forma de felicidade com aquela aparentemente oposta que transmite Lucas: ‘Felizes os olhos que veem o que vocês veem’ (Lc 10,23). Mas o de Aquino comenta: ‘Merece muito mais quem crê sem ver do que quem crê vendo’ (In Iohann, XX lectio VI,2566). De fato, a Carta aos Judeus, quando refere toda a série de antigos patriarcas bíblicos, que acreditaram em Deus sem ver a realização de suas promessas, define a fé como uma ‘forma de possuir o que se espera, um meio de conhecer as coisas que não se veem’ (Hb 11,1). O caso do apóstolo Tomé é importante para nós ao menos por três motivos: primeiro, porque nos consola de nossa insegurança; segundo, porque nos demonstra que toda dúvida pode desembocar numa saída luminosa livre de qualquer incerteza; e, por último, porque as palavras que lhe dirige Jesus nos lembram o verdadeiro sentido da fé madura e nos anima a continuar, apesar das dificuldades, em nosso caminho de adesão a Ele” (Bento XVI – Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus – Planeta).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 02 de julho de 2025

(Gn 21,5.8-20; Sl 33[34]; Mt 8,28-34) 13ª Semana do Tempo Comum.

“E disse a Abraão: ‘Manda embora essa escrava e seu filho, pois o filho de uma escrava

não pode ser herdeiro com o meu filho Isaac” Gn 21,10.

“Do texto de hoje sobressai um confronto entre duas mulheres e dois filhos, entre a mulher livre e a escrava, entre o filho carnal e o filho da promessa. O episódio, descrito como um banal conflito familiar, esclarece o fato de que cada pessoa tem uma parte insubstituível na História e que o Senhor cuida de cada um, mas também que escolhe livremente quem deve desempenhar um papel específico na História da Salvação, e que essa escolha passa por vezes através dos caprichos dos homens. [Compreender a Palavra:] O autor sagrado, enquanto narra a expulsão da escrava Agar em benefício do filho de Sara (Isaac), preocupa-se em sublinhar que Abraão, perturbado com o repúdio do filho Ismael que Sara lhe pediu, se decidiu a efetuar esse gesto só depois de ter compreendido que a vontade de Deus passava através dessa dolorosa circunstância. Dos dois filhos, de fato, nascerão dois povos distintos, com duas grandezas diferentes e com duas histórias distintas, e só por Isaac passará a linha da História da Salvação. ‘Concede a Sara tudo o que ela e pedir’ (v. 12): a palavra de Sara é considerada profética, embora movida por considerações humanas, porque de certo modo lê os sinais e movimenta a História segundo a vontade de Deus. Na base desse episódio, Sara está incluída pela tradição hebraica nas sete profetisas bíblicas, juntamente com Míriam, Débora, Hulda (as únicas três que recebem o nome de ‘profetisa’ pela Escritura), Ana, Abigail, Ester. Mas também a Agar, a egípcia, a Palavra de Deus ‘abriu-lhes os olhos’ (v. 19) e orienta-a para que continue a viver” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum I] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite