Sexta, 01 de agosto de 2025

(Lv 23,1.4-11.15-16.27.34-37; Sl 80[81]; Mt 13,54-58) 17ª Semana do Tempo Comum.

“E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: ‘Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!’” Mt 13, 57.

“O Evangelho faz uma constatação surpreendente: Jesus tornou-se um obstáculo para a fé do povo de sua terra. Por que isto, se todo o seu empenho concentrava-se em abrir seus ouvintes para a fé? Por que seus conterrâneos de Nazaré fecharam-se na incredulidade? Os nazaretanos levantavam sérias dúvidas sobre a origem dos milagres e da sabedoria de Jesus. Não podia tratar-se de sabedoria humana, pois conheciam muito bem seus familiares, sua condição social e o nível de seus conhecimentos. Sabedoria divina também não podia ser. Seria ousadia demais alguém do nível de Jesus pretender possuir sabedoria e poderes próprios de Deus! Teriam eles também suspeitado que a extraordinária capacidade do Mestre provinha do mau espírito? Em todo caso, não sendo capazes de superar satisfatoriamente a aporia em que se encontrava, optaram pelo desprezo e pelo fechamento. A atitude do povo de Nazaré não chegou a intimidar Jesus. Ele soube interpretar sua experiência à luz da história de Israel, na qual a rejeição dos profetas, enviados por Deus, é uma constante. O desprezo à pessoa do Mestre soma-se aos dos profetas do passado. Por outro lado, Jesus limitou sua ação taumatúrgica, não caindo na tentação de querer provar sua condição messiânica. Afinal, o obstáculo para a fé finda-se no preconceito de seus conterrâneos. Quando se libertassem desta prevenção, estariam em condições de reconhecer a origem divina do poder e da sabedoria de Jesus. – Espírito que liberta dos preconceitos, predispõe-me a acolher o Messias Jesus, na pobreza de sua origem social, embora sendo ele o Filho de Deus (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 31 de julho de 2025

(Ex 40,16-21.34-38; Sl 83[84]; Mt 13,47-53) 17ª Semana do Tempo Comum.

“Então a nuvem cobriu a tenda da reunião e a glória do Senhor encheu o santuário” Mt 13,34.

“O Livro do Êxodo termina com uma cena de grato aparato, de que o Lecionário nos oferece os elementos essenciais: a construção da ‘Tenda da Reunião’ por Moisés (vv. 16-21) e a tomada de posse como ‘morada’ da parte de Deus (vv. 34-38). O povo que caminha pelo deserto não está sozinho: o Senhor viaja com ele e guia-o para a terra de liberdade que lhe prometeu. [Compreender a Palavra:] A construção da Tenda da Reunião, tal como a construção da Arca da Aliança para guardar as tábuas da Lei (‘o Tabernáculo’: v. 20) não são uma iniciativa de Moisés, mas a execução obediente da vontade divina (vv. 16,18,21). O santuário desejado pelo Senhor é, por conseguinte, o espaço que Ele quer que lhe seja reservado pelo povo, para tornar manifesta a Sua presença no meio do povo. Neste Seu espaço, Deus vai e vem livremente, tornando-Se visível e inacessível ao mesmo tempo, precisamente como a nuvem que, descendo sobre a Tenda, indica a presença e a cobre mesmo à vista dos homens, ou como fogo que ilumina de noite e ao mesmo tempo os impede que se aproximem. O Senhor pede para habitar no meio do povo, para continuar a ser o seu guia (fogo que ilumina) e o seu protetor (nuvem que cobre): é Ele que marca as etapas do caminho (v. 36), indicando assim o futuro de vida e de liberdade, possível somente se as pessoas se colocam debaixo da Sua proteção e se entregam à Sua vontade” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum I] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 30 de julho de 2025

(Ex 34,29-35; Sl 98[99]; Mt 13,44-46) 17ª Semana do Tempo Comum.

“Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola”.

Mt 13,46.

“O centro de convergência da parábola do tesouro escondido e da pérola preciosa encontra-se na decisão do agricultor e do comerciante, de desfazer-se de todos os seus bens para adquirir o bem encontrado, por ser sobremaneira precioso. O bom senso mostrou-lhe a conveniência de investir tudo na aquisição do bem maior. A perda redundaria em ganho, a loucura revelar-se-ia sabedoria. Assim comporta-se o discípulo em relação ao Reino. Sua descoberta leva-o a redimensionar toda a sua vida, dando um sentido novo a cada um dos seus aspectos, subordinando-os ao absoluto do Reino. O discípulo predispõe-se a qualquer sacrifício. Nada lhe parece demasiadamente pesado, quando se trata de colocar o Reino e seus valores no centro de sua existência. O discípulo vê-se confrontado com a responsabilidade de fazer uma opção que revolucionará toda a sua vida. Nem sempre estará seguro do passo que deverá dar. Daí a possibilidade de se deixar levar pelo medo e pela incerteza. A convicção do discípulo, ao tomar esta decisão, dependerá do modo como foi tocado pelo Reino. Quanto mais profunda for a experiência superficial dificilmente levara a uma opção radical. Aí se revela quem, de fato, fez-se discípulo do Reino – Espírito da radicalidade, reforça minha opção pelo Reino e seus valores, para que eu coloque sempre mais como o centro da minha vida (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Terça, 29 de julho de 2025

(1 Jo 4,7-16; Sl 33[34]; Jo 11,19-27) Santos Marta, Maria e Lázaro.   

“Então Jesus disse: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá’” Jo 11,25.

“A ressurreição de Lázaro é um sinal da glória de Deus. Por isso também é um sinal daquilo que Deus realiza em nós. Não temos motivo para duvidar da historicidade da ressurreição de Lázaro. Mas não basta perguntar pelo que aconteceu naquele tempo. Mais importante é interpretar as imagens daquela cena de tal forma que nós mesmos façamos parte dela. Lázaro já está na sepultura faz quatro dias. Seu corpo já está em decomposição. O que está sepultado se putrefaz. Essa lei se aplica também a nós. Se estamos excluídos da relação com Jesus, apodrecemos e o nosso verdadeiro ser se deteriora. Marta chama a atenção para o fato de o defunto já estar cheirando mal. A falta de contato leva a um mau cheiro, a uma emanação destrutiva. Pela sua encarnação, Jesus deu à nossa vida um novo sabor, o sabor do vinho. Isso se mostra no primeiro sinal operado por ele, nas bodas de Caná. Por sua morte e ressurreição, Jesus expulsa o cheiro de putrefação de nossa vida. Como no primeiro sinal, realiza um milagre atendendo aos rogos de uma mulher. O primeiro sinal faz alusão à transformação do homem operada pela encarnação de Deus em Jesus. O sétimo sinal remete à transformação pela morte e ressurreição de Jesus. É a transformação da própria morte. Jesus menciona diante de Marta a fé como condição prévia para ver a glória de Deus. O que é dito a Marta é dirigido também ao leitor. Àquele que crê pode ver na narrativa da ressurreição de Lázaro, já no presente, um raio da glória de Deus” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 28 de julho de 2025

(Ex 32,15-24.30-34; Sl 105[106]; Mt 13,31-35) 17ª Semana do Tempo Comum.

“Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que todas essas plantas”

Mt 13,32a.

“O evangelho de hoje diz que esta semente é menor que qualquer outra semente; na apreciação popular judaica, o grão de mostarda era considerado o termo comum de comparação entre as coisas pequenas. Assim, dizia-se: ‘pequeno como um grão de mostarda’; o Senhor Jesus faz outras coisas senão empregar a expressão popular. De qualquer maneira, o que aqui se quer expressar é que o Reino de Deus tem começos modestos e logo expande-se com vigor; para isso o Senhor emprega as duas parábolas: a da mostarda e a do fermento. Deus emprega meios simples para chegar ao homem; Deus sempre busca a simplicidade e a pobreza de espírito mesmo nas obras de maior transcendência; pensa apenas na humildade da Virgem na Encarnação, na pequenez dos sinais sacramentais: vinho, pão... na Eucaristia, na rudeza dos apóstolos para a fundação da Igreja. Os homens não entendem os caminhos de Deus, e por isso pretendem grandes inciativas e preparativos para suas obras, enquanto a fé nos ensina que quanto maior é a obra pretendida por Deus mais insignificantes costumam ser os começos e os instrumentos dos quais se serve sua divina Providência. Assim é o Reino dos céus, o Reino de Céus; tão pequeno e simples quanto um grão de mostarda; assim começa a fundamentar-se no coração do homem. Dê, pois, graças a Deus, porque, para que seu Reino deite raízes em seu coração, não será necessário fazer grandes coisas, ou empreender atividades extraordinárias, e sim ser-lhe fiel nas coisas de cada dia. A semente deve esconder-se sob a terra, deve apodrecer; se não apodrecer, não germina, não se desenvolve, não produz fruto. Não devemos estranhar que o Reino de Deus passe frequentemente por momentos difíceis e desagradáveis. São necessários para sua própria purificação. Por outro lado, essa parábola dá-nos este ensinamento com respeito à Igreja: do mínimo surgirá o máximo; dos começos tão simples e humildes a Igreja chegará à grandeza de sua universalidade; todas as etnias e todos os povos aconchegarem-se a ela; daí que possamos considerar esta parábola como uma profecia sobre a universalidade da Igreja” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

17º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Gn 18,20-32; Sl 137[138]; Cl 2,12-14; Lc 11,1-13)*

1. No Evangelho desse domingo Lucas nos conta como nasce a oração do Pai nosso. Uma oração que se propaga nos séculos, como um fluxo de oração que da cabeça se estende a todo o corpo. Comentaremos brevemente essas sete petições que a compõe integrando o texto breve de Lucas com o mais amplo de Mateus, que utilizamos oficialmente.

2. “Pai nosso que estais no céu” – É característico da oração de Jesus, ao longo dos evangelhos, começar dirigindo-se a Deus como Pai, como ninguém havia ousado e com tanta intimidade, além de dá a conhecer que Ele é o Filho único de Deus.

3. A oração cristã é um grito confiante de filho dirigido a um Deus que se tem como amoroso e bom. Mas sem tons frágeis ou sentimentais, porque sabemos que Ele está no céu, acima de nós, tanto quanto está distante o céu da terra.

4. Assim, Jesus não está trocando a imagem do Deus poderoso do Antigo Testamento, por um Deus todo bondade. A novidade é outra: permanecendo o Altíssimo, Onipotente e transcendente – mas agora nos é dado como nosso pai. Um pai que é bom, mas também forte, livre, capaz de defender-nos dos perigos.  

5. “Santificado seja o teu nome” – A santificação do nome de Deus está atrelada às nossas palavras e testemunhada com a vida. “Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). O seu contrário seria a blasfêmia.

6. “Venha o teu Reino” – O Reino de Deus está no coração da mensagem e da vida de Jesus. Significa o desejo de que a mensagem de Jesus chegue, em extensão, até os confins da terra, e penetre, em intensidade, todos os aspectos da vida humana; que plasme toda a nossa existência.

7. O que significa também que o pecado não reine em nosso corpo mortal; ao mesmo tempo uma instância missionária e apostólica se esconde em nosso pedido ao Senhor da messe.  

8. “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” – A vontade de Deus é que todos os seres humanos sejam salvos. É uma vontade de amor, ainda que não a compreendamos. Não uma atitude de resignação. Como Maria em seu “sim”, o nosso desejo é que o projeto divino se cumpra o quanto antes. É quando a vontade de Deus se torna também a minha.

9. “O pão nosso de cada dia nos dai hoje” – Depois de termos rezado pelo Reino, Jesus nos leva a rezar pelo resto. Nossa oração não deve começar pelo “dá-nos; dá-nos, dá-nos”. Pedimos o alimento e tudo aquilo que sustenta a vida. Não se trata de escolher entre o pão espiritual (Eucaristia, Palavra de Deus) e o pão material. A palavra de Jesus abraça todas as duas coisas juntas. E pedimos não só para nós.

10. “Perdoai-nos os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” – É o único pedido onde não só pedimos algo, mas prometemos também algo. Talvez sejam as palavras que dizemos com certa apreensão. Podemos ainda não estar pronto ao perdão, mas pedimos que Deus nos ajude nessa empreitada.

11. “Não nos deixeis cair em tentação” – Pedimos que Deus nos esteja vizinho nas tentações e não permita que nossa liberdade se dobre ao mal. Diz Paulo: “Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação, ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela” (1Cor 10,13).

12. “Mas livrai-nos do mal” – O que vem aqui traduzido como mal, no texto original pode significar duas coisas: o mal no sentido moral, daquilo que nos fazem ou daquilo que fazemos, que é o mais danoso. O outro sentido é mais pessoal, trata-se do maligno em si. Para esses dois significados a nossa oração funciona como um pequeno exorcismo.

13. Pode ser que de vez em quando rezemos de forma distraída, sem sentimento, quase no automático. Não desanimemos. Não podemos medir a alegria de Deus ao ser chamado de pai por uma sua criatura. O Pai Nosso é “um resumo de todo o Evangelho”, dizia Tertuliano. Rezá-lo com fé é tomar um banho de Evangelho. Experimentemos fazê-lo em família vez em quando.

* com base em texto de Raniero Cantalamessa

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 26 de julho de 2025

(Eclo 44,1.10-15; Sl 131[132]; Mt 13,16-17) Santos Joaquim e Ana, pais da bem-aventurada Virgem Maria.

“Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações” Eclo 44,1.

“São Joaquim e Santa Ana devem ter pensado muitas vezes que Deus queria algo de grande daquela sua filha, cumulada de tantos dons humanos e sobrenaturais, e oferecê-la-iam a Deus como os hebreus costumavam fazer com os seus filhos. Os pais que fortalecem o seu amor na oração saberão respeitar a vontade de Deus a respeito dos seus filhos, sobretudo quando eles recebem uma vocação de entrega plena de Deus – muitos saberão até pedi-la ao Senhor e deseja-la para esses filhos –, porque ‘não é sacrifício entregar os filhos ao serviço de Deus – costumava dizer o bem-aventurado Josemaria Escrivá –: é honra e alegria’, a maior honra, a maior alegria. E os filhos ‘sentirão toda a beleza de dedicarem as suas energias ao serviço do Reino de Deus’, por assim o terem aprendido de muitas maneiras no lar paterno. O amor no casamento ‘pode ser também um caminho divino, vocacional, maravilhoso, instrumento para a completa dedicação ao nosso Deus’ (Josemaria Escrivá). Esse amor deve ser eficaz e operativo no que se refere ao seu fruto, que são os filhos. O verdadeiro amor manifestar-se-á no empenho em formá-los para que sejam trabalhadores, austeros, bem educados no sentido pleno da palavra..., e assim venham a ser bons cristãos. Que lancem raízes nas suas lamas as sementes das virtudes humanas: a rijeza, a sobriedade no uso dos bens, a responsabilidade, a generosidade, a laboriosidade... E sempre a alegria de uma alma transparente. Os pais não devem esquecer nunca que são administradores de um imenso tesouro de Deus e que, por serem cristãos, formam uma família na qual está presente o próprio Cristo, o que lhe dá umas características próprias. Não devem ter recebido de singularizar-se num ambiente em que muitas vezes a vida familiar nada mais é do que uma sucessão de transigência e permissivismo covarde: pais sem autoridade, filhos rebeldes, que convivem todos como se estivessem numa pensão. Um lar cristão é um remanso de paz e alegria, em que os filhos desenvolvem a sua personalidade própria com uma liberdade amadurecida na responsabilidade e no conselho oportuno e firme dos pais. Peçamos hoje a São Joaquim e Santa Ana que os lares cristãos sejam lugares onde se encontre facilmente a Deus. Recorramos também a Nossa Senhora. ‘Todos unidos, elevemos a Ela os nossos corações e, por sua mediação, digamos a Maria, filha e Mãe: Mostra-te como Mãe para todos, oferece a nossa oração, que Cristo a aceite benigno, Ele que se fez teu Filho’ (João Paulo II)” (Francisco Fernandez-Carvajal – Falar com Deus – Vol. 5 – Quadrante)

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 25 de julho de 2025

(2Cor 4,7-15; Sl 125[126]; Mt 20,20-28) São Tiago, Apóstolo.

“Jesus, então, respondeu-lhes: ‘Não sabeis o que estais pedindo.

Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?’” Mt 20,22.

“De Tiago, portanto, podemos apreender muitas coisas: a sua prontidão ao receber o chamado do Senhor, inclusive quando nos pede para abandonar o ‘barco’ de nossas inseguranças humanas; o entusiasmo ao segui-lo pelos caminhos que Ele nos indica para além de nossa ilusória presunção; a disponibilidade para sua testemunha com valentia, se necessário até o sacrifício supremo da vida. Assim, Tiago Maior constitui para nós um exemplo eloquente de generosa adesão a Cristo. Ele, que no início havia pedido, por meio de sua mãe, sentar-se com seu irmão junto ao Mestre em seu reino, foi o primeiro que bebeu o cálice da paixão, que compartilhou com os apóstolos o martírio. E, por último, podemos concluir que o caminho, não só exterior, mas especialmente interior, do monte da transfiguração da agonia, simboliza toda a peregrinação da vida cristã, entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, como diz o Concílio Vaticano II. Seguindo Jesus como Tiago, sabemos que, mesmo nas dificuldades, estamos no caminho correto” (Bento XVI – Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus – Planeta).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 24 de julho de 2025

(Ex 19,1-2.9-11.16-20; Sl Dn 3; Mt 13,10-17) 16ª Semana do Tempo Comum.

“Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram,

desejaram ouvir o que ouvis e não ouviram” Mt 13,17.

“Jesus falava ao povo por meio de parábolas, era a sua pedagogia. Um dia, depois de ter contado a Parábola do Semeador, os discípulos questionaram a sua forma de ensinar. Jesus, então, respondeu: ‘Falo em parábolas para provocar os corações. Aqueles que buscam o Reino, compreendem e são fortalecidos. Os que não compreendem, poderão mudar de caminho. Mas, se insistirem em continuar surdos e cegos, o que podemos fazer? Não poderão alegar que não foram avisados... O que vocês estão vendo é exatamente aquilo que está no Profeta Isaías: Muita gente escuta, mas não compreende; olha, mas não enxerga. E se não enxergam e não compreendem, é porque as mentes estão confusas, e os olhos e ouvidos estão tapados... Felizes são vocês, que enxergam e escutam; e eu digo para vocês, muitos profetas desejaram ver o que vocês veem... (Mt 13,10-17)’. Como se vê, Jesus tinha muito claro o que queria (seus objetivos) e o terreno em que pisava (contexto social, cultural, religioso). Embora tivesse muita vontade de anunciar o Reino, sabia que nem todos os ouvintes acolheriam sua mensagem. Ainda assim, não desanimava. Seguia em frente, lançando as sementes. Algumas, certamente, cairiam em terra boa, e isso já valeria o esforço. Nos dias de hoje, temos muito mais oportunidades para conhecer e compreender a mensagem de Cristo. Não faltam, em todo o Brasil, cursos e estudos bíblicos, retiros e grupos de leitura e partilha da Palavra. Somos privilegiados. Você já pensou em fazer parte de algum desses grupos? Que tal experimentar? Não perca tempo. Como disse o Mestre, ‘felizes os que enxergam e escutam!’ – Que privilégio temos em ouvir tua Palavra, em poder crescer com teus ensinamentos. Por isso, pedimos, Senhor: desperta bem os nossos sentidos, purifica-nos de nossos pecados e fortalece-nos no caminho da fé, para que a tua Palavra encontre sempre abrigo em nossos corações. Amém (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia 2015 – Vozes) 

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 23 de julho de 2025

(Ex 16,1-5.9-15; Sl 77[78]; Mt 13,1-9) 16ª Semana do Tempo Comum.      

“O Senhor disse a Moisés: ‘Eu farei chover para vós o pão do céu. O povo sairá diariamente

e só recolherá a porção de cada dia’” Ex 16,13a-b.

“Deus atendeu a necessidade do povo, enviando pão e carne para alimentá-lo por quarenta anos. Só a graça de Deus para salvar o seu povo naquele deserto. Sem esta interferência todos morreriam. Ela veio no momento certo e saciou as necessidades físicas do povo. Dois aspectos são importantes. Deus providenciou comida para matar a fome do povo e também quis provar o seu povo para ver se ele, de fato, era obediente. Essa estratégia divina visava ensinar o povo a viver na dependência dele. Não deveria confiar na sua própria força e capacidade. Deveria recolher apenas uma porção diária. Aquilo que sobrava estragava. As pessoas estavam sendo educadas a confiarem na subsistência divina. No dia seguinte, tudo poderia ser recolhido novo e fresquinho. E Deus disse: ‘Este é o alimento que o Senhor está mandando para vocês comerem’. Pão é sinônimo de sustentação e pode ser traduzido em linguagem comum e representar todos os tipos de alimentos e até ser representado pelo governo que promove paz e segurança. Também pode representar o bom vizinho que ajuda a cuidar de nossos bens. Pão é também o próprio Jesus que desceu do céu e alimenta espiritualmente nossos corações com alegria e perdão. Jesus ensinou a orar: ‘Dá-nos o pão de cada dia’. Do céu vêm as chuvas que molham a terra e a preparam para receber a semente. Uma vez ver germinada, produz os frutos disponíveis ao sustento dos seres vivos. Isto é graça que se transforma no coração agradecido em adoração e obediência ao Deus todo-poderoso. – Senhor! Não queremos ser ingratos e agredi-lo em nossa insensatez. Queremos confiar, agradecer e aprender a sermos obedientes e valorizar o teu sustento. Muito obrigado pelo pão de cada dia. Amém (Arnaldo Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia – 2017 – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 22 de julho de 2025

(Ct 3,1-4; Sl 62[63]; Jo 20,1-2.11-18) Santa Maria Madalena, discípula de Jesus.

“Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor!’ e contou o que Jesus lhe tinha dito”

Jo 20,18.

“Portanto há diferentes mulheres que de formas distintas gravitaram em torno da figura de Jesus com funções de responsabilidade. Constituem um exemplo eloquente as mulheres que seguiam Jesus para ajudá-lo com seu sustento, de que Lucas nos oferece alguns nomes: Maria Madalena, Joana, Susana e ‘muitas outras’ (cf. Lc 8,2-3). Os Evangelhos também nos informam que as mulheres, diferentemente dos Doze, não abandonaram Jesus no momento da Paixão (cf. Mt 27,56.61; Mc 15,40). Entre elas destaca-se em particular Madalena, que não só presenciou a Paixão, mas também a foi a primeira testemunha, a mensageira do Ressuscitado (cf. Jo 20,1.11-18). Precisamente a Maria Madalena, santo Tomás de Aquino lhe reserva um qualificativo singular de ‘apóstolo dos apóstolos’ (Apostolorum apostola), dedicando-lhe este bonito comentário: ‘Assim como uma mulher havia anunciado ao primeiro homem palavras de morte, também uma mulher foi a primeira que anunciou aos apóstolos palavras de vida’ (Super Ioannem, Ed. Cai, parágrafo 2519)” (Bento XVI – Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus – Planeta).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 21 de julho de 2025

(Ex 14,5-18; Sl Ex 15; Mt 12,38-42) 16ª Semana do Tempo Comum.

“No dia do juízo, os habitantes de Nínive se levantarão contra esta geração e a condenarão,

porque se converteram diante da pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”

Mt 12,41.

“O exemplo dos antigos pagãos questiona a nós, os cristãos de hoje. Eles se arrependeram dos seus pecados e conseguiram o perdão. Qual a nossa atitude pessoal e comunitária? Prestemos atenção no contraste entre eles e nós. Jonas pregou uma vez; Jesus muitas vezes. Jonas falou; Jesus falou e fez muitos milagres, que provam a verdade do que afirmava. Jonas foi um profeta; Jesus é mais que um profeta. Jonas pregava a destruição da cidade; Jesus prega a construção do novo Reino de Deus. Os judeus não tinham desculpas; porém em nossos dias também nós não o temos. Nós, como os judeus de então, fomos objeto dos atos de bondade do Senhor e a nós se nos falou por meio do próprio Jesus, com o que temos comprometido nossa vida de testemunho e de apostolado; nós temos todos os meios que a graça nos dá e nos sentimos incentivados por todas as exigências do nosso batismo e de nossa vida de consagração ao amor do Senhor. Nossa verdadeira conversão será com certeza o milagre que os homens esperam de nós para converterem-se ao Senhor, mas também com os homens” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

16º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Gn 18,1-10; Sl 14[15]; Cl 1,24-28; Lc 10,38-42)*

1. As exigências da vida moderna obrigam-nos a correr a um ritmo estonteante e fazem-nos deixar para trás coisas fundamentais. A Palavra de Deus que a liturgia deste domingo nos propõe convida-nos a redescobrir as prioridades e valores que tornam a nossa vida mais humana e mais cheia de sentido.

2. A 1ª leitura propõe-nos o exemplo de Abraão, o homem que não se importa de gastar tempo com o “outro”. Quando aparecem junto da sua tenda três visitantes inesperados, Abraão acolhe-os, prepara-lhes um banquete, oferece-lhes o que tem de melhor.

3. Em cada pessoa que nos “visita”, é Deus que vem ao nosso encontro. O tempo que gastamos a acolher e a cuidar dos nossos irmãos é um tempo que enche de significado a nossa vida. Podemos aprender também que o divino sempre se apresenta por surpresa em nossa vida.

4. Embora tal não seja afirmado abertamente, fica no ar a ideia de que o dom do filho é a resposta de Deus à atitude hospitaleira de Abraão. Deus recompensa o seu servo Abraão pela sua bondade, pela sua solicitude, pelo seu amor gratuito.

5. A imagem de Deus que este texto apresenta é muito bela: o Deus de Abraão é um Deus que vem ao encontro do homem, que se detém junto dele, que aceita entrar na sua tenda e sentar-se à sua mesa, estabelecendo assim laços de família com o ser humano. É o Deus do diálogo e da comunhão, que se apresenta em nossa vida e que se dispõe a concretizar os sonhos e as aspirações humanas.

6. Como é que vemos as pessoas que, a cada passo, se cruzam conosco? Que valor lhes atribuímos? Vemos o “outro” – aquele ou aquela que Deus envia ao nosso encontro – como uma “prenda” de Deus ou como uma ameaça ao nosso bem-estar, à nossa segurança, ao nosso comodismo?

7. Assim a leitura nos prepara para o Evangelho, onde duas irmãs – Marta e Maria – acolhem Jesus na sua casa. Marta prepara para o hóspede uma boa refeição; Maria senta-se aos pés de Jesus, a escutar o que Jesus diz. São duas atitudes válidas, próprias do discípulo.

8. Muitas vezes, este episódio foi lido à luz da oposição entre ação e contemplação, com Marta representando a vida ativa e Maria a vida contemplativa. Mas a questão essencial que sobressai neste relato não é a “bondade” de um estilo de vida em detrimento de outro.

9. O que está em causa, nesta história de duas irmãs que acolhem Jesus na sua casa, é a definição da “atitude” do discípulo, de qualquer discípulo.

10. Há discípulos que, diante da urgência do trabalho apostólico, se envolvem completamente na ação, com generosidade e entrega; mas, absorvidos pela voragem do trabalho, deixam de ter tempo para se sentar aos pés de Jesus e para escutar Jesus; no meio da agitação que os envolve, perdem o sentido das coisas, deixam de perceber o rumo em que devem caminhar.

11. Assim, Lucas aproveita para sugerir que a escuta da Palavra de Jesus deve preceder a ação. A ação sem a escuta de Jesus torna-se mero ativismo que, mais tarde ou mais cedo, se esvazia de sentido.

12. Mais do que uma história de acolhimento ou de hospitalidade, esta narração parece ser, sobretudo, uma catequese sobre o discipulado. Quem é o verdadeiro discípulo de Jesus? Qual deve ser a preocupação primordial daquele que se dispõe a seguir Jesus?

13. É verdade que “a messe é grande e os trabalhadores são poucos” (Mt 9,37); mas nenhuma ação dará frutos consistentes se não assentar na escuta de Jesus, no encontro com a Palavra de Jesus.

14. Todos os discípulos – todas as Martas – necessitam de encontrar tempo para se sentarem calmamente aos pés de Jesus, para escutarem a Palavra de Jesus, para acolherem a paz que brota de Jesus, para redescobrirem o caminho que Jesus os convida a percorrer.

15. Os discípulos que vão com Jesus a caminho de Jerusalém e os discípulos que se dispõem a seguir Jesus em qualquer época da história devem estar conscientes disto.

* Reflexão com base em exegese dos padres Dehonianos (site português).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 19 de julho de 2025

(Ex 12,37-42; Sl 135[136]; Mt 12,14-21) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Os filhos de Israel partiram de Ramsés para Sucot. Eram cerca de seiscentos mil homens a pé,

sem contar as crianças” Ex 12,37.

“O breve texto narrativo compõe-se de duas partes: a primeira conta a saída de Israel do Egito, detendo-se sobre o número dos que saíram, sobre as suas classes e sobre a falta de mantimentos para a viagem (vv. 37-39); a segunda apresenta uma descrição da Páscoa, através da indicação do tempo da permanência de Israel no Egito e, sobretudo, a perene qualificação daquela noite como ‘noite de vigília’, para o Senhor e para os Israelitas (vv. 40-42). [Compreender a Palavra:] Israel inicia a caminhada. Depois de anos de escravidão é finalmente um povo livre e pode começar a viagem que o levará à terra dos antepassados. A caminhada para a liberdade tem uma dimensão de urgência que não admite hesitações: parte-se sem se quer preparar mantimentos, que serão necessários ao longo da viagem. Vão também os rebanhos, para indicar não só a riqueza do povo, mas para manifestar também que a escravidão terminou, inclusive para os animais: todo o Israel e tudo o que lhe pertence participa do projeto de libertação de Deus. Israel, além disso, deixa o Egito juntamente com uma grande multidão de outra gente, um modo para sublinhar de novo o motivo de uma libertação que se alarga, envolvendo até quem não pertence diretamente ao povo. É a memória do fato de que em Abraão e na sua descendência todos os povos serão abençoados (cf. Gn 12,3). Pode causar admiração o número extraordinário dos Israelitas que partiram, ‘seiscentos mil homens’ (v. 37), entende sugerir que todo o Israel, mesmo o Israel futuro, estava presente na saída do Egito” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum I] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 18 de julho de 2025

(Ex 11,10—12,14; Sl 115[116B]; Mt 12,1-8) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus respondeu-lhes: ‘Nunca lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros sentiram fome?”

Mt 12,3.

“Jesus foi firme ao rebater as críticas dos fariseus quando viram os discípulos colhendo espigas de trigo e comendo-as, em dia de sábado. Para os fariseus, este fato configurava-se como um aberto desrespeito à Lei. E, pior ainda, praticado com anuência do Mestre Jesus. Algo de errado estava acontecendo: alguém, pensando ensinar em nome de Deus, mostrava-se incapaz de respeitar a Lei dada pelo mesmo Deus. Daí podia-se concluir, sem perigo de errar, que Jesus não vinha da parte de Deus. Entretanto, este desrespeito à Lei de Deus era só aparente, Jesus estava em perfeita comunhão com Deus ao concordar que, quem estivesse com fome, podia encontrar um meio de saciá-la, mesmo atropelando uma Lei religiosa. O imperativo da vida estava perfeitamente de acordo com a vontade de Deus. Errado seria obrigar o discípulo do Mestre a desfalecer pelo caminho, embora tivessem alimento à mão, só porque a colheita estava no rol das atividades proibidas em dia de sábado. O gesto de Jesus teve um antecedente no Antigo Testamento, na pessoa de Davi. Fugindo da perseguição de Saul, chegara faminto a um santuário, cujo sacerdote, na falta de outro pão, ofereceu ao fugitivo o pão consagrado, que só aos sacerdotes era permitido comer. Gesto sensato, pois o pão consagrado destinava-se a garantir a vida de um ser humano. Portanto, a atitude do sacerdote foi plenamente agradável a Deus. O mesmo aconteceu com Jesus! – Espírito de flexibilidade, que eu seja contaminado pela observância à Lei, sabendo que, para Deus, o imperativo da vida é mais importante (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 17 de julho de 2025

(Ex 3,13-20; Sl 104[105]; Mt 11,28-30) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” Mt 11,30.

“O Senhor está se referindo aqui à opressão de tanto formalismo na observância da lei, que os rabinos exigiam rígida e asperamente; no entanto, Jesus promete ser manso e bondoso, simples e compreensivo. Por sua vez, diz o Senhor que seu jugo, a lei que ele impõe, é suave, é suportável, não é opressor. Essas palavras de Jesus devem fazer-nos pensar que se a observância da lei, seja da lei natural ou da lei eclesiástica, ou de outra qualquer lei legítima à qual estejamos submetidos em razão de nossa vocação, nos é pesada e difícil, devemos pensar que não é tanto a lei, mas sim as disposições pessoais com as quais enfrentamos o cumprimento da lei, as causadoras desse peso e dessa dificuldade. Por isso nos diz: ‘Aprendei de mim’, se bem que apesar de ser essa a tradução mais corrente e literal, a intenção do Senhor, ao falar assim, é dizer-nos que ‘nos deixemos instruir por ele’, que aprendamos o que ele ensina na sua escola a seus discípulos, que também nós frequentemos sua escola. Consequentemente, mais que como exemplo, Jesus se apresenta a nós aqui como Mestre que ensina, mas que ensina o que primeiramente ele fez e viveu. Assim nos diz Lucas: ‘Contei toda a sequência das ações e dos ensinamentos de Jesus’ (Atos 1,1)” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 16 de julho de 2025

(Zc 2,14-17; Sl Lc 1; Mt 12,46-50) Bem-aventurada Virgem Maria do Carmelo.

“A minha alma engradece ao Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador” Lc 1, 46-47.

“Maria é verdadeiramente ‘a honra e a glória do nosso povo’ (cf. Jd 15,9), honrada não só pelos carmelitas, mas também por inúmeros fiéis espalhados no mundo inteiro, como Rainha e esplendor do Carmelo. Sob este título, seu culto remonta os primórdios da Ordem Carmelita. Liga-o a tradição à branca nuvenzinha avistada no monte Carmelo enquanto o profeta Elias suplicava a Deus que pudesse fim a uma longa seca. Naquela nuvenzinha semelhante ‘à palavra da mão de um homem’ (1Rs 18,44), que surgiu do mar e logo recobriu o céu de grossa nuvens carregadas de chuvas, reconheceu-se uma figura da Virgem Maria. Ao dar ao mundo o Salvador, foi portadora da vivificante água da graça. ‘Chova as nuvens o justo’ canta a Igreja no Advento, retomando um versículo de Isaías (45,8). A Virgem é bendita, toda santa e cheia de graça desde o primeiro momento de sua imaculada conceição, a mística nuvem que deu ao mundo o Salvador. Comprazem-se seus filhos em aplicar a Nossa Senhora do Carmo, juntamente com a Liturgia, o cântico do profeta: ‘Muitíssimo me alegrarei no Senhor, minha alma exultará no meu Deus, porque me revestiu com veste de salvação, cobriu-me com o manto da justiça’ (Is 61,10). Tais palavras são como um prelúdio do Magnificat, o Canto de Maria! Muito bem exprimem a gratidão da Virgem pelos privilégios com que a ornou Deus, preparando-a para Mãe de seu Unigênito. Dela, de fato, como de um jardim maravilhoso, ‘fará germinar a justiça’ (ibidem, 11), isto é, Jesus bendito ‘tornado para nós... justiça, santificação, redenção’ (1Cor 1,30). Maria não conserva só para si os dons insignes de que foi enriquecida, mas os reparte com todos os homens; a todos deu seu Jesus, e a todos quer revestir com suas ‘vestes de salvação’, com seu ‘manto de justiça’, ou seja, com a graça e a santidade merecidas pelo Filho. Eis o significado do escapulário e do bentinho de Nossa Senhora do Carmo, símbolos expressivos de sua obra materna em favor de seus devotos que a escolheram por especial padroeira” (Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD – Intimidade Divina – Loyola)

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 15 de julho de 2025

(Ex 2,1-15; Sl 68[69]; Mt 11,20-24) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres,

porque não se tinham convertido” Mt 11,20.

“Como os antigos profetas, Jesus lançou terríveis invectivas contra Corozaim, Betsaida e Cafarnaum, cidades que se recusaram a acolher sua pregação e converter-se de seus pecados. A impenitência destas cidades era injustificável. Afinal, a pregação de Jesus tinha sido suficientemente clara, revelando as exigências de Deus para aquele povo pecador. E mais, suas palavras haviam sido confirmadas por meio de numerosos milagres. Portanto, só lhes restava dar ouvidos às palavras de Jesus, e se converterem. As palavras incisivas do Mestre são justificáveis. Sua passagem pela vida das pessoas corresponde a um apelo escatológico, último, dirigido pelo Pai. Rejeitá-lo significa fechar-se à oferta da salvação provinda de Deus. Acolhê-lo é sinal de abertura para o Pai e para a vida eterna propiciada por ele. Seria admirável se Jesus, vendo alguém colocar-se no caminho da condenação, nada fizesse para demovê-lo desta atitude insensata. Ao falar duro, estava tentando chamar as cidades impenitentes ao bom senso. Bastava ver o que aconteceu com Sodoma e Gomorra, para se darem conta do futuro que teriam pela frente. Insistir na impenitência correspondia a caminhar para o mesmo destino delas. – Espírito de penitência, que eu saiba acolher o apelo de Jesus, e me disponha a mudar de vida, segundo as exigências do Reino (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 14 de julho de 2025

(Ex 1,8-14.22; Sl 123[124]; Mt 10,34—11,1) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Quem não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim” Mt 10,38.

“Tomar a cruz ou carregá-la quer dizer: o verdadeiro discípulo de Jesus deve estar disposto a padecer qualquer tipo de sofrimentos, privações e humilhações, antes que romper a fidelidade ao Senhor. Os sinóticos repetem muitas vezes a mesma frase: ‘tomar a cruz’; é sinal de que da boca do Senhor saiu com frequência e calou fundamente no coração dos seus discípulos, pela ênfase com que a pronunciara o Mestre. Seguir Jesus com a cruz, ir atrás dele, outra coisa não é senão seguir e imitar seus exemplos, moldar nossa vida à dele, viver de seu espírito. Tudo isso exigirá as próprias renúncias de todo discípulo do Senhor. Só o amor explica a renúncia à família, à formação do próprio lar, inclusive à aceitação da cruz, até o martírio se for preciso” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

 

15º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Dt 30,10-14; Sl 68[69]; Cl 1,15-20; Lc 10,25-37)*

- Uma senhora, que levava uma criança pela mão, veio a cair desmaiada na estação do metrô. Foi levada a uma enfermaria. No meio da confusão, a criança quase foi esquecida. Uma jovem a pegou no colo enquanto a mãe era medicada. E ali ficou até que retomasse os sentidos. Nesse ínterim, procurou acalmar e distrair a criança. Devolveu-a a mãe. Ao se despedir perguntou-lhe se queria que telefonasse para algum parente ou amigo para vir buscá-la. A senhora, então, lhe respondeu: - ‘Eu não tenho ninguém!’.

- Não ter ninguém é o mesmo que não ter alguém pela gente. Sem nenhuma pessoa que se interesse pela gente, não ser importante para o outro.

1. No nosso Evangelho, logo percebemos que a preocupação do mestre da Lei está no fazer. Jesus faz que entenda que o principal é o ser, o resto é consequência. Na palavra de Nosso Senhor, o amor a Deus não está longe do amor ao próximo, mas em íntima conexão, tanto assim que se fundem.

2. O amor ao próximo deve deitar raízes no amor a Deus, do contrário corre o perigo de esgotar-se. Perguntava-se à madre Teresa de Calcutá por que ela e suas irmãs se impunham tantas horas de oração, após um dia inteiro dedicado aos pobres e doentes.

3. Ela respondeu que justamente da familiaridade com Deus buscava força para servir os marginalizados, superar o cansaço e a repugnância, como também a ingratidão.

4. Separada do amor de Deus, a filantropia se irrita e desanima ao verificar que nem sempre o serviço ao próximo é gratificante. A filantropia acaba perdendo de vista a verdadeira dignidade do ser humano, as motivações profundas da sua dedicação.

5. Cristo não toma partido nas longas discussões sobre o raio de atingimento do termo ‘próximo’. Não se perde em determinar se se reduz aos familiares de casa ou se estende até o pagão convertido ao judaísmo, passando pela graduação dos amigos, vizinhos e compatriotas. A interrogação gira sobre a indicação do ‘próximo’.

6. Jesus apresenta uma contra pergunta, a qual inverte os termos da conversa, apontando não mais quem deve ser o objeto do amor, mas quem é o seu sujeito. Não se trata de saber quem é o meu próximo, mas de quem eu sou próximo? De todo aquele se aproxima de mim ou de quem eu me aproximo.  A parábola do samaritano é a concretização do amor ao próximo: doação.

7. O amor é bem característico. Não se confunde com o gostar, o qual implica um tipo de sentimento que se volta sobre si. Não é pura simpatia: esta seleciona os amigos em função de si. É mais do que solidariedade, porquanto esta é abstrata e não compromete.

8. Mais imperiosa do que a afinidade racial, nacional e religiosa, é a necessidade da ajuda. Sou o próximo para o outro quando me coloco no seu lugar, fazendo-lhe o que faria por mim ou para um ente querido nessas circunstâncias. 

9. São 27 Km que separam Jerusalém de Jericó. É uma estrada que avança por regiões escarpadas e desertas. Sua situação se presta para covis de assaltantes. Foi chamada de passagem sangrenta. Provavelmente o sacerdote e o levita se perguntaram: ‘Se eu parar, o que será de mim?’ O samaritano se fez uma pergunta diferente: ‘Se eu não parar, o que será do homem ferido?’.

10. Para prestar auxílio, corre-se o risco de renúncias pessoais: gasto de tempo, abalo de posição, mal-entendidos, sacrifício de comodidade, etc. Mas o essencial no preceito do amor é sair de si mesmo.

11. O samaritano fez a caridade por inteiro, não deixando nada para trás. Desde sua aproximação do ferido até a providência para gastos ulteriores, sua dedicação foi total. Nada teve de façanha heroica, apenas fez o necessário para salvar uma vida.

12. A atenção, eis o que se revela como condição de um amor concreto: estar atento para perceber o que é útil para aquela pessoa, naquele preciso momento de sua indigência. O samaritano não se restringiu ao indispensável, foi mais longe.  A caridade é o que se acrescenta à justiça.

13. Cristo é o Bom Samaritano. Se doou a todos, socorrendo principalmente os mais necessitados. Sua doação foi arriscada: pôs-se ao lado dos mais fracos. Não deixou nada para preencher em sua doação: deu-se até a morte na cruz. Quando alguém recorre a nós, nesse momento somos Cristo para ele. O que estende a mão para nós, representa Cristo.

(reflexão retirada do livro “À escuta de Deus” – Frei Paulo Gollarte - Vozes)   

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 12 de julho de 2025

(Gn 49,29-32; 50,15-26; Sl 104[105]; Mt 10,24-33) 14ª Semana do Tempo Comum.

“O discípulo não está acima do mestre nem o servo acima do seu senhor” Mt 10,24.

“Na perspectiva de Jesus, o ideal do discípulo é ser como o mestre. Em outras palavras, é no mestre que o discípulo deve se espelhar. Se consideramos as instruções recebidas pelos discípulos, constatamos que Jesus propõe-lhe como projeto de vida, os mesmos princípios que pautaram a sua ação missionária. Como ele, os discípulos teriam a missão de ir pelo mundo anunciar o Evangelho, e realizar os sinais indicativos da presença do Reino. Deveriam abrir mão de qualquer recompensa e viver a gratuidade e a pobreza. Deveriam estar preparados para a rejeição, a perseguição, o martírio. Contudo, não deveriam se preocupar, pois estariam sob a proteção do Espírito do Pai. Este lhes inspiraria a respeito do testemunho a ser dado. Por sua vez, o Pai irá preparar-lhes uma recompensa condigna, por terem vivido o discipulado com fidelidade. Tudo isto já tinha sido experienciado por Jesus, desde o início de seu ministério. Portanto, sua proposta aos discípulos é um projeto existencial, não uma imposição. Ele a pôs em prática, antes de transformá-la em pauta de ação para os seus seguidores. No exercício de sua missão, os discípulos encontram em Jesus um modelo consumado de vivência missionária. Só quem estiver disposto a partilhar a mesma sorte do Mestre, estará em condições de se tornar seu seguidor. – Espírito de conformidade com Jesus, disponha-me a partilhar a missão do Mestre, fazendo-me como ele, fiel até o fim, o projeto do Pai” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 11 de julho de 2025

(Gn 46,1-7.28-30; Sl 36[37]; Mt 10,16-23) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes

e simples como as pombas” Mt 10,16.

“Devendo viver rodeados de tantos perigos e de tão encarniçados inimigos, deveremos manter-nos sempre com prudência e simplicidade, deveremos ser sempre circunspectos, a fim de evitar que, de um modo ou de outro, possam interpretar nosso viver como um antitestemunho de nossa fé, de nossa fé; mas ao mesmo tempo viver com simplicidade e humildade, querendo bem a todos, tratando-os com respeito e compreensão amistosa. O sentido do termo aramaico, empregado por São Mateus, e traduzido por ‘simples’, indica preferivelmente ‘ser perfeitos’. A perfeição consiste na simplicidade, na singeleza e ausência de complicações. Ao verdadeiro apóstolo de Jesus nada deve ser complicado; para ele, o mais simples e perfeito a que deve tender é viver no amor de Deus. Porém não devemos confundir a simplicidade com a ingenuidade, nem o apostolado com o ímpeto descontrolado, nem a prudência com o cálculo egoísta. Certo medo e timidez, certa preguiça para o apostolado, certo egoísmo em nossa vida comunitária, costumamos cobri-los com as aparências de prudência e moderação” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 10 de julho de 2025

(Gn 44,18-21.23-29; 45,1-5; Sl 104[105]; Mt 10,7-15) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Entretanto, não vos aflijais nem vos atormenteis por me terdes vendido a este país. Porque foi para a vossa salvação que Deus me mandou adiante de vós para o Egito” Mt 10,5.

“A história de José chegou ao momento crucial. Irreconhecível para os irmãos, coloca-os à prova para verificar se os seus corações tinham mudado em relação ao pai, a quem tinham causado desgosto com a pretensa morte do filho amado, e para compreender qual a sua atitude para com Benjamim, filho, tal como José, de Raquel. A comoção de José é de tal modo que ele não consegue manter a dissimulação e revela-se aos irmãos, tranquilizando-os com uma frase que é a razão de ser de toda a narração. [Compreender a Palavra:] Mais do que analisar os pormenores da longa narração, que o autor conduz com grande perícia, é importante compreender o sentido do conjunto, expresso na afirmação final: ‘Foi para salvar as vossas vidas que Deus me enviou aqui’ (45,9). Não há ressentimento nem rancor em José, nem autocompaixão pelo seu muito sofrimento: ele sabe ler, na sua vida tecida de tanta dor, um desígnio divino que ultrapassa a visão humana e que do sofrimento de um sabe extrair, com infinita misericórdia, por caminhos misteriosos, o bem de muitos. A história de José torna-se assim emblemática do próprio Povo de Deus repelido, maltratado, exilado, mas também da sorte do justo perseguido até à morte, servo por amor. Assim José, o preferido do pai, o atraiçoado dos irmãos e mais tarde seu salvador, torna-se ‘tipo’, isto é, figura de Cristo, o único inocente, o Filho amado, atraiçoado até à morte pelos irmãos, e seu salvador. O desenvolvimento desta tipologia pode levar muito longe” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum I] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 09 de julho de 2025

(Gn 41,55-57; 42,5-7.17-24; Sl 32[33]; Mt 10,1-7) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel!” Mt 10,6.

“Jesus organiza o apostolado; reúne em torno de si um número de pessoas, às quais forma para a missão, às quais dota de todos os poderes e qualidades, que essa missão há de exigir. Jesus envia os apóstolos para destruir o mal no mundo; é, pois, lógico que os dotasse de poderes contra o mal, afirmado no evangelho com a expressão ‘espíritos imundos’. A vontade salvífica de Deus ultrapassa naturalmente o horizonte da Palestina, embora a missão apostólica da vida terrestre de Jesus se tenha realizado dentro dos limites palestinenses. Talvez a vontade de Deus seja que eu limite meu apostolado a determinado setor; talvez me envie como apóstolo volante a evangelizar campos virgens; talvez meu campo de ação veja-se reduzido ao lar, à comunidade, à minha paróquia; talvez tenha-me concedido o carisma de Paulo, enviado aos pagãos, aos que não têm fé. ‘A palavra de Deus não se deixa acorrentar’ (2Timóteo 2,9) a nenhum lugar, a nenhuma pessoa, a nenhuma circunstância, nem a nenhum condicionamento: ‘Prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir’ (2Timóteo 4,2). Não poucas vezes a prudência humana opõe-se à prudência do espírito de Deus. Não poucas vezes o medo ou a timidez disfarçam-se de prudência humana. Dessa prudência humana que acorrenta a palavra de Deus” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 8 de julho de 2025

(Gn 32,23-33; Sl 16[17]; Mt 9,32-38) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Quando o demônio foi expulso, o mundo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam:

‘Nunca se viu coisa igual em Israel’” Mt 9,33.

“A ação taumatúrgica de Jesus deixava as multidões estupefatas. Na opinião delas, jamais havia acontecido algo semelhante em Israel. Esta sensibilidade diante dos milagres de Jesus predispunha as pessoas a acolhê-lo na fé, e a aceitar tornar-se discípulo dele. Onde se situava a admirabilidade dos milagres de Jesus? Quais eram suas peculiaridades? Ele agia com um poder vindo diretamente de Deus. Não pretendia chamara a atenção sobre si mesmo. Curava os doentes e expulsava os demônios por força de sua palavra cheia de autoridade, sem recorrer a gestos ou palavras mágicas. Seus milagres não eram feitos para agradar ou captar a benevolência de ninguém. Tudo se passava no âmbito de uma fé profunda. Evitava qualquer tipo de exibicionismo de poder, que transformaria seus milagres em verdadeiros shows. Os milagres de Jesus correspondiam às esperanças messiânicas, que atribuíam ao Messias o poder de realizar prodígios reveladores de sua identidade. Por fim, correspondiam, também, aos anseios humanos de vida, saúde e libertação. Mesmo assim, os milagres não chegavam a convencer a quem estivesse fechado para Jesus. É por isso que os fariseus não hesitavam em atribuí-los a um poder recebido do príncipe dos demônios. – Espírito de admiração, ao contemplar os milagres de Jesus, tenha eu sensibilidade para descobrir neles o poder divino atuando em favor da humanidade carente de vida” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

 

Segunda, 07 de julho de 2025

(Gn 28,10-22; Sl 90[91]; Mt 9,18-26) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele e disse: ‘Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela, e ela viverá’” Mt 9,18.

“A série de milagres volta com um novo grupo de quatro episódios que narram o regresso à vida (cf. Mt 9,18-34). O primeiro, na simples narração de Mateus, tem por objeto a restituição da vida física à filha de um chefe, representante do judaísmo oficial; e a restituição à vida social de uma mulher legalmente impura e, portanto, excluída da esfera religiosa do seu povo, com consequências equivalentes a uma morte civil. [Compreender a Palavra:] O interesse principal do duplo milagre é o de evidenciar a importância da fé em Jesus, que restitui a saúde aos corpos e ressuscita os mortos. Mateus não atribui um nome ao homem que, já certo da morte da filha, recorre igualmente ao Mestre, demonstrando fé no Seu poder capaz de salvar. O evangelista não cita sequer as multidões que se atropelam junto de Jesus, e que na narração de Marcos representam o cenário tumultuoso em que a hemorrágica temerosa exprime uma fé segura no Senhor (cf. Mc 5,24.31). Jesus aparece somente com os discípulos e com mulher que crê – só isto importa – e concede a salvação (o verbo ‘sózo’, salvar, aparece três vezes nos vv. 21-22). Assim também, com extrema simplicidade, Mateus narra a ressurreição da menina como se tratasse de um caso entre Jesus e rapariguinha, sem citar os pais dela nem os três discípulos que, segunda a narração de Marcos, ele quis que O acompanhassem (cf. Mc 5,37): também aqui, o verbo utilizado (eghérthe) ‘levantou-se’ é o mesmo da ressurreição do Filho do homem” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum I] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

14º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Is 66,10-14; Sl 65[66]; Gl 6,14-18; Lc 10,1-12.17-20)

1. O envio em missão dos 72 discípulos, que é exclusivo de Lucas, para ser entendido em todo seu alcance exige sublinhar brevemente alguns elementos do texto.

2. O número dos enviados oferece uma indicação significativa. Segundo a antiga tradição judaica, este era o número dos povos dispersos pela face da terra. Sendo assim, a mensagem de Cristo não exclui ninguém. Todos os povos são chamados a fazer parte do Reino.

3. Devem ir “dois a dois”. Segundo o costume hebraico, para que haja uma testemunha válida segundo a Lei. Além de ajudar-se mutuamente. Na prática, a comunidade cristã, não o indivíduo, é que deve ser missionária.

4. “Como Cordeiros para o meio de lobos”. Não é uma perspectiva alegre. A fragilidade, a mansidão, representam componentes essenciais ao estilo que deve caracterizar a missão cristã. É proibido iludir-se. Não se trata de triunfo, mas de uma perspectiva de dificuldades. Não faltará a ajuda do Pastor.

5. “Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias...”. São expressões que não devem ser tomadas ao pé da letra, mas que indicam, sem possibilidades de equívocos, que esta deve ser vivida sob o sinal da liberdade. Os discípulos não devem buscar outro apoio que não próprio Cristo.

6. O discípulo é forte unicamente na fragilidade da Palavra de Deus. O Evangelho não precisa de meios adequados e muito chamativos. O que precisa aparecer é a força que está no Evangelho, não nos meios. Não confundamos eficácia com eficiência. Incidência evangélica e possibilidades humanas caminham em direções contrárias.

7. “... não cumprimenteis ninguém pelo caminho”. O discípulo é alguém que tem pressa de levar a boa nova; é nessa perspectiva que devemos compreender a recomendação de Jesus. É a urgência da missão. Tenhamos em conta os usos impostos pelo cerimonial oriental para uma saudação, curvar-se, ajoelhar-se, prostrar-se. Muito salamaleque. A importância da notícia vale mais que galanteio.

8. “Quando entrardes numa cidade e não forem bem recebidos...”. Jesus assinala tarefas, mas não garante o sucesso. A atividade missionária encontra necessariamente várias dificuldades e oposições. Não há porque admirar-se, nem desanimar. O anúncio do Reino é compatível com certo sofrimento e tempos longos. Não com a facilidade e a impaciência.

9. “A paz esteja nesta casa”. O mensageiro do evangelho deve ser portador de paz. Cristo traz a plenitude, a alegria, não o luto, desventura ou castigo. O seu representante não pode ostentar outra coisa. Não devemos cansar de anunciar a paz. A palavra proclamada é já palavra eficaz. É acontecimento.

10. O envio em missão não diz respeito a uma categoria de pessoas, quase um grupo especial de expedição. Faz parte da vida de todos os batizados. Essa página do Evangelho diz respeito a todos nós. Ser cristão não significa acolher uma alegre notícia tão somente para si. Significa assumir a responsabilidade de levá-la a outros.

11. Cristão não é um que simplesmente sabe. É um que faz saber, comunica, transmite. Antes de partir, Jesus envia seus discípulos a anunciar o evangelho ao mundo, a todas as criaturas. É preciso caminhar. Não se trata de conquistar. Simplesmente caminhar. O cristão é um que se caracteriza pelo gosto da estrada. Seguir adiante, avançar...

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 05 de julho de 2025

(Gn 27,1-5.15-29; Sl 134[135]; Mt 9,14-17) 13ª Semana do Tempo Comum.

“Disse-lhes Jesus: ‘Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles?

Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão’” Mt 9,15.

“Jesus não admitia intromissões na sua maneira de formar os discípulos. Por isso, muitas vezes foi obrigado a enfrentar os fariseus e outros grupos que queriam comparar-se com os discípulos de Jesus, apresentando-se como modelo. A questão da prática do jejum era um dos muitos pontos de conflito. Porque jejuavam, essas pessoas não podiam admitir que os discípulos de Jesus não fizessem o mesmo. Em última análise, não podiam aceitar que o Mestre os orientasse para um evidente desrespeito à prática já consagrada. A resposta de Jesus deixa entrever que os seus adversários viviam num tempo de tristeza e de incerteza, preparando-se ainda para a chegada do Messias. Os discípulos estavam dispensados disso. Afinal, tinham junto de si o Messias esperado. Não era necessário que se entregassem a jejuns prolongados, pois viviam num tempo de alegria. Consequentemente, para eles não tinha valor o ultrapassado esquema farisaico. O jejum cristão é outra coisa. Seu contexto é a espera da volta de Jesus. Num clima de preparação para acolhê-lo, é que os cristãos jejuarão. Só quem passou por uma radical renovação interior será capaz de compreender este ensinamento do Mestre. – Espírito que renova interiormente, torna-me apto para assimilar o ensinamento de Jesus, sem querer enquadrá-lo em esquemas humanos convenientes” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

  Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 04 de julho de 2025

(Gn 23,1-4.19; 24,1-8.62-67; Sl 105[106]; Mt 9,9-13) 13ª Semana do Tempo Comum.

“Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato,

eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” Mt 9,13.

“Deus prefere a misericórdia ao sacrifício; este texto é tomado do profeta Oséias: ‘Porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos’ (Oséias 6,6). O texto de Oséias vem a ser uma repreensão tácita do espírito farisaico, que colocava a santidade nas aparências e nos ritos externos, descuidando da caridade interior, que deve animar toda a vida do justo. O sacrifício é o ato externo de maior valor cultual; no entanto, mais agradável a Deus é o que se lhe dedica autenticamente pela prática de seus preceitos, e não pelo rito externo, a simples observância mecânica de alguns sacrifícios, regras ou costumes, se não forem verdadeira expressão da plena dedicação de nossa vida inteira a Deus. E isto é o que o Senhor quer, ao falar da misericórdia e dos sacrifícios; assim, curar os enfermos era a misericórdia dedicada à caridade; por isso, diz o Senhor que prefere a misericórdia. A misericórdia para com o próximo, isto é, o amor, a caridade, a compreensão para com cada um, sem as quais os próprios sacrifícios oferecidos a Deus, como expressão do culto devido a ele, não serão aceitos perante sua divina presença” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 03 de julho de 2025

(Ef 2,19-22; Sl 116[117]; Jo 20,24-29) São Tomé, apóstolo.

“Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio” Jo 20,24.

“Conhecidíssima e até proverbial é a cena de Tomé incrédulo, realizada oito dias depois da Páscoa. Num primeiro momento, não acreditou que Jesus tivesse aparecido em sua ausência e disse: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão na ferida dele, eu não acreditarei” (jo,25). Do fundo destas palavras emerge a convicção de que Jesus agora são, antes de tudo, suas feridas, nas quais se revela até que ponto ele nos amou. Nisso o apóstolo não se equivoca. Como sabemos, oito dias depois Jesus volta a aparecer entre os seus discípulos, e desta vez, Tomé está presente. E Jesus o interpela: “Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque a minha ferida. Não seja incrédulo, mas tenha fé” (Jo 20,27). Santo Agostinho comenta a este propósito: Tomé ‘via e tocava ao homem, mas confessava a sua fé em Deus, que não via e nem tocava. Mas aquilo que via e tocava o induzia a crer naquilo de que até aquele momento duvidava” (In Iohann, 121,5). O evangelista continua com uma última palavra de Jesus a Tomé: ‘Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ser visto!’ (Jo,29). Esta frase também pode ser transportada para o presente. Aqui Jesus enuncia um princípio fundamental para os cristãos que viram depois de Tomé, quer dizer, para todos nós. É interessante observar como outro Tomás, o grande teólogo medieval de Aquino, compara esta forma de felicidade com aquela aparentemente oposta que transmite Lucas: ‘Felizes os olhos que veem o que vocês veem’ (Lc 10,23). Mas o de Aquino comenta: ‘Merece muito mais quem crê sem ver do que quem crê vendo’ (In Iohann, XX lectio VI,2566). De fato, a Carta aos Judeus, quando refere toda a série de antigos patriarcas bíblicos, que acreditaram em Deus sem ver a realização de suas promessas, define a fé como uma ‘forma de possuir o que se espera, um meio de conhecer as coisas que não se veem’ (Hb 11,1). O caso do apóstolo Tomé é importante para nós ao menos por três motivos: primeiro, porque nos consola de nossa insegurança; segundo, porque nos demonstra que toda dúvida pode desembocar numa saída luminosa livre de qualquer incerteza; e, por último, porque as palavras que lhe dirige Jesus nos lembram o verdadeiro sentido da fé madura e nos anima a continuar, apesar das dificuldades, em nosso caminho de adesão a Ele” (Bento XVI – Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus – Planeta).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 02 de julho de 2025

(Gn 21,5.8-20; Sl 33[34]; Mt 8,28-34) 13ª Semana do Tempo Comum.

“E disse a Abraão: ‘Manda embora essa escrava e seu filho, pois o filho de uma escrava

não pode ser herdeiro com o meu filho Isaac” Gn 21,10.

“Do texto de hoje sobressai um confronto entre duas mulheres e dois filhos, entre a mulher livre e a escrava, entre o filho carnal e o filho da promessa. O episódio, descrito como um banal conflito familiar, esclarece o fato de que cada pessoa tem uma parte insubstituível na História e que o Senhor cuida de cada um, mas também que escolhe livremente quem deve desempenhar um papel específico na História da Salvação, e que essa escolha passa por vezes através dos caprichos dos homens. [Compreender a Palavra:] O autor sagrado, enquanto narra a expulsão da escrava Agar em benefício do filho de Sara (Isaac), preocupa-se em sublinhar que Abraão, perturbado com o repúdio do filho Ismael que Sara lhe pediu, se decidiu a efetuar esse gesto só depois de ter compreendido que a vontade de Deus passava através dessa dolorosa circunstância. Dos dois filhos, de fato, nascerão dois povos distintos, com duas grandezas diferentes e com duas histórias distintas, e só por Isaac passará a linha da História da Salvação. ‘Concede a Sara tudo o que ela e pedir’ (v. 12): a palavra de Sara é considerada profética, embora movida por considerações humanas, porque de certo modo lê os sinais e movimenta a História segundo a vontade de Deus. Na base desse episódio, Sara está incluída pela tradição hebraica nas sete profetisas bíblicas, juntamente com Míriam, Débora, Hulda (as únicas três que recebem o nome de ‘profetisa’ pela Escritura), Ana, Abigail, Ester. Mas também a Agar, a egípcia, a Palavra de Deus ‘abriu-lhes os olhos’ (v. 19) e orienta-a para que continue a viver” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum I] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite