(At 28,16-20.30-31; Sl 10[11]; Jo 21,20-25) 7ª Semana da Páscoa.
“Este é o discípulo que dá testemunho
dessas coisas e que as escreveu;
e sabemos que o seu testemunho é
verdadeiro” Jo
21,24.
“O
capítulo 21 termina de uma maneira estranha: ‘É este discípulo que testemunha
essas coisas e as escreveu, e nós sabemos que o seu testemunho é conforme a
verdade. Jesus fez ainda muitas outras coisas; se as escrevessem uma a uma, o
mundo inteiro não poderia, penso eu, conter os livros que se escreveriam’
(21,24-24). Não precisamos ler tudo o que se escreveu sobre Jesus. Basta
meditar sempre de novo as palavras que o discípulo amado nos transmitiu no
evangelho de João. Elas nos querem abrir os olhos para o que é essencial. Não
se trata de saber muito, importa, isso sim, entender. Não se trata de contar a
história de Jesus em sua ordem cronológica. Importa ver nele o revelador que
afasta o véu que cobre tudo, para que entremos na realidade, concordando com o
maravilhoso, como diz Peter Schellenbaum. Fundiu-se com a realidade, estar de
acordo com o que é real, continua Schellenbaum, leva a um novo sentir da vida,
uma nova experiência direta, à vida verdadeira, pois muitas vezes estamos
mortos, presos em obsessões recorrentes (SCHELLENBAUM, 2001, p. 306s). Segundo
Gregório de Nissa, a última frase do evangelho de João nos mostra que o
espírito de Deus ultrapassa toda a compreensão humana. Por isso é impossível
encerrá-lo em livros. O mundo inteiro é incapaz de abarcar a plenitude dos
ensinamentos de Cristo. ‘Como Deus criou todas as coisas com sabedoria, e como
a sua sabedoria não tem limites, é impossível para o mundo, restringido pelos
seus próprios limites, conter em si toda sabedoria ilimitada’ (Citado segundo
SANFORD, 1997, p. 213, v. 2). Todo livro escrito só tem o sentido de ajudar a
compreender o mistério da vida e do amor que Jesus revelou e que o discípulo
amado testemunhou” (Anselm
Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).
Pe.
João Bosco Vieira Leite