Sábado, 01 de março de 2025

(Eclo 17,1-13; Sl 102[103]; Mc 10,13-16) 7ª Semana do Tempo Comum.

“Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos” Mc 10,16.

“O carinho de Jesus para com as crianças aponta para o modo como os discípulos do Reino deverão tratar todos os pequeninos. As criancinhas simbolizavam todos os marginalizados, sem direito a cidadania, na sociedade da época. Quando alguém é privado deste direito, corre o risco de tornar-se vítima do desrespeito e da tirania dos orgulhosos e prepotentes. Sua dignidade é espezinhada, numa flagrante violação da vontade de Deus. Por isso, Jesus não suportou que os discípulos afastassem os que traziam as criancinhas para que ele as tocasse. Ficou indignado! É que eles não entendiam que as crianças e os marginalizados tinham precedência no Reino. Os discípulos, pelo contrário, pensavam o Reino como coisa de homens, de adultos, de gente cuja cidadania era reconhecida. Os demais não contavam. Mas Jesus não aprovou esta maneira de pensar. Ao tomar as crianças em seus braços, abençoá-las e impor-lhes as mãos, ele estava fazendo um gesto profético: quebrar as estruturas rígidas da sociedade de sua época, e inaugurar uma nova sociedade, onde as relações interpessoais são regidas por critérios compatíveis com a vontade de Deus. As normas antigas já não tinham valor. O carinho de Jesus pelas criancinhas revela o carinho de Deus pela humanidade. O discípulo do Reino sabe-se chamado a ser mediação deste amor. – Espírito de carinho, põe no meu coração sentimentos de afeto para com as crianças e os marginalizados, para os quais devo ser mediação do amor do Pai (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 28 de fevereiro de 2025

(Eclo 6,5-17; Sl 118[119]; Mc 10,1-12) 7ª Semana do Tempo Comum.

“No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher” Mc 10,6.

“Jesus pergunta pelo princípio expresso na vontade de Deus em relação ao homem e à mulher no casamento. Importa-lhe o que corresponde melhor ao ser humano. O que é realmente bom para as pessoas? O que faz com que o homem e a mulher ser tornem profundamente um ser uno? Jesus recorda-lhes a intenção original de Deus em relação ao homem e à mulher: ‘Mas no começo do mundo Deus os fez homem e mulher; por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne. Assim, eles são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu’ (10,6-9). Jesus não estabelece nenhum mandamento, ele acentua apenas que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e os destinou um ao outro. O objetivo da criação consiste na união de ambos. É uma dádiva de Deus aos seres humanos: no amor conjugal, o homem e a mulher participam do ser uno de Deus. Na sua união física é lhes dado experimentar o fim de toda a criação: tornar-se um com Deus. Mas a união física deseja também a união espiritual, a complementação mútua no caminho da hominização. Por ser essa a razão mais profunda de sua união, o homem não deve separar o que Deus uniu. Não se trata de um mandamento. Jesus está falando do sentido do casamento. O que se tornou uno deve continuar unido. Esse é o desejo mais profundo do ser humano” (Anselm Grün – Jesus, mestre da salvação – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 27 de fevereiro de 2025

(Eclo 5,1-10; Sl 01; Mc 9,41-50) 7ª Semana do Tempo Comum.

“Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa”

Mc 9,41.

“Não percamos de vista a afirmação que o Senhor faz: dar um copo de água ao que tem sede é um ato humanitário e, como tal, bom; porém, com a única bondade natural. Nós, cristãos, estamos obrigados a teologizar a bondade natural, a elevar ao ‘sobrenatural’ o próprio bem natural. Por isso, o Senhor não se contenta em dizer: ‘aquele que vos der um copo de água...’, mas acrescenta: ‘pelo fato que sois de Cristo’, isto é: porque sois de Cristo, porque sois seus discípulos, ou como dizem outras versões: ‘Aquele que vos der um copo de água em meu nome...’. a consagração batismal é uma entrega ‘total’ a Cristo; a partir do momento do nosso batismo, convertemo-nos em propriedade total e absoluta de Cristo, que irrompe em nosso ser, no mais íntimo dele e o transforma em si, converte-o em si, plenifica-o de si. Não é, portanto, possível para nós que realizemos nada senão com Cristo e para Cristo. Agora nos explicamos porque Paulo diz: ‘Eu vivo, mas não sou eu; é Cristo que vive em mim’ (Gálatas 2,20). Cristo converte-se assim, em certo sentido, em sujeito de todas as ações vitais do cristão” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 26 de fevereiro de 2025

(Eclo 4,12-22; Sl 118[119]; Mc 9,38-40) 7ª Semana do Tempo Comum.

“A sabedoria comunica a vida a seus filhos e acolhe os que a procuram” Eclo 4,12.

“A procura da sabedoria exige um envolvimento exclusivo, sabendo que ela não fica indiferente, antes entra em relação pessoal com aqueles que gastam a vida para a encontrar. Mas é um investimento bem feito, porque os benefícios reservados a quem ama a sabedoria são atrativos: a vida, a glória, a bênção e o amor do Senhor; e, finalmente, a plena posse da própria sabedoria. É precisa, porém, a constância em confiar nela, colocar-se na sua escola e segui-la ao longo do caminho da disciplina. [Compreender a Palavra] O texto refere o ensinamento do sábio intento a fazer decidir os ouvintes, em particular os jovens, a colocarem-se à procura da sabedoria. Como um bom mestre, Ben Sirá primeiro indica os benefícios que dela derivam (vv. 11-16) e depois descreve o método educativo da sabedoria (vv. 17-19). Os benefícios ‘profanos’ são alternados com os benefícios ‘religiosos’, como acontece com frequência nos textos sapienciais. Encontrar a sabedoria equivale a encontrar a possibilidade de uma vida vivida em plenitude, na alegria, na glória, na tranquilidade, é ter a capacidade de discernimento e retidão nos juízos. Mas a procura da sabedoria é também o melhor modo de prestar culto a Deus, culto que lhe agrada e que ele paga com a Sua bênção e o Seu amor. A vida que conduz à sabedoria, todavia, não é fácil de encontrar, é preciso deixar-se guiar por ela. Ela submete o seu sequaz a uma disciplina salutar, a fim de que ele deixe de lado os seus medos e se confie a ela plenamente” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Terça, 25 de fevereiro de 2025

(Eclo 2,1-13; Sl 36[37]; Mc 9,30-37) 7ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus e seus discípulos atravessaram a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso,

pois estava ensinando a seus discípulos” Mc 9,30-31a.

“No longo processo de formação, os discípulos foram sendo instruídos no modo de ser, característico de quem aderiu ao Reino. Jesus ensinou-os a serem solidários, a cultivar a união fraterna, a estarem sempre prontos para servir. Não tinham sido organizados a partir de critérios humanos de superioridade/inferioridade, pois entre eles deveria reinar a igualdade. As lições do Mestre nem sempre encontraram corações abertos para acolhê-las. Os discípulos mostravam-se reticentes em abrir mão de sua mentalidade. Daí a preocupação em saber quem, dentre eles, seria o maior. Ou seja, quem teria autoridade sobre os outros; quem seria mais importante, objeto da reverência e do respeito dos demais. Tudo ao inverso do que lhes fora ensinado! Jesus resumiu, numa frase, um princípio de ação que deveria nortear a vida do discípulo: ‘Quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos’. Esta era a pauta de ação. Ele se apresentava como Servo, e sua vida definia-se como serviço a todos, sem distinção. Nunca esteve em busca de grandeza, muito menos reduziu os discípulos à condição de escravos seus. Não se preocupou em granjear a estima e a reverência alheia, a qualquer custo. Simplesmente seguiu o seu caminho servidor, esforçando-se por remediar as carências e os sofrimentos humanos. Apresentou-se como exemplo a ser imitado! – Espírito de simplicidade, que eu não caia na tentação de buscar honrarias, porque sei que minha vocação é a de servir (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 24 de fevereiro de 2025

(Eclo 1,1-10; Sl 92[93]; Mc 9,14-29) 7ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus disse: ‘Se podes! ...Tudo é possível para quem tem fé’” Mc 9,23.

“Ter fé é sair de si mesmo, para penetrar em Deus; a partir desse momento, Deus se extravasa todo em nós e nós ficamos transformados nele. Quem crê não confia em si mesmo, mas coloca toda a sua confiança no Senhor. Davi, o rei salmista, repete continuamente em suas preces sámilcas: - Tu és minha rocha, minha salvação; em ti coloquei toda a minha confiança. Não poucas vezes também nós nos tornamos digno de repreensão do Senhor, somos dignos de que ele nos censure: ‘Homens de pouca fé’, pois à semelhança do pai do jovem possesso, mas com a diferença de que nós não o expressamos explicitamente, em nossas atitudes surge de modo inconsciente aquele ‘se podes alguma coisa’, aquele ‘talvez Deus o faça!’. Isto é, nós também temos pouca fé, muito pouca fé, e por isso devemos repetir a mesma oração daquele homem” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

7º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23; Sl 102[103]; 1Cor 15,45-49; Lc 6,27-38) *

1. Depois do paradoxal discurso das bem-aventuranças, Jesus prossegue sua fala trazendo pontos práticos para a vivência de sua proposta. Tudo se resume nessa regra de ouro: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”.

2. Uma regra que, se colocada em prática, seria suficiente para mudar o rosto da família e da sociedade em que vivemos. O Antigo Testamento já a conhecia, só que de forma negativa: “Não faça a ninguém aquilo que não agrada a ti” (Tb 4,15). Jesus a propõe de forma positiva e, de certa forma, muito mais exigente: “Faça!”.

3. Essa máxima de Jesus vem ilustrada na 1ª leitura, quando Davi poderia ter matado Saul que o perseguia, mas não o faz. Prefere que Deus mesmo lhe faça justiça. Um gesto magnânimo, mas vemos que o Evangelho é muito mais exigente em sua formulação.

4. Jesus pede que façamos o bem a quem nos odeia, que rezemos pelos inimigos... Aqui não se espera a justiça divina, mas se busca imitar a Deus que é misericordioso para com todos. Assim, amar o inimigo seria o meio de não ter inimigos...

5. Certamente nos é impossível comentar todas as recomendações que Jesus nos apresenta hoje. Podemos nos reter brevemente sobre algo que diz respeito ao nosso cotidiano, sobre o julgar: “Não julgueis e não sereis julgado. Não condeneis e não sereis condenados”.

6. Não se trata de não julgar para que os outros não lhe julguem; sabemos que na prática não é assim. Mas se trata de não julgar os outros para que Deus não nos julgue. Porque Deus usará como medida o nosso próprio julgamento. São Tiago nos desarma com uma pergunta: “Quem és tu para seres juiz do teu próximo?” (Tg 4,12). 

7. Só Deus pode julgar porque ele conhece os segredos do coração, o ‘porquê’, a intenção e o objetivo de cada ação. Mas nós, que sabemos do que se passa no coração do outro quando faz certas coisas? Que sabemos dos condicionamentos, do temperamento, da formação, dos complexos e dos medos que se carrega dentro?

8. Julgar é sempre uma ação de risco. É como lançar uma flecha com olhos fechados sem saber o que ou a quem ela atingirá. Nos expõe sermos injustos, impiedosos, obtusos. Por vezes nem mesmo nós entendemos a razão do nosso próprio agir. Nossos julgamentos são quase sempre ‘temerários’, isto é, precipitados, baseados em impressões, não em certezas.

9. Mas o discurso sobre o julgamento é delicado e complexo. Como se faz para viver sem julgar? O julgar é implícito em nós num único olhar. Não podemos observar, escutar, viver, sem fazer automaticamente uma avaliação. Um genitor, um superior, um confessor, qualquer um que tenha responsabilidade sobre outros, deve julgar.

10. O Evangelho não é ingênuo, como poderia parecer. Ele não ordena tirar o julgamento da nossa vida, mas sim tirar o ‘veneno’ do nosso julgamento. Muita coisa se mistura na nossa avaliação objetiva do fato. Ao pedir que não julguemos, logo em seguida Jesus nos pede que não condenemos. Aqui está o sentido.

11. Em si, julgar é uma ação neutra; ela pode terminar seja em condenação ou absolvição. São os juízos ‘cruéis’ que vêm banidos pelo Evangelho. Aqueles que junto com o pecado, condenam sem apelação também o pecador. Por isso que muitos rejeitam a pena de morte. 

12. Se não somos constritos pelo ofício ou real necessidade, abstenhamo-nos o máximo possível de julgar o próximo, pois fácil que em nossos juízos se insinue o ‘veneno’ que mencionamos. Mas quando isso não nos for possível e devamos julgar, tanto quanto possível apliquemos a regra de ouro que nos dá Jesus: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”.

13. Experimentemos aplicar prontamente essa regra em qualquer pequena coisa e nos daremos conta que será formidável e resolutiva em tudo.

* Com base em texto de Raniero Cantalamessa.  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 22 de fevereiro de 2025

(1Pd 5,1-4; Sl 22[23]; Mt 16,13-19) Cátedra de São Pedro.

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus;

tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” Mt 16,19.

“São duas as imagens que Mateus utiliza nessa passagem. Uma é a do poder das chaves. Quem possui a chave abre a porta para a vida. A outra imagem refere-se ao atar e desatar. Originalmente, atar e desatar significam, para os rabinos, declarar uma doutrina permitida ou proibida. Mas as palavras podem ter relação também com os atos de um juiz. Nesse caso, significam: banir ou suspender o banimento, inserir na comunidade ou excluir dela. A interpretação no evangelho de João (Jo 20,23) mostra, no entanto, que as palavras podem referir-se também ao perdão dos pecados. Por mim, preferiria interpretar as duas palavras de uma maneira pessoal. A fé anunciada por Pedro, e que deverá ser transmitida claramente pelos seus sucessores, prende-me a Cristo. Preso a Jesus, torno-me livre das amarras que tantas vezes me prendem. A verdadeira fé me desamarra, portanto, dos ídolos nocivos, de modelos de vida restritivos, do poder dos demônios que querem dominar-me. Atando-me a Jesus, liberto-me das amarras da falta de liberdade e do medo, ele me solta até dos laços envolventes do próprio ego” (Anselm Grün – Jesus, mestre da salvação – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 21 de fevereiro de 2025

(Gn 11,1-9; Sl 32[35]; Mc 8,34—9,1) 6ª Semana do Tempo Comum.    

“Chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: ‘Se alguém me quer seguir,

renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga’” Mc 8,34.

“O pré-requisito para o seguimento de Jesus consiste na disposição a renunciar a si mesmo e aos projetos pessoais, e assumir a cruz decorrente desta opção. A cruz desponta na vida do discípulo desde o momento em que opta pelo Reino. Ela não é um fato isolado em sua experiência de seguidor, nem se situa apenas no fim da caminhada. Pelo contrário, acompanha-o ao longo de todo o percurso de fidelidade ao compromisso assumido. A ordem – ‘Tome sua cruz’ – alude à morte de Jesus. Esta experiência só tem explicação a partir de sua fidelidade radical ao Pai. Porque não aceitou desviar-se do caminho traçado por ele, Jesus foi punido por seus inimigos com a morte de cruz. Desta forma, tentaram caracterizá-lo como amaldiçoado por Deus e malfeitor. Ao tomar sua cruz, o discípulo aceita, como Jesus, pautar sua vida pela absoluta fidelidade ao Pai e a seu Reino, embora devendo pagar um alto preço. Se o discípulo imagina poder ser fiel, sem atrair as iras do anti-Reino, está enganado. Por isso, ao propor o seguimento, logo Jesus adverte o discípulo, que deverá passar pela experiência de cruz. Se não está disposto a submeter-se a esta exigência, é melhor recusar o convite. Num momento de dificuldade, é possível que venha a se envergonhar de Jesus. Mas este também envergonhar-se-á dos que assim agem, quando vier na glória do Pai. Portanto, quem estiver disposto a seguir o Mestre, deverá também estar disposto a aceitar a cruz. – Espírito de perseverança, que eu jamais renuncie à cruz que assumi, quando aceitei o seguimento de Jesus. Mas dá-me forças para levá-la até o fim (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 20 de fevereiro de 2025

(Gn 9,1-13; Sl 101[102]; Mc 8,27-33) 6ª Semana do Tempo Comum.

“Ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra” Gn 9,13.

“Subdividindo a narração com três ‘Palavras de Deus’ (Deus disse: vv. 1.8.12), o texto sublinha que a bênção do Senhor é mais poderosa do que todas as obras destrutivas (vv. 1-7), porque Deus assume um compromisso particular ‘com todos os seres vivos’ (vv. 8-11): estabelece uma Aliança de que o arco-íris é sinal concreto (vv. 12-13). Além disso, o autor sagrado retomando as intuições já assinalas em Gn 1,26-31, coloca em relevo a responsabilidade da Humanidade inteira para com todas as expressões de vida (vv. 5-7). [Compreender a Palavra:] Apesar do solene compromisso de Deus a favor de cada expressão de vida presente no mundo, por causa do pecado das pessoas, fica sempre alguma coisa que não funciona nas relações entre os homens, as mulheres e os outros seres vivos (vv. 2-6). E, no entanto, isto não anula as bênçãos de Deus e a sua Aliança: Ele é o Deus fiel, que nunca tratará com os seres por Ele criados usando a violência que destrói (v. 11), pois Ele é um ‘Deus de paz’ (Tg 6,24)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 19 de fevereiro de 2025

(Gn 8,6-13.20-22; Sl 115[116B]; Mc 8,22-26) 6ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele ele passou a enxergar claramente.

Ficou curado e enxergava todas as coisas com nitidez” Mc 8,25.

“Uma das características das curas de Jesus é a proximidade. Com o cego de Betsaida não é diferente, Jesus o toma pela mão, conduz para fora do povoado, cospe em seus olhos e impõe as mãos (cf. Mc 8,22-26). Pode soar estranho Jesus cuspir nos olhos do cego. No entanto, devemos pensar no fato de que Ele é o Verbo encarnado. De sua boca vem cura e salvação. Podemos nos remeter ao Gênesis e ao sopro vital do Criador. De Jesus sai o sopro da vida, sua saliva é terapêutica. Jesus pergunta se o cego está vendo algo e ele responde que vê as pessoas como se fossem árvores andando. Este cego não é um cego de nascença, pois denomina as coisas ao redor. É interessante observar a comparação entre pessoas e árvores. No contexto bíblico, a árvore vale pelos frutos, assim como as pessoas valem pelos seus valores. Como o cego não via nitidamente, Jesus impõe as mãos sobre os seus olhos e, nesse momento, ele vê tudo claramente. Portanto, há um processo que se evidencia aos poucos. Se nos remetemos à passagem de ontem, aqui está um ensinamento para os discípulos: a iluminação espiritual é um crescimento gradual. Ao verem esta cena, é inevitável aos fiéis seguidores recordarem o Profeta Isaías que diz: ‘Dizei aos vossos corações conturbados: ‘Sede fortes e não temais. Eis que vosso Deus vem para vingar-vos, trazendo a recompensa divina. Ele vem para vos salvar, então se abrirão os olhos dos cegos, e os ouvidos dos surdos se desobstruirão [...]’ (Is 35,4s). Passo a passo, também tomamos consciência de quem é Jesus, qual o conteúdo da sua missão, qual nosso papel como seguidores do Mestre. Estamos conscientes da causa que abraçamos? Estamos exercendo o nosso discipulado na família, na Igreja, no trabalho, na escola, na faculdade, na praça, nas conversas, nas mídias, enfim, no nosso cotidiano? – Senhor, que eu creia. Que crendo, anuncie. Que anunciando transforme. Que transformando, seja um instrumento eficaz para que esta verdade seja proclamada: Jesus é cura, salvação, luz e vida! Amém” (Patrícia de Morais Mendes de Sousa – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 18 de fevereiro de 2025

(Gn 6,5-8; 7,1-5.10; Sl 28[29; Mc 8,14-21) 6ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus os advertiu: ‘Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseus

e com fermento de Herodes’” Mc 8,15.

“Os rabinos usavam a metáfora da levedura ou do fermento em um mau sentido; o Senhor, conhecedor da Lei e das expressões que costumavam dar os especialistas, emprega-a nesta circunstância com os seus discípulos. A levedura é um agente de corrupção, pela fermentação que produz. Neste sentido, diz o Senhor, que devemos afastar-nos da levedura dos fariseus. Também o apóstolo Paulo aconselha aos coríntios: ‘Purificai-vos do velho fermento (...). Celebremos, pois, a festa [pascal], não com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção...’ (1Coríntios 5,7-8). Todavia Marcos fala de um duplo fermento: o dos fariseus e o de Herodes. É porque ambos são perigosos, mas por conceitos diferentes: o fermento farisaico é o desconhecimento de Cristo e de sua missão messiânica; os fariseus ensinavam a estar muito atentos aos mínimos detalhes da Lei e descuidavam do essencial (Mateus 16,12); o próprio Senhor, em outro lugar, especifica a maldade do fermento dos fariseus, quando diz: ‘Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia’ (Lucas 12,1). O fermento de Herodes, que escandalizava com sua vida sensual. Indubitavelmente, também de nós é exigido que nos purifiquemos do velho fermento, o do pecado, para celebrarmos a festa da Eucaristia. Também nós, como os discípulos, deveremos preservar-nos da hipocrisia de quem deve ser um testemunho do Senhor; a hipocrisia que se empenha em exterioridade corresponda a uma autêntica interioridade. Cumpramos, sim, as observâncias externas de nossos compromissos religiosos; porém estejamos profundamente atentos à íntima união com o Senhor, por meio da graça e do amor” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 17 de fevereiro de 2025

(Gn 4,1-15.25; Sl 49[50]; Mc 8,11-13) 6ª Semana do Tempo Comum.

“Os fariseus vieram e começaram a discutir com Jesus. E, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu”

Mc 8,11.

“Uma ala do farisaísmo esteve em contínuo litígio com Jesus. Certos fariseus não perdiam a oportunidade de colocar-lhe armadilhas. Tentavam pegá-lo em uma palavra passível de ser mal interpretada, para poder acusa-lo diante das autoridades civis e religiosas. Jesus, porém, sempre se manteve vigilante para não se deixar enredar. Mas o que eles não aceitavam em Jesus? Entre outras coisas, a forma irreverente como se referia a Deus, chamando-o de pai; a pretensão de ser igual a Deus, ao realizar obras que só a este competia fazer; a insubmissão diante dos preconceitos religiosos; o fato de misturar-se com os pecadores, marginalizados e gente de má fama. Por sua vez, Jesus não aceitava, nos fariseus: a hipocrisia deslavada, que os levava a ensinar uma coisa e fazer outra bem diferente; a insensibilidade diante dos fracos e pequenos, a quem impunham uma religiosidade opressora; o espírito segregacionista, que lhes dava ares de superioridade; a teologia anacrônica, incapaz de adaptar-se à novidade do Reino; a manipulação da religião, reduzida a seus caprichos e interesses. O conflito ficará sem solução, até que os fariseus decidam eliminar Jesus, fazendo-o pender de uma cruz. A superação desse conflito acontecerá quando o Pai ressuscitar seu Filho, por estar do lado dele e dar-lhe razão. – Espírito de amor, faze-me acolher, de boa vontade, a pessoa de Jesus, mostrando-me sensível ao seu convite de conversão do Reino (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

6º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Jr 17,5-8; Sl 01; 1Cor 15,12.16-20; Lc 6,17.20-26)

1. Antes de adentrarmos ao texto do evangelho que nos é proposto, lembremos que cada evangelista, sem trair o sentido fundamental, desenvolve determinados aspectos em sua narrativa, adaptando-se às exigências da comunidade para a qual escreve.

2. Assim, enquanto Mateus nos apresenta oito bem-aventuranças pronunciadas por Jesus, Lucas se refere somente a quatro. Em compensação, Lucas reforça as quatro bem-aventuranças opondo a cada uma delas uma maldição, introduzida por um “ai de vós”.

3. São detalhes que não mudam minimamente a substância das coisas. Cada um dos deles, com o seu modo particular de se referir ao ensinamento de Jesus, coloca em evidência um aspecto novo, que poderia ter passado sem percebermos. O importante aqui é o significado.

4. O modo como Lucas organiza seu texto delineia dois modos de conceber a vida: um pelo reino de Deus e outro em função exclusivamente desta vida. Assim, se são felizes os pobres porque deles é o Reino do Deus, vem em contrapartida um “ai de vós” os ricos, porque já têm aqui a sua consolação.

5. Duas categorias, dois modos. À categoria dos felizes pertencem os pobres, os esfomeados, os que choram, os que são perseguidos. À categoria dos desaventurados pertencem os ricos, os saciados, os que riem, os que são elogiados.

6. Não se trata de canonizar os pobres, os esfomeados, os que choram ou são perseguidos, nem demonizar os ricos, os saciados, os que riem ou são aplaudidos. A distinção é muito mais profunda; se trata de saber o fundamento da própria segurança, sobre que alicerces se está construindo a vida: sobre o que passa ou sobre o que não passa.

7. A chave de leitura do nosso Evangelho está na 1ª leitura: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana”. “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor”. São comparados a cardos, vegetação de lugares áridos, e a árvore que cresce junto ao rio e que produz flores e frutos.

8. Viver a própria consolação é viver dentro de um círculo onde o “EU” está ao centro cercado de pessoas e coisas que lhe são simpáticas, de coisas que satisfazem suas paixões. Para cada um de nós essas coisas podem ser variáveis. E bem distante dali estão as pessoas e as coisas que não nos agradam ou que procrastinamos, mesmo sabendo a prioridade que deveríamos dar. Este modo de viver prejudica não só à vida eterna, mas a vida presente, à saúde, à família.

9. A outra forma de viver tem Deus ao centro. O “EU” acrescido de mais duas letras e com uma diferença infinita. Ao redor, e bem próximo, está a família, o trabalho, o estudo para o estudante, uma amizade a ser cultivada, uma leitura ou escuta da palavra de Deus, uma oração, o descanso e o lazer, e por aí vai. Cada coisa em seu devido lugar.

10. É como a parábola das duas casas que se constroem, uma sobre a areia e outra sobre a rocha. Construir sobre a areia é menos fadigoso. Mas sabemos o final da história quando vêm os ventos e as tempestades. Viver exclusivamente para si mesmo e suas comodidades, num primeiro momento é fácil e divertido, mas basta uma doença, uma reviravolta para que nos demos conta de ter construído sobre a areia. 

11. A Palavra de Jesus serve como advertência, a indagar-nos o estilo de vida que levamos. Possuir o reino é a posse da própria vida, de saber porque estamos nesse mundo, de qual coisa temos mais necessidade, depois do pão de cada dia.  

12. Talvez o Evangelho, com suas provocações, ofereça algo para preencher essa sensação de ‘vazio’ que tem marcado a vida de muitas pessoas em todos os tempos. E muitos se perguntam “por quê”. Seria perigoso rejeitar a sua resposta sem ao menos dar-se ao trabalho de examinar a pergunta. 

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sábado, 15 de fevereiro de 2025

(Gn 3,9-24; Sl 89[90]; Mc 8,1-10) 5ª Semana do Tempo Comum.

“Eram quatro mil, mais ou menos. E Jesus os despediu” Mc 8,9.

“Os números que aparecem nas duas histórias certamente não são números casuais. Cinco mil pães saciam 5 mil homens, e com as sobras ainda dá para encher doze cestos. Sete pães saciam 4 mil pessoas, e ainda são recolhidos sete cestos de sobras. Cinco é o número do homem. Jesus é totalmente homem. Encontrando Jesus, os homens encontram seu verdadeiro ser. Os doze cestos remetem à comunidade da Igreja e à capacidade de formar uma comunidade. Os homens que descobrem no encontro com Cristo a sua integridade tornam-se também capazes de viverem juntos e de formarem uma unidade no novo Povo de Deus. Os sete remetem à transformação que se realiza por meio de Cristo. E as 4 mil pessoas simbolizam os quatro pontos cardeais. Na última multiplicação dos pães se diz que alguns vieram de muito longe. É um símbolo dos pagãos que vêm de fora da Palestina. Ambas as multiplicações guardam em si uma dinâmica intrínseca. Uma se aplica aos judeus, que por meio de Jesus são reunidos para formar o novo Israel. Essa ideia é expressa também na acomodação das pessoas em grupos de cinquenta ou cem. É uma ordem tradicional dos acampamentos israelitas. A segunda narrativa aplica-se também aos pagãos que vêm dos quatro pontos cardeais do mundo. Esta história se passa em terras pagãs. Marcos quer mostrar com isso que Jesus estende aos próprios pagãos a salvação trazida por ele. A mesma intenção se manifesta na cura do possesso de Gerasa e na cura da mulher siro-fenícia” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 14 de fevereiro de 2025

(Gn 3,1-8; Sl 31[32]; Mc 7,31-37) 5ª Semana do Tempo Comum.

“Olhando para o céu, suspirou e disse ‘Efatá!’, que quer dizer: Abre-te!’”. Mc 7,34.

“Jesus suspira. Suspirando abre seu coração para o doente. Ele o deixa entrar em seu coração. Só depois desses cinco passos, em que Jesus transmite confiança ao doente, mostrando-lhe por gestos a verdadeira essência do falar e do ouvir, diz finalmente ao mudo: ‘Effatá’, isto é ‘Abre-te!’ (7,34). Quantas vezes me aconteceu pessoas comentarem no decorrer de uma conversa que havia dentro delas algo sobre o que ainda não podiam falar. Até fazem vislumbrar o que seja, mas não têm coragem de dizê-lo. Sinto nesse momento que não devo esperar até que elas mesmas comecem a falar. Elas precisam de um empurrão de fora: ‘Diz o que está dentro de ti! Tenha coragem! Começaste a abrir-te. Se te fechares de novo, ficarás descontente contigo mesmo’. Aquele que na conversa sugere algo para logo em seguida recuar precisa de uma ordem para se abrir. A ordem de Jesus é bem-sucedida: ‘Logo se lhe abriram os ouvidos, a língua se lhe desatou, e ele falava corretamente’ (7,35). Dentro do âmbito de confiança franqueado por Jesus, o doente pôde abrir os ouvidos, tirando as amarras que impediam sua língua de falar. Passou a ser capaz de relacionar-se. Agora pode falar realmente e não apenas balbuciar, pronunciando palavras que estabelecem contato, que criam vida, que encorajam. E pode também ouvir realmente. As pessoas que presenciaram o milagre louvam a Deus com uma palavra que lembra a criação do mundo. Deus viu que tudo o que tinha feito estava bem-feito: ‘Ele fez bem todas as coisas; faz os surdos ouvirem e os mudos falarem’ (7,37). Jesus repete o que Deus fez no princípio do mundo. Ele faz tudo bem-feito. Ele cumpre o que o Antigo Testamento diz a respeito da sabedoria. Em Jesus, a sabedoria de Deus atua em nosso mundo. A sabedoria nutre o ser humano e abre a boca dos mudos (Sb 10,21). Os pagãos percebem que o próprio Deus age por meio de Jesus; os judeus, pelo contrário, continuam ignorantes e fechados. Em Jesus se cumpre a promessa dada aos judeus: no fim dos tempos, a criação será renovada” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 13 de fevereiro de 2025

(Gn 2,18-25; Sl 127[128]; Mc 7,24-30) 5ª Semana do Tempo Comum.

“Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito impuro, ouviu falar de Jesus. Foi até ele e caiu a seus pés”

Mc 7,25.

“O encontro de Jesus com a mulher cananeia contém uma série de elementos atípicos. O Mestre encontrava-se em território pagão, dentro de uma casa, pensando poder passar despercebido. Seu anonimato foi revelado pela presença de uma mulher que, tendo ouvido falar dele, veio lançar-se lhe aos pés. Sendo mulher, estrangeira e pagã, a atitude mais natural de Jesus seria de mantê-la à devida distância, porque, segundo a tradição da época, um mestre que se prezava não contactava com mulheres, com estrangeiros, nem com pagãos. Apesar disso, o Mestre aceitou dialogar com ela, embora, tenha sido um diálogo um tanto ríspido. Jesus não mostrou nenhuma intenção de atendê-la. Mas a mulher ficou firme no seu propósito: obter a cura de sua filhinha, vítima de um espírito maligno. Tampouco se dobrou aos argumentos do Mestre, segundo os quais os destinatários de seu poder taumatúrgico eram, preferencialmente, os ‘filhos’, ou seja, os judeus. Sentia-se no direito de partilhar, pelo menos, as migalhas dos bens oferecidos aos ‘filhos’. Por isso, estava disposta a ser tratada como os cachorrinhos que comem as migalhas caídas da mesa de seus donos. Segura do que queria, e sabendo que tinha recorrido à pessoa certa, a mulher não cedeu, resultado: sua persistência foi recompensada. – Espírito de persistência, não me deixes esmorecer, quando recorro ao Senhor, por carecer de sua ajuda. Que eu também possa ver minha persistência recompensada (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 12 de fevereiro de 2025

(Gn 2,4-9.15-17; Sl 103[104]; Mc 7,14-23) 5ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: ‘Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” Mc 7,14-15.

“Para os israelitas e também para as primeiras comunidades judeu-cristãs era questão candente a impureza legal dos alimentos. Jesus deixou claro que nada existe de sujo ou impuro no exterior do homem, que somente o que seu coração suja isso é que é o mal perante os olhos de Deus. A santidade enraíza-se no íntimo; o pecado procede da vontade. Nós julgamos os homens pelo que aparentam; por isso enganamo-nos muitas vezes em nossos julgamentos. O mérito ou a malícia procedem da intenção e da vontade. Uma coisa externamente má pode não o ser por falta de conhecimento ou por falta de vontade. Uma coisa externamente boa pode ser má, por fazer-se com a intenção distorcida ou com má vontade. A santidade é própria de todos os batizados. O Concílio Vaticano II é muito claro neste ponto: ‘Na Igreja, todos, tanto aqueles que pertencem à hierarquia quanto os apascentados por ela, são chamados à santidade, conforme aquilo que diz o apóstolo: ‘Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação’ (1Tessalonicenses, 4,3). O divino Mestre e modelo de toda perfeição, o Senhor Jesus, pregou a todos os seus discípulos a santidade de vida de que ele é o iniciador e consumador: ‘Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito’ (Mateus 5,48). É, pois, completamente claro todos os fiéis, de qualquer estado ou condição, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade, e esta santidade suscita um nível de vida mais humano, inclusive na sociedade terrena. Na consecução dessa perfeição, os fiéis reúnem as forças recebidas, segundo a medida da doação de Cristo, a fim de que seguindo seus passos e feitos conformes à sua imagem, obedecendo em tudo à vontade do Pai, entreguem-se com toda a alma à glória de Deus e ao serviço ao próximo’” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 11 de fevereiro de 2025

(Gn 1,20—2,4; Sl 8; Mc 7,1-13) 5ª Semana do Tempo Comum.

“E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou: homem e mulher os criou” Gn 1,27.

“As obras dos últimos três dias da Criação têm o cunho da bênção (cf. Gn 1,22.28; 2,3). O homem e a mulher, em particular foram desde sempre desejados por Deus ‘à sua imagem e semelhança’, enquanto testemunhas do seu rosto de Criador: aparece três vezes na leitura a expressão: ‘Disse Deus’ (1,26.28.29), tal como o verbo ‘criar’ (1,27). O repouso de Deus (sétimo dia) é o ápice do hino ao Criador: o modelo do sábado para os hebreus (cf. Ex 20,8-11) e do domingo para os cristãos (cf. At 20,7.11; Ap 1,10). [Compreender a Palavra] Para quem, como povo hebreu no Exílio, se considera já um ‘cemitério de ossos secos’ (cf. Ez 37,1-14), esta palavra de Deus infunde vida e esperança: os seres vivos da natureza são criaturas, as pessoas humanas são pensadas e desejadas por Deus ‘à sua imagem e semelhança’, isto é, como verdadeiro ícone do seu rosto de Criador (origem da vida) e Pai (toma a seu cuidado os seus filhos). Desta compreensão nasce a identidade dos seres humanos (de grande valor, mas limitados enquanto criaturas) e a sua missão (humanizar o mundo), expresso na leitura de hoje com cinco imperativos, para significar a responsabilidade que Deus lhes confia no que respeita à vida. E quando os limites históricos diminuem para eles o sentido e o compromisso, podem sempre reerguer-se, graças ao repouso sabático: no sétimo dia o homem entra em profunda relação com a fonte da sua existência, haurindo dela força e orientação para avançar pelos caminhos da vida e da bênção” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Segunda, 10 de fevereiro de 2025

(Gn 1,1-19; Sl 103[104]; Mc 6,53-56) 5ª Semana do Tempo Comum.

“E, nos povoados, cidades e campos aonde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quanto o tocavam ficavam curados” Mc 6,56.

“A presença de Jesus causava alvoroço por onde ele passava. De toda parte, aparecia gente transportando doentes em macas, para depositá-los nas praças públicas, junto do Mestre, na esperança do poder fazê-los tocar no manto dele, a fim de serem curados. Este gesto de tocar estava carregado de simbolismo. O contato físico estabelecia uma ligação direta com a fonte do poder curador, possibilitando ao doente recuperar a saúde. Simbolizava a comunhão entre Jesus e aquele que deseja ser curado. Portanto, podia ser tomado como expressão da fé e da confiança no Mestre. Era uma forma de bater às portas de um mundo misterioso onde a vida era restaurada. Era, também, uma maneira de o humano aproximar-se do sagrado e estabelecer com ele um relacionamento de intimidade. De sua parte, Jesus não proibia as pessoas de tocá-lo, nem se senti incomodado com isto. Por quê? Ele sabia que tinha sido enviado para os pobres, destinatários privilegiados de sua ação. Os que buscavam tocá-lo eram pobres. Daí não ter por que irritar-se com eles. Por outro lado, se estes, ao tocá-lo, ficavam curados, tanto melhor. Isto era um sinal claro da presença do Reino na história humana, restaurando a vida. Portanto, os doentes estavam no caminho certo, quando tentavam tocar em Jesus. – Espírito de busca, coloca-me sempre no caminho de Jesus, a quem devo sempre recorrer em busca de salvação (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

5º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Is 6,1-8; Sl 137[138]; 1 Cor 15,1-11; Lc 5,1-11)

1. O Evangelho desse domingo é conhecido como o Evangelho da pesca milagrosa. Diante de uma multidão crescente, Jesus é obrigado a servir-se de uma barca de recém chegados pescadores para continuar a sua pregação; certamente notou que não havia peixes e lança um desafio a esses homens.

2. Há uma resistência e uma obediência que culmina numa grande pesca e expressão de Jesus: “Não tenhas medo! De hoje em diante, tu serás pescador de homens”. Aqui Jesus se serve de duas imagens para ilustrar a missão dos seus colaboradores: a do pescador e do pastor.

3. Para tempos sensíveis como o nosso, nessa imagem, sabemos que o peixe e a ovelha estão mais para a serventia do pescador e do pastor. Nada muito agradável. No significado evangélico, se dá o contrário: é o pescador que serve ao peixe; é o pastor que se sacrifica pela ovelha, ao ponto de dar a vida por ela. 

4. Ser ‘pescado’ aqui não é desgraça ou humilhação, mas salvação. Como alguém que está boiando em águas profundas e perigosas e é resgatado por uma boia. Mas aí poderia vir uma questão: considerando que precisemos de pastores e de pescadores, por que alguns são pescadores e pastores e outros tão somente peixe ou ovelhas? Tudo isso parece descrever uma relação de desigualdade, de superioridade.

5. É importante desfazer certo equívoco. Na Igreja ninguém é só pescador, ou só pastor e ninguém é só peixe ou ovelha. Todos somos, em momentos diferentes, um ou outro. Cristo é o único a ser somente pescador e somente pastor.

6. Antes de tornar-se pescador de homens, Pedro foi pescado e repescado muitas vezes. Ele mesmo experimenta o que significa ser uma ‘ovelha perdida’, para aprender o que significa ser um bom pastor. Ser repescado do abismo em que se meteu, para entender o que significa ser pescador de homens.

7. O próprio Santo Agostinho sabia o que isso significava ao afirmar: “Para vocês sou bispo, mas com vocês sou cristão”. O próprio Jesus deixa claro aos seus discípulos que quem quiser ser o primeiro, seja o servidor de todos.

8. Sabemos que a indicação de Jesus nem sempre foi seguida à risca. Desde a reprovação que faziam os profetas no Antigo Testamento aos maus pastores, também nossa Igreja reconhece falhas nesse campo. Jesus queria o clero para sua Igreja, não clericalismo.

9. Mas o abuso de autoridade não deve levar-nos a esquecer o heroísmo de tantos ‘pescadores de homens’ que deram a sua vida e continuam a oferecê-la no exercício de sua missão. Esse ano celebramos os cem anos do nascimento de Dom Luciano e fazemos memória de seu pastoreio.

10. E entre os sucessores de Pedro, como não recordar João Paulo II, que soube lançar suas redes para águas mais profundas, percorrendo o mundo para anunciar o Evangelho?

11. Todos nós batizados, ainda que de maneira diversa, somos pescados e pescadores ao mesmo tempo. Há muitos ambientes em que a Igreja, enquanto instituição, não chega ou se faz presente. Os leigos têm um papel fundamental também no anúncio do Evangelho seja na família, no ambiente de trabalho ou na própria sociedade.

12. Cada conversão autêntica é a história de uma passagem de pescado a pescador. Uma vez despertados para vivência da fé, podemos ajudar outros a chegar onde chegamos. Se julgamos seguro o que encontramos. Amém.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 08 de fevereiro de 2025

(Hb 13,15-17.20-21; Sl 22[23]; Mc 6,30-34) 4ª Semana do Tempo Comum.

“... vos torne aptos a todo bem, para fazerdes a sua vontade; que ele realize em nós o que lhe agradável,

por Jesus Cristo, ao qual seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” Hb 13,21.

“No final da Carta, o autor conclui a sua densa exortação sublinhando novamente a centralidade de Jesus Cristo, sob uma dupla perspectiva: em relação ao Pai, Ele é o mediador da nova liturgia de ação de graças (v. 15); em relação aos irmãos, através do Seu sangue, derramado para uma aliança eterna, Jesus torna possível na vida concreta o cumprimento pleno da vontade de Deus (v. 21). [Compreender a Palavra:] Os discípulos de Jesus são convidados, cada dia, a viver na oração e na vida fraterna a oferta de si mesmos como sacrifício espiritual. A exortação de São Paulo dirigia aos cristãos de Roma: ‘Peço-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que ofereçais os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o vosso culto autêntico’ (Rm 12,1), regressa como conclusão da Carta aos Hebreus na forma de sacrifício de louvor (v. 15) e partilha de bens (‘são estes sacrifícios que agradam a Deus’ v. 16). Sem dicotomia entre o sagrado e o profano, a vida cristã é entendida como uma liturgia ininterrupta, que celebra o dom recebido de Deus com a confissão dos lábios e com as obras de justiça (vv. 15,21); quer o reconhecimento do nome de Deus, quer o gesto da obediência (v. 17) que cumpre aquilo que Lhe é agradável. Ele é o grande Pastor do seu Povo, morto e ressuscitado, que no Seu sangue sancionou com homens a eterna Aliança” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 07 de fevereiro de 2025

(Hb 13,1-8; Sl 26[27]; Mc 6,14-29) 4ª Semana do Tempo Comum.

“João dizia a Herodes: ‘Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão’” Mc 6,18.

“O relato do destino trágico de João Batista serve de lição para os discípulos de Jesus, no exercício da missão. A liberdade, que o Precursor demonstrou, deverá ser imitada por quem está a serviço do Reino, e se defronta com tiranos e prepotentes, que intimidam e querem calar quem lhes denunciava as mazelas. Prevalecendo-se de sua condição, Herodes seduziu a mulher do irmão para se casar com ela. João Batista não teve medo de enfrentá-lo, e dizer-lhe não ser permitido conservar como esposa, quem não lhe pertencia. Sua condição real não lhe dava o direito de praticar tamanha arbitrariedade. O profeta João sabia exatamente com quem estava falando. Ele um ‘zé ninguém’, questionando uma autoridade estabelecida pelo imperador, com direitos quase absolutos sobre os cidadãos. Por isso, não lhe parecia errado atropelar o direito sagrado de seu irmão, de ter uma esposa. Por outro lado, todos conheciam muito bem o espírito violento da família de Herodes. Mesmo assim, João não hesitou em denunciá-lo publicamente. Quiçá não contasse com a ira de Herodiades, atingida também pela denúncia. Foi ela quem instigou Herodes a consumar sua maldade: decapitar a quem madara colocar na prisão, por ter-lhe lançado em rosto o seu pecado. O testemunho de João Batista inspira a quem se tornou discípulo da verdade. – Espírito de liberdade, não permitas que eu tema os grandes e prepotentes, quando se trata de denunciar-lhes os pecados e injustiças (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 06 de fevereiro de 2025

(Hb 12,18-19.21-24; Sl 47[48]; Mc 6,7-13) 4ª Semana do Tempo Comum.

“Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste;

da reunião festiva de milhões de anjos; ...” Hb 12,22.

“Extraído do primeiro parágrafo da última parte da Carta, o presente texto contrapõe à experiência religiosa do antigo Israel, sintetizada no acontecimento da Aliança (cf. Ex 24,3-8), a comunhão com Deus que caracteriza a Igreja, nova Jerusalém. À mediação de Moisés, sucede a mediação de Cristo: à tempestade e ao fogo do monte Sinai (cf. Ex 19,16.19; 20,18a), a visão de paz da cidade celeste; ao antigo temor reverencial (cf. Ex 20,18a), a festa dos anjos e santos. [Compreender a Palavra:] Há duas economias ou níveis de esperança que são postos em paralelo na primeira leitura de hoje. O confronto entre a Antiga e a Nova Aliança é, mais profundamente, um apelo a examinarmos as aspirações do nosso coração, na nossa vida de fé. Por um lado, o texto sublinha o aspecto tangível, clamoroso, altamente emotivo das imagens impressionantes do acontecimento do Sinai: a referência é feita a um tipo de relação com Deus que comove intensamente a alma, através de manifestações sensacionais do luminoso e do sagrado. Por outro, a representação da Jerusalém celeste introduz, para lá da emoção dos sentidos, na serenidade festiva do mundo transcendente. Daí deriva a advertência quanto ao aspecto impressionante da experiência religiosa, para sublinhar o valor espiritual da comunhão com o Deus vivo na comunidade dos justos, tornados perfeitos pela imolação do verdadeiro Cordeiro: nela, todos e cada um tornaram-se primogênitos, ou seja, propriedade particular de Deus, no sangue inocente do Filho amado” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 5 de fevereiro de 2025

(Hb 12,4-7.11-15; Sl 102[103]; Mc 6,1-6) 4ª Semana do Tempo Comum.

“Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: ‘De onde recebeu tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria?

E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos?” Mc 6,2.

“O saber de Jesus deixava admirados os seus contemporâneos. Especialmente quem convivera com ele, durante o longo período de vida escondida em Nazaré, perguntava-se pela origem de tanta sabedoria. Não havia explicação plausível, em se considerando sua origem familiar. Seus pais eram pessoas simples, desprovidas de recursos para oferecer-lhe uma formação esmerada, que o tornasse superior aos mestres conhecidos. Sua pregação, na sinagoga, não dava margem para dúvidas. Ele possuía, de fato, uma ciência elevada, desconhecida até então. Diante desta incógnita, os conterrâneos de Jesus deixaram-se levar pelo preconceito: não é possível que o filho de um carpinteiro, pobre e bem conhecido de todos, possua uma tal sabedoria! Sem dúvida, este preconceito escondia outro elemento muito mais sério. Quiçá desconfiassem que a sabedoria de Jesus fosse de origem espúria, por exemplo, obra do demônio. Em outras palavras: aquilo que não parecia ser coisa de Deus. A decisão de desprezá-lo e não lhe dar ouvidos decorre destas explicações. Era perigoso enveredar por um caminho contrário à fé tradicional, desviando-se de Deus. A incredulidade de sua gente deixava Jesus admirado, a ponto de decidir realizar, em Nazaré, poucos milagres. Seu povo perdia, assim, uma grande oportunidade de conhecê-lo melhor, e descobrir, de maneira acertada, a origem do seu saber. – Espírito de perspicácia, não me deixes ficar enredado em falsas questões a respeito de Jesus, a ponto de perder a ocasião de conhecê-lo mais profundamente (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Terça, 04 de fevereiro de 2025

(Hb 12,1-4; Sl 21[22]; Mc 5,21-43) 4ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: ‘Não tenhas medo. Basta ter fé!’” Mc 5,36.

“Nunca antes tivemos acesso a tantas notícias. Noticias em tempo real, filmadas, digitadas, fotografadas. Notícias de perto e de longe estão disponíveis – basta um clique, basta apertar um botão. Apesar da diversidade de notícias, a maioria é impessoal, é distante, não faz parte diretamente do nosso mundo. Como escreve Augusto Cury: ‘Falamos muito do mundo em que estamos e pouco do mundo que somos’. Porém, vez por outra, somos comunicados de coisas sobre nós mesmos e nossos familiares. Alguém conseguiu um emprego ali. Outro vai casar. Chega a notícia e convite para uma festa. Mas também recebemos notícias ruins. O médico nos avisa que estamos doentes, ou ficamos sabendo do falecimento de uma pessoa amiga. Jairo, o chefe de uma sinagoga, contemporâneo a Jesus, estava com sua filha doente. Ele ouviu notícias de que Jesus ajudava, curava, consolava. Ele, então, desesperado com a doença da filha, procura o Senhor Jesus. Porém, Jesus atende outras pessoas anteriormente. Até que chega uma notícia terrível aos ouvidos de Jairo, comunicando-lhe que sua filha havia morrido, que ele não devia mais atrapalhar Jesus, pois já era tarde demais! Porém, a morte nunca é a última notícia´. É apenas a penúltima. Jesus prontamente lhe diz: ‘Não tenha medo. Tenha fé. Não tenha medo. Basta crer!’ O fim da história é incrível. A menina volta à vida. Jesus lhe ressuscita. Virou notícia de primeira página na cidade de Jairo! Pois para nós também existe uma graciosa notícia. Jesus nos diz: ‘Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá!’ (Jo 11,25). – Poderoso Deus, Senhor da Vida e vitorioso sobre a morte. Obrigado pela notícia da ressurreição e da Vida Eterna. Ajuda-me a ser um transmissor desta graça e ajuda-me a viver superando meus medos e ansiedades, para que minha vida seja uma boa notícia ao mundo. Amém (Ismar Lambrecht Pinz – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).    

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 03 de fevereiro de 2025

(Hb 11,32-40; Sl 30[31]; Mc 5,1-20) 4ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus perguntou: ‘Qual é o teu nome? O homem respondeu: ‘Meu nome é Legião,

porque somos muitos’” Mc 5,9.

“Temos aqui uma das mais curiosas curas realizadas por Jesus Cristo. O evangelho apresenta-nos um homem possesso do demônio, a presença do poder inimigo de Deus, que é o demônio, existindo e atuando em um homem. Porém, apresentando-nos também a libertação desse homem possuído, faz-nos ver a presença de Deus em um homem, a ação do poder de Deus, que opera a salvação. O demônio tinha-se apoderado daquele homem, porém o próprio demônio confessa que eram muitos os espíritos malignos que tinham entrado nele e estabelecido sua permanência. Com efeito, o espírito do mal é múltiplo e tem muitos nomes. Espíritos do mal são o ódio que desterra o amor; a ambição que seca o coração humano; as riquezas mal adquiridas ou malconservadas, que são fonte de não poucas injustiças; a opressão que destrói a caridade; a mentira e a hipocrisia que afugentam o Espírito; a sensualidade e bem-estar que enfraquecem as forças da vontade. O homem da atualidade tem tanta necessidade quanto os possessos de outrora de que Jesus venha para expulsar tantos espíritos maus, que se instalam no coração do homem e que se instalam como legião” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Domingo da Apresentação do Senhor

 (Ml 3,1-4; Sl 23[24]; Hb 2,14-18; Lc 2,22-40)

“Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés,

Maria e José levaram Jesus à Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor” Lc 2,22.

“O rito da apresentação do menino Jesus, no Templo, tinha o mesmo sentido da consagração a Deus de todo primogênito, quer de seres humanos quer de animais. Quem era submetido ao rito passava a ser propriedade divina. Que sentido tinha oferecer a Deus quem era seu próprio dom à humanidade? Terá sido a apresentação, no caso de Jesus, mero ritualismo, desprovido de sentido? Por se tratar do Filho de Deus, essa apresentação tem sentido suplementar. Ela dá relevo especial à condição divina de Jesus, que é o Santo de Deus, nascido pela força do Espírito Santo. Sem desmerecer sua condição humana, ele se projeta para além dos limites puramente humanos. Pertence a Deus, e como Filho de Deus exercerá sua missão. A condição de consagrado aponta para seu absoluto enraizamento no Pai, sem possibilidade alguma de desviar-se do projeto dele. O coração de Jesus estava imune de idolatria. Aí só havia lugar para o Pai. A consagração, porém, não o privava de sua condição humana. Como consagrado, haveria de empenhar-se totalmente em fazer o bem, e em ajudar a humanidade a se tornar digna de sua pertença pessoal a Deus. – Espírito de consagração a Deus, dá-me forças para viver minha consagração, a fim de que, como Jesus, eu esteja totalmente enraizado no Pai e a serviço dele”. (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite