4º Domingo da Páscoa – Ano B


(At 4,8-12; Sl 117[118]; 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18).

1. O 4º domingo da Páscoa é dominado pela figura do Bom Pastor, tendo como centro o evangelho de João. Um dia de oração pelas vocações e pelo pastoreio em geral de nossas comunidades, envolvendo também todos os leigos e leigas que colaboram na obra evangelizadora.

2. Na sequência da leitura do domingo anterior, do discurso de Pedro à multidão que o seguia por causa da cura de um coxo, são agora as autoridades religiosas que o prendem e o interrogam. Pedro dá seu testemunho lembrando de como foi rejeitado o Nazareno e como este se tornou a pedra angular de uma nova edificação erguida por Deus nesse momento da história salvífica.

3. Pedro cita o salmo que rezamos em seguida nesse louvor ao modo como age Deus, capaz de reverter certas situações. Nesse confiança caminhou a Igreja e nela também somos convidados a caminhar.

4. Nesses poucos e densos versículos da 2ª leitura, João nos fala da realidade de nossa vida em Cristo a partir do batismo: nossa filiação, desde já, e nossa comunhão plena ao fim da caminhada terrena. Certamente não é algo que se pode sentir, mas essa vida que precisa atingir certo grau de desenvolvimento na fé, não pode passar despercebida ou ignorada. O que não pode ser visto se reflete no nosso pensar e no nosso agir.

5. O Antigo Testamento construiu toda uma teologia em torno do pastoreio divino e também humano, como reflexo do divino, desde seus grandes personagens, até se projetar uma promessa de um futuro pastoreio que seria retomado pelo próprio Deus, ante os fracassos humanos.

6. Na pessoa e na missão de Jesus os evangelistas reencontraram-se com essa imagem e essa profecia. Por isso Jesus pode afirmar que é o ‘Bom Pastor’. Não tanto na terna imagem traduzida por alguns artistas, mas na atitude dramática de quem é capaz de dar a própria vida.

7. Faz-se um contraponto com a figura do mercenário, daquele que ganha para olhar o rebanho, mas não se compromete de modo vital com ele, pois se atêm as regras do contrato. Nossos políticos, sem generalizações, estão abaixo desse comprometimento mínimo, pois, para eles, parece, que as regras não valem.

8. O pastoreio de Jesus é mais abrangente que a nossa limitada concepção religiosa de salvação que Deus oferece em Seu Filho. E como só há verdadeiro amor em plena liberdade, podemos compreender a entrega que Jesus faz de si, na Sua misteriosa entrega divina e também nos limites de Sua humanidade.

9. Para toda e qualquer doação nossa na vida cristã exige-se a entrega livre e amorosa como a de Jesus, para que nossos atos não sejam calculados ou ‘mercenários’, no Seu próprio dizer, pois só assim, no mistério da ressurreição que celebramos, é possível, como Jesus, retomá-la de novo.

Pe. João Bosco Vieira Leite