2º Domingo da Páscoa – Ano B


(At 4,32-35; Sl 117[118]; 1Jo 5,1-6; Jo 20,19-31)

1. O 2º domingo da Páscoa tem o mesmo evangelho como proposta de reflexão todos os anos por ser um dos eventos ocorridos naquele dia da Ressurreição e ao mesmo tempo de fatos ocorridos oito dias depois.

2. Oito dias depois, estamos nós também em torno do mesmo mistério. A alegria da ressurreição se estende tanto quanto o mistério da percepção de Sua presença entre nós a partir da fé. Tomé torna-se um referencial desse acúmulo de sentimentos. A fé não é um sentir, mas uma certeza que carregamos conosco, dizia o frei Larranaga. 

3. O diferencial litúrgico fica por conta das duas primeiras leituras. Dos Atos dos apóstolos retiramos, para cada ano, um esquema de descrição da experiência cristã das primeiras comunidades. Os Apóstolos seguem dando o seu testemunho da experiência vivida com Jesus e não só aumentam o número dos que aderem à fé em Jesus, mas também buscam imitar seu estilo de vida.

4. E era justamente esse novo estilo de vida que exercia uma forte atração numa unidade que resguardava não só a sintonia de coração, mas também dos bens que possuíam. Assim eles vão na contramão de uma sociedade competitiva, de domínio dos mais fortes sobre os mais fracos ou menos prendados, como tem caminhado sempre a humanidade.

5. Isso nos ajuda a entender o porquê essas novas comunidades de vida acabam por exercer uma certa atração sobre a juventude que questiona o estilo da nossa sociedade em relação ao que ensinou o jovem Nazareno. 

6. Certamente a narrativa traz situações excepcionais ocorridas, mas na realidade quer questionar o estilo de vida das comunidades cristãs em todos os tempos: Se leva uma vida despreocupada das realidades que a cercam.

7. Nosso segundo texto vem da I Carta de São João que acompanhará os nossos domingos pascais desse ano. Ele traz o tema do amor na perspectiva da resposta que damos a Deus observando os seus mandamentos. Uma resposta de amor.

8. É preciso compreender esse texto como dirigido aos adultos que foram batizados na Vigília Pascal, mas também a nós que renovamos o nosso batismo. O parágrafo é um tanto complexo, pois trata da dimensão do crer, amar e cumprir. Assim temos o amor ao Pai, ao Filho de Deus e aos filhos de Deus.

9. Ao mundo se vence com a fé, a fé se apoia no testemunho, o testemunho promete vida. O objeto central da discussão hoje é a fé: que se opõe ao mundo em seus critérios e é mais do que um simples assentimento intelectual, é adesão vital, ‘aceitação’ alegre, pela qual nos unimos a Jesus Cristo e dele recebemos a vida eterna.

10. O objeto da fé é Jesus Cristo, que é o Messias, o Filho de Deus, que possui e comunica vida. Assim o texto nos lança no coração do evangelho onde o episódio gravita rumo a profissão de fé feita por Tomé. As últimas palavras de Jesus, na versão original do evangelho dirige o olhar para o futuro onde os discípulos têm a função de testemunhar, como vimos na 1ª leitura, os futuros terão de aceitar esse testemunho e crer e para eles fica uma bem-aventurança especial.

 Pe. João Bosco Vieira Leite