5º Domingo da Quaresma – Ano B


(Jr 31,31-34; Sl 50[51]; Hb 5,7-9; Jo 12,20-33).

1. Mais próximos ainda da celebração da Páscoa, a liturgia da palavra nos traz esse texto de Jeremias, onde Deus promete fazer uma nova aliança com o seu povo, mas não sem antes recordar o que não deu certo no passado. A novidade é que essa nova Aliança deve partir do coração; mais que uma mera observância externa, ela parte do íntimo, da necessidade de agir corretamente, guiado pelo Espírito de Deus.

2. É a Páscoa de Cristo que nos trará essa nova compreensão da necessidade de renovação continua de nossa aliança com Deus por uma compreensão sempre maior e melhor de sua lei ou seus mandamentos.

3. Como a que nos preparar para o processo da paixão o autor da carta aos Hebreus nos fala da humanidade de Cristo, daquilo que o toca enquanto sofrimento comum a todo mortal.

4. Ele também orou diante do sofrimento, para ter a força necessária de suportar e realizar a vontade do Pai. O autor quer apenas nos lembrar que a sua encarnação foi total, ainda que fosse Deus em sua essência. Tocando a nossa humanidade e sendo por ela tocado. Dando-lhe uma compreensão do que significa ser humano, e assim melhor nos entender.

5. João nos narra um episódio que aconteceu antes da Páscoa de Jesus. Um grupo de estrangeiros quer ver Jesus. ‘Ver’, segundo João é acreditar, mais que simplesmente contemplar com o olhar. Esses homens fizeram um caminho de fé que os trouxe a esse momento. Eles representam todos os que, independente da nacionalidade buscam a Jesus. Os discípulos podem ser esse canal de apresentação.

6. O texto parece ser interrompido por uma auto apresentação de Jesus a partir do mistério da sua entrega, comparada a um grão de trigo e ao mesmo tempo uma revelação do que significa segui-lo: entrega e doação de si. Há sementes que não se pode guardar uma vida toda; ou ela se dá, se entrega à terra ou se perderá para sempre.

7. Jesus toma a palavra para pronunciar um discurso conclusivo, reunindo e afirmando vários ensinamentos. São frase breves, quase aforismos e paradoxos. Um paradoxo central percorre o desenvolvimento: a paixão é glorificação.

8. João não narra a agonia de Jesus no horto, e assim ele quer suprir tal narrativa que Jesus vive uma certa agitação interior; mesmo considerando a possibilidade de que o Pai o livre ou dispense da paixão, afirma sua vontade de enfrenta-la. Tudo se encerra com uma teofania, um trovão, uma voz.

9. A cruz de Jesus já é o julgamento desse mundo, de um poder sobre o qual Jesus já tem a vitória. A cruz, como testemunho de amor e de revelação do amor do Pai, terá força de atração universal. É o que se pode dizer ou deduzir desse emaranhado de frases soltas colocadas pelo autor.

10. O que importa para nós é que, se queremos ver Jesus, essa é a sua face que se revela para nós a partir de sua paixão. O que nos exige, desses dias de sua paixão que se aproximam, um olhar mais contemplativo, para que entendamos, a partir de dentro, de uma comunhão íntima com o Pai, o que significa seguir a Jesus.

 Pe. João Bosco Vieira Leite