(At 12,1-11; Sl 33[34]; 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19).
1. A solenidade de Pedro e Paulo é uma
oportunidade de refletirmos sobre dois aspectos da nossa Igreja. O primeiro é
de caráter estrutural, hierárquico, administrativo e sacramental. O segundo
aspecto está na sua dimensão missionária, que Cristo imprimiu na sua Igreja e
confiou aos apóstolos e a nós de levar adiante a Palavra, onde formos.
2. Contemplando a ação de Pedro e de Paulo, não nos
perdemos tanto nas coisas grandiosas que puderam realizar, mas em Cristo, que
os chamou, capacitou e sustentou na missão. Por isso que no centro da nossa
liturgia da Palavra está o questionamento fundamental: quem é Jesus? O que eles
fizeram e o que nós fazemos dependem de nosso compromisso com Ele.
3. A pergunta de Jesus se dá num local distante de
Jerusalém, centro efervescente da vida religiosa e política de Israel. Tomar
distância nos permite avaliar melhor a situação. A primeira pergunta se volta
sobre a sua influência sobre as massas. Embora fosse confundido com personagens
importantes, ninguém reconhecia sua divindade.
4. E os discípulos, tão próximos, como o veem?
Pedro prontamente reconhece a sua filiação divina, sob a moção a do Espírito e
do seu próprio compromisso com Jesus. Jesus aproveita para lançar as bases do
que futuramente viria a ser a Igreja. Ela nasce, assim, apostólica e
missionária. Sempre se exigiu, para sua unidade, uma fidelidade à sua origem.
5. Veja que tudo está sob a iniciativa do próprio
Jesus, sua é a escolha, a edificação e a proteção. A igreja nasce com essa
vocação de fazer a ligação entre o céu e a terra. A vida de Deus na vida dos
homens e vice versa, num contínuo compromisso com a vida. Tal missão comporta
um grande desafio, pois experimentará o que o próprio Jesus experimentou por
causa do Reino.
6. Os dois textos que antecedem o evangelho querem
ilustrar essa consequência do compromisso abraçado. A prisão de Pedro e o
auxílio de Deus. A missão de Paulo, em seus vários aspectos, mas consciente de
que nunca esteve sozinho, mesmo percebendo que se aproxima o fim de sua vida.
Ele sabe que Deus tem muito mais a oferecer.
7. Assim, um pouco fora das nossas realidades
diárias, contemplamos e rezamos por essa Igreja que vem atravessando séculos e
se perpetuando na história. Para fazer continuar essa travessia ela terá que
continuamente responder corretamente quem é Jesus. Mais do que palavras estão
seus gestos e capacidade de traduzir sua compreensão de quem é Jesus.
8. Não é difícil perceber que muitos dão respostas
equivocadas e insatisfatórias, seja no contato pessoal ou nesse mundo midiático
em que vivemos. Mas nós que estamos mais próximos e que procuramos nos
comprometer de alguma forma com a nossa Igreja não podemos dar uma resposta
equivocada ou insatisfatória. Que o mesmo Espírito que moveu a Pedro e a Paulo
numa resposta de vida, conduza-nos a um conhecimento sempre maior e melhor da
pessoa de Jesus.
Pe. João Bosco Vieira Leite