17º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(1Rs 3,5.7-12; Sl 118[119]; Rm 8,28-30; Mt 13,44-52).

1. Certamente já ouvimos falar de Salomão, que sucedeu a Davi no reinado sobre Israel. Sua pessoa se destacou pela habilidade política, mas particularmente pela sua sabedoria. É sobre essa sabedoria que trata a 1ª leitura de nossa missa. Ela é vista como um dom de Deus. Ele a desejou acima de todas as riquezas ou benefícios.  

2. A sua escolha já se torna sábia em sua origem, pois sendo muito jovem e tendo que conduzir um povo, estava sujeito a todas aquelas coisas e desmandos dos governantes, que bem conhecemos. Ele pede um coração compressivo, capaz de discernir entre o bem e o mal. Uma riqueza maior, que nos lança ao coração do evangelho, ao nos falar da busca do verdadeiro tesouro para nossa vida.

3. Olhando superficialmente esse mundo em que vivemos, pensamos se o plano salvífico de Deus para a humanidade ainda está acontecendo. Paulo nos diz que sim. Toda essa gama de coisas terríveis que presenciamos, e algumas nos alcançam, não escapam do plano divino.

4. Em sua sabedoria, Deus conduz os fatos para que de alguma forma, estes colaborem na realização do projeto divino. Paulo compreende que todo ser humano é chamado à salvação, mas sabe que nem todos acolherão a pregação do evangelho, pelo chamado que a Palavra realiza.

5. Pelo batismo acontece a justificação e o reconhecimento de sua filiação divina. É nesse sentido que podemos acolher o tema da ‘predestinação’.

6. Chegamos ao fim do discurso das parábolas com a escuta das parábolas do tesouro e da pérola, que contém o mesmo sentido: descobrir, vender tudo para adquirir algo de valor inestimável. Não precisamos fazer muito esforço para entender que o Reino apresentado por Jesus é esse grande tesouro. Quem descobriu o seu valor fará uma grande revolução na sua vida para abraçar a sua dinâmica.

7. Que mudanças não provocou em nossa vida a nossa fé em Jesus, o conhecimento de sua proposta de vida? E quão estranha é a nossa vida cristã para quem não tem fé? Se nada de fato mudou, se não aprendemos a abrir mão de certas coisas, se não criamos outra escala de valores, talvez não tenhamos abraçado de fato o Reino. Tentamos apenas acomodá-lo à nossa vidinha.

8. A parábola fala também de urgência em determinar-se pelo Reino, para não perder o tesouro. E da alegria própria de quem está feliz com a escolha feita. Ela pode ser fruto de uma busca ou de uma grata surpresa do caminho. Enquanto o Reino se nos apresenta como dom de Deus, por outro lado, para conquistá-lo, algum esforço se exige da nossa parte.

9. A última parábola retoma o tema do domingo anterior, onde o bem e mal se misturam e cuja separação nem sempre nos compete, pois em nós mesmos não percebemos as coisas tão bem definidas. Coisas novas e velhas se escondem no tesouro da palavra de Deus. Podemos sempre tê-la como um espelho, diz são Tiago, onde podemos contemplar o que vai bem e o que é preciso remediar em nós mesmos. 


 Pe. João Bosco Vieira Leite