(1Sm 1,24-28; Sl 1Sm 2; Lc 1,46-56)
4ª Semana do Advento.
Hoje, desse clima da realização do mistério da
encarnação do Verbo, o cântico de Maria faz eco ao canto/oração de Ana, no
Antigo Testamento. Elas sabem que o filho que delas nasceu não lhe pertence, um
é dom e o outro é o próprio Deus. Uma experiência materna marcada pelo desapego
e pela consciência de serem humildes instrumentos do Senhor, apenas servas.
Muitos pais só aprendem à duras penas que Deus tem o direito de reservar para
si alguns homens e mulheres para a seu serviço, para perceberem que também a
paternidade e maternidade é uma participação nos planos divinos para manifestar
os seus favores não a uns poucos, mas a muitos que Deus deseja salvar. Essas
mulheres da liturgia de hoje podem nos deixar desconcertados em nossa visão
limitada das coisas. Todo apego traz consigo muitos sofrimentos. A joia de
nossa liturgia de hoje é o canto de Maria, uma expressão sintética de toda
esperança do povo de Deus, onde Ele revela os verdadeiros valores que devem
reger esse mundo, e que quando tudo parece ser estranhamente impossível, fatos
vão mudando nossa perspectiva da percepção silenciosa da ação de Deus em nossa
história. “Canta, canta, povo de Deus”.
Pe. João Bosco Vieira Leite