25 de dezembro 2016 - Natal – Missa do dia

(Is 52,7-10; Sl 97[96]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-5.9-14).*

1. O profeta desconhecido que se deixa chamar de Isaias, grita a alegria do Senhor que vem ao seu povo para concluir o tempo do exílio babilônico. Depois de um longo silêncio, Deus faz ouvir de novo a Sua voz. Seu povo pode ter sido castigado, mas não rejeitado.

2. A alegria aqui proclamada é um convite a nós, que celebramos a certeza de que Ele caminha conosco, veio para o nosso meio, antecipando-nos o evangelho. Ao mesmo tempo levanta uma pergunta: porque nossas comunidades cristãs parecem ter perdido essa alegria, a ponto de não mais saber leva-la aos outros? 

3. O modo como Deus vem se manifestando e falando ao longo da história tem seu cume em Cristo Jesus, diz o autor da carta aos hebreus. Puro dom de sua benevolência em vir ao nosso encontro. Não se trata tanto do nosso esforço de elevar-nos, mas do acolhimento a esse Deus que se revela.

4. A Palavra do Filho é para nós definitiva, a dos últimos tempos, pois não vem por mediação, mas do Verbo que se encarnou no meio de nós.

5. Desse mistério se acercou João, o evangelista. Ele remonta ao mistério Trinitário, presente desde a criação do mundo, até vir ao nosso encontro. Jesus é a Palavra reveladora, que nos permite conhecer a Deus, que nos fala de Deus e fala a Deus sobre nós.

6. Jesus não é uma palavra que somente se ouve, mas que também se vê. Para isso assume a fragilidade humana e a ambiguidade da história. Ele partilha nossas experiências e se insere nas contradições humanas. Se insere na sua morte, nas suas perguntas, nos seus insucessos, para ser companheiro em nossa jornada.

7. Natal é a celebração dessa visibilidade do Deus escondido. Seu rosto se revela no amor, na misericórdia e no perdão, para com todos e particularmente os mais pobres.

8. João quer nos levar a contemplação do que Deus é capaz de fazer por nós, não tanto do que podemos fazer por Ele. A cruz será a última imagem manifestada do Seu amor que não conhece limites.

9. A partir dessa realidade, quando quisermos saber quem é Deus, devemos colocar nosso olhar em Jesus, na sua vida, nas suas palavras, nas suas opções. E quando nos propusermos a caminhar ao seu encontro, nesse mesmo Jesus descobriremos o “caminho, a verdade e a vida”.

10. Sua confiança no Pai, sua vida doada, seu movimento de vir a nós nos tira a ilusão de que salvamo-nos conservando-nos, isolando-nos. Deus é amor, o projeto do homem é amar. Este só se realiza com a saída de si. O Amor se fez carne e habitou entre nós.

* Reflexão a partir do texto de Bruno Maggioni, in Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado (Advento - Natal) – Paulus.


 Pe. João Bosco Vieira Leite