(Is 52,7-10; Sl 97[96]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-5.9-14).*
1. O profeta desconhecido que se deixa
chamar de Isaias, grita a alegria do Senhor que vem ao seu povo para concluir o
tempo do exílio babilônico. Depois de um longo silêncio, Deus faz ouvir de novo
a Sua voz. Seu povo pode ter sido castigado, mas não rejeitado.
2. A alegria aqui proclamada é um
convite a nós, que celebramos a certeza de que Ele caminha conosco, veio para o
nosso meio, antecipando-nos o evangelho. Ao mesmo tempo levanta uma pergunta:
porque nossas comunidades cristãs parecem ter perdido essa alegria, a ponto de
não mais saber leva-la aos outros?
3. O modo como Deus vem se manifestando
e falando ao longo da história tem seu cume em Cristo Jesus, diz o autor da
carta aos hebreus. Puro dom de sua benevolência em vir ao nosso encontro. Não
se trata tanto do nosso esforço de elevar-nos, mas do acolhimento a esse Deus
que se revela.
4. A Palavra do Filho é para nós
definitiva, a dos últimos tempos, pois não vem por mediação, mas do Verbo que
se encarnou no meio de nós.
5. Desse mistério se acercou João, o
evangelista. Ele remonta ao mistério Trinitário, presente desde a criação do
mundo, até vir ao nosso encontro. Jesus é a Palavra reveladora, que nos permite
conhecer a Deus, que nos fala de Deus e fala a Deus sobre nós.
6. Jesus não é uma palavra que somente
se ouve, mas que também se vê. Para isso assume a fragilidade humana e a
ambiguidade da história. Ele partilha nossas experiências e se insere nas contradições
humanas. Se insere na sua morte, nas suas perguntas, nos seus insucessos, para
ser companheiro em nossa jornada.
7. Natal é a celebração dessa
visibilidade do Deus escondido. Seu rosto se revela no amor, na misericórdia e
no perdão, para com todos e particularmente os mais pobres.
8. João quer nos levar a contemplação
do que Deus é capaz de fazer por nós, não tanto do que podemos fazer por Ele. A
cruz será a última imagem manifestada do Seu amor que não conhece limites.
9. A partir dessa realidade, quando
quisermos saber quem é Deus, devemos colocar nosso olhar em Jesus, na sua vida,
nas suas palavras, nas suas opções. E quando nos propusermos a caminhar ao seu
encontro, nesse mesmo Jesus descobriremos o “caminho, a verdade e a vida”.
10. Sua confiança no Pai, sua vida
doada, seu movimento de vir a nós nos tira a ilusão de que salvamo-nos
conservando-nos, isolando-nos. Deus é amor, o projeto do homem é amar. Este só
se realiza com a saída de si. O Amor se fez carne e habitou entre nós.
* Reflexão a partir do texto de Bruno
Maggioni, in Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado (Advento
- Natal) – Paulus.
Pe. João Bosco Vieira Leite