(Is 11,1-10; Sl 71[72]; Rm 15,4-9; Mt 3,1-12)
1. Os domingos e dias da semana do
Advento são praticamente dominados pelo profeta Isaias na 1ª leitura. O que ele
sonhou para o seu povo é o que liturgia vislumbra na ação de Jesus. Um retrato
de reconstrução da paz entre a natureza, entre os seres humanos e entre o ser
humano e Deus. Uma espécie de restauração do antigo Paraíso terrestre.
2. Concretamente esse sonho se
consolidou no reinado de Davi, Salomão e sua descendência. Mas nem todos os
ramos dessa árvore deram bons frutos. Daí ela foi cortada, até que surgisse um
novo broto. Somos nós, cristãos, esse povo novo, nascido da ação de Jesus, mas
ainda por consolidar-se. Vivemos entre o ‘já e ainda não’ de indicações da
Palavra que ainda não se tornaram vida em nós.
3. O Natal, como poeticamente insinuam
muitas propagandas desse período, ainda exigem um renascimento da nossa parte
para a consolidação da paz.
4. Paulo viveu a experiência de ajudar
a constituir esse povo novo. No seu tempo, mais do que no nosso, os conflitos
dentro das próprias comunidades eram bem acentuados. Muitas de suas cartas
trazem sempre uma busca de conciliação e algumas orientações práticas, como
essa aos romanos, que vive certa divisão interna. E como sempre, lembra quem
foi Jesus em meio a nós. Tudo é uma questão de identidade pela fé professada.
5. Outra grande figura desse tempo do
Advento é João Batista. O filho de Isabel e Zacarias aparece aqui já adulto e
com uma vocação definida. Essa figura um pouco excêntrica para o nosso tempo,
teve a missão de preparar de modo mais imediato a chegada de Jesus.
6. As pessoas confundiam João com o
profeta Elias, que segundo a tradição, deveria voltar quando o Messias
estivesse próximo de se revelar. Essa expectativa do Messias se atrelava ao fim
da dominação estrangeira, por isso ele fazia tanto sucesso, a ponto de
intimidar as autoridades de seu tempo; a estes não ‘alisava’ quando o buscavam.
7. O batismo poderia ser um sinal para
um caminho de mudança, por isso a tônica da pregação de João era a conversão
como abertura ao novo que vem. Sem ela fica difícil compreender Jesus. A imagem
do caminho aplainado resume bem esse ‘criar passagem’ para Jesus em nossa vida.
Ele vem para deixar claro que simplesmente pertencer ao povo escolhido e
observar suas leis não é suficiente.
8. Criar um caminho no coração é ser
capaz de rever certas atitudes que temos como certas, mas que na prática não
ajudam a construir o Reino anunciado por Jesus. Como diz a canção: “Natal é
tempo de rever, dá gente amar e renascer. Natal é tempo de pensar em Deus que
só nos quer salvar”. Particularmente salvar-nos de nós mesmos.
Pe. João Bosco Vieira Leite