Terça, 23 de maio de 2023

 (At 20,17-27; Sl 67[68]; Jo 17,1-11) 7ª Semana da Páscoa.

“Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste no meio do mundo. Eram teus e tu os confiastes a mim,

e eles guardaram a tua palavra” Jo 17,6.

“Após o sermão proferido aos seguidores, Jesus ora. E que oração! Estava para ser preso e crucificado, mas não choraminga, não se volta contra o mundo mau nem pede para ser libertado das garras da morte. Sua oração era só intercessão, louvor, agradecimento. Que exemplo! Mas a oração também inclui algo muito importante sobre os discípulos. Jesus diz que havia revelado o nome de Deus aos discípulos. Isso é verdade. Mas quem não sabe o nome de Deus? Ora, o Nome de Deus é Deus mesmo, ou Senhor, Javé ou vários outros que a Escritura hebraica nos apresenta. Não seria necessário que um ser viesse do céu apenas para fazer essa revelação. No entanto, Jesus a fez. E por quê? Porque para Ele revelar o nome não era um dado puramente formal. Implicava, acima de tudo isto: desvendar a natureza amorosa de Deus; por isso, o nome que Jesus mais usava em relação a Deus era ‘Pai’ e o Pai-nosso acabou se tornando a sua oração-modelo. Mas Jesus diz mais: eles eram teus e Tu os destes a mim. Eles eram de Deus porque eram crentes no Antigo Testamento, ou porque Deus os havia escolhido desde a Antiguidade? Não podemos ser taxativo quanto a uma ou outra possibilidade, mas escolho a segunda opção, pois a predestinação para o bem, ou seja, para a salvação eterna, é um fato que ocorre em conexão com a Palavra. Sem a Palavra não se pode falar em predestinação, já que predestinação é evangelho e o Evangelho está contido na Palavra. Ora, o final do texto nos diz que eles guardaram a sua Palavra. Se, então, eles guardaram a Palavra, isso nada mais indica a não ser isso: a íntima conexão entre predestinação e Palavra. Separa-las é perverte-las. Pois bem, tudo o que Jesus pediu e afirmou naquela oração. Ele o fez também em relação a nós: nós também somos de Deus e fomos dados a Jesus, pois estamos na Palavra de Deus. – Senhor Jesus, com toda a nossa fraqueza guardamos a Palavra, que não é só do Pai, mas também tua. Ajuda-nos a guardá-la com o zelo. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite