Quarta, 03 de maio de 2023

(1Cor 15,1-8; Sl 18[19]; Jo 14,6-14) Santos Filipe e Tiago Menor.

“Disse Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!’. Jo 14,8.

“Há uma outra ocasião, especialmente evidenciada, em que também entra em cena Filipe. Durante a Última Ceia, tendo Jesus afirmado que conhecer a Ele significava também conhecer o Pai (cf. Jo 14:7), Felipe perguntou com certa ingenuidade: ‘Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta para nós’ (Jo 14:8). Jesus respondeu com um tom de benévola reprimenda: ‘Faz tanto tempo que estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece, Felipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que você diz: ‘Mostra-nos o Pai?’ Você não acredita que eu estou no Pai e o Pai está em mim? .... Acreditem em mim: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditem nisso, ao menos por causa destas obras’ (Jo 14:9-11). Estas palavras estão entre as mais inspiradas do Evangelho de João. Contêm uma revelação pura e verdadeira. Ao final do prólogo de seu Evangelho, João afirma: ‘Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho único, que está junto ao Pai’ (Jo 1:18). Esta declaração, que é do Evangelista, é retomada e confirmada pelo próprio Jesus. Mas com um novo matiz. Com efeito, enquanto o Prólogo de João fala de uma intervenção explicativa de Jesus através das palavras de seu ensinamento, na resposta a Felipe, Jesus faz referência à sua própria pessoa como tal, dando a entender que é possível compreender isto não só no meio do que diz, mas, também, por meio do que simplesmente é. Utilizando o paradoxo da Encarnação, podemos afirmar que Deus concedeu-se um rosto humano, aquele de Jesus, e em consequência, a partir de então, se realmente queremos conhecer o rosto de Deus, só precisamos contemplar o rosto de Jesus. Em seu rosto vemos realmente quem é Deus e como é Deus! O Evangelista não nos diz se Felipe entendeu plenamente a frase de Jesus. O certo é que lhe dedicou completamente a sua própria vida. Segundo alguns relatos posteriores (Atos de Felipe e outros), o nosso apóstolo evangelizou primeiro a Grécia e depois a Frígia, e ali morreu, em Hierápolis, com um suplício que foi descrito como crucificação ou lapidação. Queremos encerrar nossa reflexão evidenciando o objetivo que deve ter a nossa vida: encontrar Jesus como Felipe encontrou, tentando ver nele o próprio Deus, o Pai Celeste. Se não fizermos este esforço, só veremos projetada a nossa imagem como um espelho e estaremos cada vez mais sozinhos! Em troca, Felipe nos ensina a deixar-nos conquistar por Jesus, a estar com ele e a convidar também os outros a compartilhar esta indispensável companhia. E vendo e encontrando a Deus, encontraremos a verdadeira vida” (Bento XVI – Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus – Planeta).

Pe. João Bosco Vieira Leite