(Am 6,1a.4-7; Sl 145[146]; 1Tm 6,11-16; Lc 16,19-31)
1. Poucas vezes um mesmo texto é tomado
do mesmo livro na 1ª leitura dominical. É Amós que retorna para denunciar os
que vivem no luxo e no prazer não só esquecido dos pobres e trabalhadores, mas
da própria nação. Por isso a ameaça do profeta aponta para o desterro provocado
pelos assírios. O texto vai ao encontro do evangelho numa clara censura aos que
gozam a vida esquecidos do sofrimento alheio. Tem relação com o que vivemos em
nossa pátria.
2. Na sequência que fazemos da carta a
Timóteo, bispo de Éfeso, Paulo expressa sua preocupação por pessoas que acabam
desviando os cristãos da reta compreensão do evangelho e levam um estilo de
vida nada evangélico. Paulo não só recomenda tomar cuidado, atento a doutrina
cristã, mas conservar as atitudes próprias de um cristão, mas também de um
líder da comunidade. Preocupamo-nos com essa realidade?
3. Olhando de maneira rápida a parábola
contada por Jesus poderíamos deduzir que ela nos fala do consolo do pobre na
outra vida e da condenação do rico ao inferno, como se todo pobre fosse bom e
todo rico mau. Estaria nos falando sobre o céu e o inferno? Qual o objetivo de
Jesus com essa narrativa? A princípio não é um julgamento sobre o rico ou o
pobre nem mesmo pretende falar sobre céu e inferno.
4. A linguagem usada por Jesus em sua
parábola retrata para nós a disparidade reinante nesse mundo em que vivemos. De
riquezas imensas, às misérias terríveis. A parábola fala desse desequilíbrio na
balança, que tanto fere o coração de Deus. Jesus gostaria que tivéssemos claro
que não devemos comungar com essas injustiças e desigualdades.
5. Elas podem parecer grandes e
distantes pelos olhos da mídia, mas Jesus quer que lancemos um olhar a partir
de nossas casas, de nossa realidade. Quantas vezes nossos caprichos pessoais
não privou a família de algo mais necessário ou urgente? Será que nosso coração
não ambiciona essa posição do rico esbanjador e despreocupado?
6. Nada muda, se não mudamos o nosso
modo de ver e viver as situações da vida. O rico, no seu diálogo com Abraão
gostaria que algo extraordinário mudasse o modo de viver de seus irmãos. Mas
Jesus deixa claro, ao citar Moisés e os profetas, que a Palavra de Deus é o
único modo de compreendermos a vontade de Deus e de modificarmos o nosso
coração.
7. Nesse dia em que comemoramos a
Palavra divina que está sempre no coração da nossa liturgia, permitamos que ela
não só questione nossa relação com os bens e os pobres desse mundo, mas ilumine
nossos passos nas atitudes concretas que nos garantem uma comunhão com Deus e
com os irmãos desde agora e para
sempre.
Pe. João Bosco Vieira Leite