(Nm
6,22-27; 66[67]; Gl 4,4-7; Lc 2,16-21)
1. No filme “Luz entre oceanos”, a
personagem principal faz uma alusão ao significado do nome da ilha, Janus, onde
se localiza o farol que deverá tomar conta. Dessa divindade romana, que possui
duas faces, vem o nome janeiro, para lembrar que ao iniciar um novo ano, não é
possível esquecer o passado. Ele é o deus dos inícios, das decisões e escolhas.
2. Para além de toda essa simbologia, nossa
intenção hoje aqui é pedir a bênção de Deus para o novo ano que inicia, por
isso a liturgia destaca esse texto do Antigo Testamento. É a bênção mais antiga
e solene em que se exprime a vontade de Deus, fazer do seu povo, um povo santo.
Ao mesmo se reconhece que Ele é a fonte de todo bem.
3. Um Deus próximo, de rosto amigo, a
fonte da bênção, o guarda da graça e da paz. Mas essa paz de Deus nos vem
de modo pleno em Jesus, nos revelava a festa do Natal. Paulo trata dessa nova
condição revelada por Jesus, somos filhos no Filho. O Espírito que nos faz
rezar é o mesmo que infunde sabedoria nas escolhas a serem feitas segundo o
coração de Deus.
4. Aquela que Paulo deixa no anonimato,
nos é revelada pelo evangelho: Maria, é o seu nome. Na simplicidade de um nascimento,
Deus mergulha na pobreza da condição humana. Para isso pede consentimento, pede
um corpo que ficará para sempre sinalizado como espaço onde se encontram a
imensidão de Deus e a pequenez e a fragilidade da criatura humana.
5. Por isso cantamos ao início de nossa
celebração: “Tu és a honra da humanidade”, que ficará para sempre como mãe de
Jesus, e Ele é Deus e mãe nossa.
6. O evangelho retoma a noite de Natal
com a visita dos pastores e seu compromisso de levar adiante essa alegre
notícia: Deus caminha conosco. A atitude de Maria no seu meditar, nos recorda o
modo como o silêncio e a reflexão podem nos abrir as portas para compreender e
acolher a vontade de Deus.
7. O nome que Ele assume a partir da
tradição do seu povo indica a sua missão de salvar a humanidade em seu mistério
redentor, como os orientais, podemos fazer desse nome um mantra: “Jesus,
salvador”. E aqui estamos nós, entre um ano que termina e outro que
começa, entre o tempo, que como água, escorre pelos dedos.
8. Sem essa interioridade que fez de
Maria, a mãe de Jesus, a Senhora da Luz, os fatos apenas se sucedem sem nos
darmos conta dos apelos da vida que nos apontam caminhos de mudanças
significativas.
(ver o poema de Carlos Drummond que
está na carta mensal de janeiro - CLIQUE AQUI).
Pe. João Bosco Vieira Leite