3º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Is 8,23b—9,3; Sl 26[27]; 1Cor 1,10-13.17; Mt 4,12-23)

1. Se estamos lembrados, esse texto da 1ª leitura já nos foi apresentado na noite de Natal. Ele fala da esperança do profeta de um novo rei, de um fato transformador, diante da triste realidade vivida na antiga região da Galileia. Essa grande luz brilhará não só sobre essa região, mas se expandirá ao mundo inteiro. É assim que a liturgia nos prepara ao evangelho. A luz é Jesus.

2. Jesus inicia seu ministério justamente nessa região, 700 anos depois a promessa ganha corpo. Esse fato por si só nos lembra que o modo como Deus age ultrapassa nossa noção de tempo. O fio condutor de nossa história, tecido pelo próprio Deus, nos escapa da visão. Apenas para dizer que Deus cumpre as suas promessas, ainda que essas não nos alcancem diretamente.

3. No domingo anterior Paulo havia preparado o terreno para trazer à tona os problemas enfrentados pela comunidade que chegaram a seu conhecimento. No texto aparece a clara tomada de partido na comunidade como se Cristo não fosse o centro e a razão do estarmos reunidos.

4. Nossa fé, por mais que seja alimentada pela reflexão feita por aqueles que estão à frente da comunidade ou pelos pregadores televisivos de nosso tempo, deve estar solidificada em Cristo. Todos somos frágeis e passageiros, nossa unidade deve ser buscada numa fé cada vez mais arraigada ao sentido do Reino que Jesus nos revelou.

5. Somos informados por Mateus da mudança de Jesus para a cidade de Cafarnaum; provavelmente não somente por causa da morte do Batista, também José, seu pai por adoção, havia falecido. Maria segue com ele. Mas o evangelista lê esse fato na perspectiva do cumprimento das promessas do Antigo Testamento. E apresenta Jesus como a luz que brilha para os povos, assinalando o início do seu ministério.

6. Nessa região caracterizada pela mistura de povos e pelo preconceito, Mateus deixa claro o modo como a mensagem de Jesus quer abraçar a todos, aqui, resumida nesse convite à mudança. Sem mudar o modo de pensar e agir, dificilmente a mensagem de Jesus nos alcançará na plenitude de sua luz.

7. No chamado que Jesus faz aos primeiros discípulos, Mateus nos lembra o convite que Ele faz a cada um de nós. O seu convite não só desinstala, mas também coloca em movimento. A narrativa está caracterizada pela espontaneidade, generosidade e prontidão em seguir. O que não significa desinteressar-se dos outros, sejam eles familiares ou não. Será preciso manter a devida distância de certos costumes e tradições que não se ajustam a sua Palavra. Vinho novo só vai bem num odre novo.

8. O pescar a que somos convidados traz a simbologia do resgate, de todos aqueles que se encontram envoltos em situação de perigo. O mar é símbolo do mal, das doenças e das forças inimigas. Tudo isso se traduz no agir de Jesus em favor do seu povo. Os discípulos devem imitá-lo. Mais do que palavras, Jesus deixou que seu agir falasse mais alto.



Pe. João Bosco Vieira Leite