Quinta, 26 de janeiro de 2017

(2Tm 1,1-8; Sl 95[96]; Lc 10-19) 
Santos Timóteo e Tito.

Para um melhor conhecimento dos nossos santos, veja a reflexão do ano anterior (CLIQUE AQUI). Hoje partilho com vocês a reflexão de Albert Vanhoye em “Il Pane Quotidiano dela Parola” (tradução pessoal): “Escutamos a palavra de Paulo: ‘exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste’, o dom – para nós – a vocação cristã, primeiro elo dessa corrente de dons que se sucedem na nossa vida doados por Deus.  Vou refletir sobre esse dom sob o aspecto da fraternidade, que as leituras de hoje nos apresentam e que tem duas vertentes: a simplicidade fraterna e a fidelidade fraterna. A simplicidade fraterna: não achar-se melhor que os outros, não ser ambicioso, presunçoso, mas simples e capaz de fazer-se pequeno como os outros: irmão entre os irmãos: ‘quem é o maior se coloque ao serviço do menor, quem preside se coloque a serviço de todos’. A fraternidade funda-se numa igualdade fundamental. Todos devemos reconhecer-nos iguais diante de Deus, todos necessitamos uns dos outros; ninguém pode exaltar-se acima dos outros. Nosso modelo é Jesus, que se fez verdadeiramente nosso irmão. Ele é Senhor e poderia ter feito sentir o seu poder, a sua força, a sua autoridade: colocou-me em meio a nós como quem serve. ‘Quem é maior, quem está à mesa ou quem serve? Não seria quem está à mesa? No entanto, eu estou no meio de vós como aquele que serve’. Jesus quis tomar sobre si todas as nossas provações, todas as nossas dificuldades, toda as nossas fragilidades, para ser verdadeiramente irmão nosso, diz a carta aos Hebreus, não se envergonhou de chamar-nos de irmãos, mesmo sendo inferiores a ele. Ele se abaixou o mais que pôde, tanto que ninguém se pode dizer abaixo dele. A fraternidade, a simplicidade fraterna se exprime também com afeto fraterno. Não se trata de uma igualdade jurídica, mas de uma solidariedade de afeto que vemos manifestada de vivíssimo nos sentimentos recíprocos de Paulo e Timóteo: ‘Lembro-me das tuas lágrimas (Timóteo tinha chorado quando Paulo partiu), sinto grande desejo de rever-te e assim ficar cheio de alegria’. São Paulo exprime o desejo de estar junto como irmãos que se amam muito, e é de fato um dos motivos da alegria cristã poder viver junto no afeto fraterno. Paulo, em muitas de suas cartas, chama Timóteo de ‘filho dileto’, porque o gerou na graça de Cristo por meio da pregação e do Batismo. A este aspecto de igualdade, de simplicidade fraterna no afeto, se une um aspecto mais realista, mais exigente: a fidelidade fraterna. Não é uma questão de procurar cultivar bons sentimentos. Trata-se de ser verdadeiramente solidário com os outros. Especialmente quando as coisas não vão bem. Jesus o exprime dizendo: ‘ Vós sois aqueles comigo nas minhas provações’, é isto que permite a fraternidade de subsistir. Um irmão é aquele que ajuda o próprio irmão. E Jesus se colocou em meio a nós como um irmão para ajudar-nos e ao mesmo tempo para ser ajudado por nós, quis ter necessidade de nossa ajuda fraterna e se congratula com os seus Apóstolos que permaneceram com ele apesar de todas as críticas que foram lançadas contra ele, mesmo com todos os perigos e ameaças. Eles permaneceram fielmente ao seu lado até a paixão; naquele momento Jesus se encontrou só, porque deveria realizar assim o desígnio de Deus. Do mesmo modo são Paulo pede a Timóteo colocar em prática esta solidariedade fraterna, esta fidelidade: ‘Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro’. É no momento da provação que si demostra verdadeiramente o espírito de fraternidade, quando não nos traz nenhuma vantagem mostra-se irmão, irmã daquela pessoa. Naquele momento se revela o profundo do coração, que se soma fraternalmente ao sofrimento, com uma solidariedade que vale mais que todas as manifestações superficiais: ‘mas sofre comigo pelo evangelho, fortificado pelo poder de Deus’. Todos são chamados a sofrer com Cristo, para participar plenamente do seu amor. Esta fraterna solidariedade devemos sentir em particular para com aqueles que têm maior responsabilidade, não os deixando sós quando devem assumir atribuições, estar com eles, procurar compreender com eles a situação, tomar a nossa parte no fardo comum, para o bem de todos. Se Jesus se fez nosso irmão é porque quis colocar em nós esse espírito de fraternidade, sem o qual é impossível caminhar no amor”.
  

Pe. João Bosco Vieira Leite