Epifania do Senhor – 2017

(Is 60,1-6; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12)

1Encerramos com a solenidade de hoje o tempo do Natal, mesmo que oficialmente só se encerre amanhã com a festa do Batismo de Jesus. Mas nem todos poderão participar dessa celebração. Aquele que discretamente nascera em Belém, visitado por uns poucos pastores, agora se revela a um montante maior e significativo que veio de longe, dessas buscas que fazem homens e mulheres em busca de sentido.

2. Essa ‘manifestação’ do Senhor a todos os povos é abordada primeiramente com o texto poético de Isaías sobre uma Jerusalém em ruina que agora é invadida de luz, atraindo assim todos os povos. A liturgia quer nos dizer que a restauração da fé do povo de Deus tem seu ápice na pessoa de Jesus, luz do mundo. A Igreja é a nova Jerusalém, no sentido que testemunha essa luz e agrega todos os povos.

3. Juntamente com a segunda leitura, ela quer sinalizar essa fase conclusiva de toda a caminhada de fé que a humanidade percorre no sofrimento, na luz que Jesus nos trouxe. Paulo é o novo arauto dessa boa notícia: todos são chamados a usufruir a generosidade de Deus e todo homem pode alcançar a salvação.

4. Toda essa alegre notícia parece contrastar com a narrativa de Mateus, deixando claro que Ele não foi reconhecido por aqueles que tendo a Palavra na mão e mesmo sabendo lê-la não foram ao seu encontro. Mas acima de tudo isso há uma estrela, uma luz que leva à descoberta de Cristo. Os três primeiros crentes já podem intuir, na perspectiva de Mateus que aquele Menino será um sinal de contradição.

5. Seus presentes são simbólicos: o ouro reconhece o rei, o incenso a divindade e a mirra a sua humanidade que será marcada pelo sofrimento. Tudo isso é apenas uma expressão de alegria e gratidão, gerados pela fé. Quando estamos verdadeiramente unidos a Deus, não há um dia em que não possamos por um momento, ainda que breve, experimentá-la.

6. Quando O procuramos e aderimos a Ele, o nosso melhor presente é oferecer-nos a Ele. Ao tomar a forma humana de uma criança, Ele atinge nossos corações endurecidos pelo individualismo e pela indiferença. Naquele pequeno ser revela-se a grandeza do amor de Deus, que se fez pequeno até quase mendigar a nossa ternura, o nosso amor.

7. Independente da distância geográfica ou espiritual em que nos encontramos, a fé nos coloca a caminho para evitar que a rotina e acomodação nos tire a alegria de reencontrarmos a Deus nas pequenas coisas da vida. Pequenos sinais ao longo do caminho devem nos ajudar a perceber que é hora de tomar outro rumo. Que a luz de Jesus ilumine os nossos passos.


Pe. João Bosco Vieira Leite