(At 5,27-33; Sl 33[34]; Jo 3,31-36) 2ª Semana da Páscoa.
“Aquele que acredita no Filho possui a
vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida,
pois a ira de Deus permanece sobre
ele” Jo 3,36.
“Em
que consiste essa vida eterna de que João tanto fala? Por um lado, trata-se da
vida que não pode ser destruída pela morte, que sobrevive à morte prosseguindo
pela eternidade. Mas a vida eterna não é, em primeiro lugar, a vida depois da
morte, ela já designa aqui uma nova qualidade de vida. Trata-se de uma vida que
já é vivida agora sobre o fundamento que é Deus, uma vida na qual o tempo e a
eternidade já se confundem no presente. Podemos experimentar essa vida eterna?
Quando estou totalmente presente, quando estou totalmente uno em mim, sinto a
qualidade da vida eterna. Nesse instante, o tempo e a eternidade se fundem.
Passado e presente se compactam no instante. E nesse instante sou uno comigo e
com Deus. Aí eu sinto que estou em Deus e que Deus está em mim. Aí eu toco o
verdadeiro ser. Tudo isso é uma coisa só. O que João chama de vida eterna é
semelhante àquilo que Abraham Maslow chama de ‘vivências de apogeu’. Numa
vivência de apogeu, o ser humano ingressa ‘no absoluto, se funde com ele, mesmo
que seja apenas por um breve instante’ (GRÜN, RIEDEL, 1993, p. 46). Nesse
momento, tudo se torna claro para ele. Ele vê Deus em tudo. Ele experimenta com
muita intensidade a si próprio e ao mundo. Ele toca na essência. Sente o que é
a vida em sua profundeza: vitalidade, felicidade, alegria, amor, abertura,
união. A sua consciência se alarga. Ele une em sua consciência Deus e homem,
vida e morte, céu e terra, tempo e eternidade. Ken Wilber chama esse estado de
‘consciência pura’ ou ‘consciência da unidade de tudo’ (ibid., 38)” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para
a Vida – Loyola).
Pe.
João Bosco Vieira Leite