Quarta, 9 de abril de 2025

(Dn 3,14-20.24.49.91-92.95; Sl Dn 3; Jo 8,31-42) 5ª Semana da Quaresma.

“Jesus disse aos judeus que nele tinham acreditado: ‘Se permanecerdes na minha palavra,

sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’”

Jo 8,31.

“Os judeus sentem essa afirmação de Jesus como uma censura à sua falta de liberdade. Por isso reagem. Sendo descendente de Abraão, nunca se sentiram como escravos. Mas Jesus chama a sua atenção para a falta de liberdade interna: ‘aquele que comete o pecado é escravo do pecado” (8,34). Por pecado não se deve entender aqui a não obediência aos mandamentos, e sim o apego à aparência, ao fútil, a recusa de abrir-se à verdade, de acreditar no Filho. Quem vive nas aparências torna-se escravo. A sua vida é determinada de fora. Ele não está em contato consigo próprio. E Jesus explica novamente a liberdade, agora recorrendo à imagem da união familiar. Na comunidade familiar, os escravos podiam ser mandados embora a qualquer momento. O filho, porém, permanece na casa. Daí se conclui: ‘Se, portanto, é o Filho que vos liberta, sereis realmente livres’ (8,36). Jesus, o Filho do Pai, é o homem verdadeiramente livre. Ele permanece sempre na casa do Pai. E ele nos dá a possibilidade de habitarmos constantemente na casa do Pai e de sermos livres. Só Jesus pode nos dar a verdadeira liberdade. Como devemos entender essas afirmações? Para João, Jesus é aquele que abre os olhos das pessoas para a verdadeira realidade, para a realidade de Deus. Ele liberta o homem do apego à realidade externa. Ele o coloca em contato com o verdadeiro eu. E o verdadeiro eu é livre. Não é só a verdade que nos liberta, mas, em última análise, também a fé. Quem crê está verdadeiramente livre. Ele independe da opinião dos homens. Ele enxerga mais além. Ele vê o essencial. Ele é simples. É totalmente ser. E aquele que é puro existir já não precisa orientar-se pelo que os outros pensam dele. Não precisa agarrar-se aos bens, à fama, à aparência. Ele deixa de girar em torno do passado que é a história de suas violações. Ele descansa no ser. Ele está no momento presente, na verdade e na liberdade. Ninguém o determina. Ele está simplesmente aí. Puro ser é simultaneamente verdade e liberdade” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite