(Is 49,1-6; Sl 70[71]; Jo 13, 21-33.36-38) Semana Santa.
“Jesus ficou profundamente comovido e
testemunhou: ‘Em verdade, em verdade vos digo,
um de vós me entregará’” Jo 13,21.
“A
dureza do coração de Judas impediu-o de reconhecer quem, de fato, era o Messias
Jesus. Sua decepção deveu-se ao fato de o Mestre não corresponder às suas
expectativas messiânicas. Sem dúvida, Judas imaginava-o como um Messias
glorioso, cheio de poder, líder de uma revolta contra os romanos, objeto da
admiração popular. Evidentemente, os discípulos haveriam de tirar partido da
situação, se as coisas fossem assim. O projeto de Judas não encontrou guarida
no coração de Jesus. O Mestre não buscava a própria glória, mas a fidelidade à
vontade do Pai. Seu poder era usado para servir e libertar, e não para oprimir
e dominar. Não estava tanto preocupado com os romanos, quanto com seus próprios
compatriotas, que tinham transformado a religião em instrumento de opressão.
Jesus tornara-se objeto de admiração popular, mas também vítima da perseguição
sistemática por parte de seus adversários. Nada do que Judas imaginava,
acontecia com o Mestre. Daí a sua decepção. Sua decisão de traí-lo resultou de
uma paixão precipitada. Não foi capaz de abrir mão de seu preconceito com
relação a Jesus. Por isso, não vendo realizar-se o que imaginava, Judas optou
por vender o Mestre. A atitude do discípulo traidor repete-se cada vez que os
seguidores de Jesus caem na tentação de medi-lo com os parâmetros que têm na
cabeça. É o erro fatal de quem o desconhecesse. – Espírito de despojamento,
aproxima-me de Jesus despojando-me de minhas ideias pré-concebidas, a fim de
que eu possa reconhecer o sentido de sua presença no meio de nós” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O
Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite